quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

ARTIGO - Mas será mesmo um bom filho? (Padre Carlos)



Mas será mesmo um bom filho?



Um dos grandes erros da esquerda é não ter a capacidade de se reagrupar facilmente devido sua forma de fazer política com o fígado ou achando feio tudo o que não é espelho, ou do seu grupo. Hoje ao ler a reportagem do blog do Agito Geral do meu amigo Massinha, pude entender melhor a capacidade da direita em coloca suas divergências de lado e buscar reagrupar as forças conservadoras em torno do prefeito e da continuidade do projeto burguês. Com a frase: o bom filho a casa retorna, mostra a intenção de Ivan Cordeiro, ex-secretário de Mobilidade Urbana do governo Herzem Gusmão de marchar junto com o grupo que ajudou a colocar no poder. Mas será mesmo um bom filho?
Existe um ditado que diz que “quando o navio está afundando, os ratos são os primeiros a abandoná-lo”. Dizem os especialistas que dá para perceber que o barco vai mesmo à deriva quando se vê os roedores abandonando rapidamente a embarcação. Podemos constatar nos últimos meses, como parte do grupo que apoiou o prefeito ao constatar o baixo desempenho da atual administração nas pesquisas, buscaram um caminho solo.
Gostaria de lembrar para os envolvidos neste drama ou tragédia que é mais conquistense do que grega, que outro famoso ditado diz que “cuspir no prato que comeu” é quando alguém desdenha de algo do qual já tirou proveitos. Seria cômico se não fosse trágico fazer a defesa de um governo depois de deixar claro que seu projeto seria diferente do que estava sendo aplicado.  “Eu e o prefeito temos discordância sobre os caminhos da gestão em relação ao futuro da cidade. Pensamos diferente quanto à perspectiva de pensar a cidade, de gerir, de administrar a o município”.  O objetivo da direita é formar um grupo já no primeiro turno para fazer frente ao candidato das esquerdas. Segundo Ivan, “ será mais fácil se juntar parte do grupo que dispersou”. Isto é: Arlindo, Zé Williams, Paulo William, Marcelo Melo e Rafael Nunes e etc.
Gostaríamos de lembrar aos leitores, que pior do que cuspir no prato que se comeu é ter que voltar pra comer no prato que se cuspiu. Mas, para a direita isto é menos importante do que deixar o PT voltar a governar o município. Tirando as questões éticas e ideológicas, acho que a esquerda deveria aprender como se devem vencer certas divergências.
Temos que buscar a unidade da Frente Conquista Popular e para isto, teremos de abrir mão de certas coisas, abdicar de alguns projetos pessoais. O mais importante nisto tudo é saber que estamos fazendo tudo isto, não por fraqueza, mas em nome do nosso projeto político que é a soma de todas as forças de esquerda do nosso município. Só assim poderemos sonhar mais uma vez em vê este povo sorrir.

Padre Carlos


segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

ARTIGO - Assim, se passaram sessenta anos (Padre Carlos)




Assim, se passaram sessenta anos



Não. Não vou falar do governo de Bolsonaro nem das suas maldades. Não vou falar da crise da democracia e da representação dos poderes. Não vou falar do momento complexo que o Brasil vive neste início de ano. Também não vou falar do governo de Herzem Gusmão e da demora do Partido dos Trabalhadores definir quem será seu candidato em Vitória da Conquista.    Não vou falar em nada disto porque os meios de comunicação estão cheios destes  artigos e os comentários proliferam, as análises sobrepõem-se e resta aguardar o seu desfecho – bons ou maus – se confirmem e esperar que a realidade das coisas não nos surpreenda.
   

 Se vocês permitirem, hoje vou falar do sentimento de perda e nostalgia que esta semana registei ao saber da morte de um grande companheiro que a muito não tinha notícias, amigo e irmão dos anos de chumbo. É uma geração que vai desaparecendo e, com ela, certa forma de estar, de ser, de se relacionar, de escrever, de cantar, mas, também de lutar e acima de tudo de amar. Esta perda me fez viajar nas minhas lembranças e resgar aquele momento da fundação do PT, da primeira campanha em 82 com voto vinculado, da propaganda politica que parecia uma página policial, afinal a maioria tinha sido preso político, do grupo de jovens, da militância do núcleo de base do partido e dos amigos da infância da Pituba.
       Alguns momentos da nossa vida são guardados e de vez em quando lembrados com carinho, como os que eu descrevi nos primeiros parágrafos. Um lugar que você ia, coisas que fazia pessoas que já não convive mais. Lembro-me do que se passou na minha infância e juventude, com ternura e muita emoção. E muitas vezes desejamos que tudo aquilo voltasse, nem que só por alguns momentos. "Como era bom"
       Hoje, me sinto como se quisesse reencontrar um mundo que eu pensava que ainda existia e agora descubro de forma dolorosa que acabou. A sensação é de querer rebobinar a vida e reencontrar-me com certa forma de ser e de estar que vivi nestes últimos 60 anos e que o tempo de forma cruel tragou com tanta voracidade. Neste momento, fecho os olhos e como numa oração, busco de forma desesperada ressuscitar tempos, valores, sentimentos, modelos de sociedade que sucumbiram a esta loucura cujo destino me afastou, quando entrei no seminário!
     
 Ao completar neste vinte e sete de janeiro sessenta anos, temos que agradecer a Deus por esta conquista! Outro fato importante é poder festejar também neste dez de fevereiro os quarenta anos do Partido dos Trabalhadores. Assim, convoco os menestréis   e os poetas para expressar o que eu sinto neste dia:

 Chega de saudade, A realidade, É que sem ela não há paz, Não há beleza, É só tristeza, E a melancolia, Que não sai de mim, Não sai de mim, não sai”.


domingo, 26 de janeiro de 2020

ARTIGO - Astúcia ou sabedoria do eleitor conquistense? (Padre Carlos)

Astúcia ou sabedoria do eleitor conquistense? 


A polarização que se anuncia para a eleição deste ano em nossa cidade se reflete em decorrência da política nacional bem como para muitos eleitores arrependidos, um verdadeiro recall das últimas eleições. O eleitorado de Vitória da Conquista entendeu que a polarização é melhor do que a unanimidade. Apesar de não está satisfeito com esta administração e reconhecer a importância da administração petista para o desenvolvimento do município, ele vê como positivo ter dois grupos políticos disputando a liderança dos poderes executivo e legislativo da municipalidade. Se só um tiver a hegemonia política como aconteceu durante os vinte anos que o PT governou, termina levando a sensação de que nada precisa fazer para ter a necessária legitimidade que torna a governabilidade factível. 
Os personagens desta grande disputa estão sendo obrigados a entender que precisam “mostrar serviço” sob pena de perderem apoios e não conseguirem formar uma frente que possa legitimar seus respectivos nomes. A população constatou que quanto mais dividida mais eles terão que trabalhar em prol da comunidade. Sabendo destas exigências, o prefeito buscou através da Câmara contrair um vultuoso empréstimo junto as instituições financeiras, mesmo comprometendo as finanças municipal, para cumprir uma agenda eleitoral e fazer frente ao apoio que o governador dará ao candidato da oposição. Este eleitor, entendeu que ter os governos do estado e da cidade disputando, através da atuação, sua preferência é algo que só a beneficia. 
Essa maturidade eleitoral do conquistense, já tinha sido constatada durante o Regime Militar, onde nosso município sempre se apresentou como uma trincheira da democracia. Esta ação não nega, pelo contrário, só confirma o comportamento apaixonado da população conquistense nos períodos eleitorais. Claro, como afirmamos, ele é bem mais consequência da cultura política local do que algo demandado pelos atores e partidos políticos que se apresentam neste pleito.  
Esta análise não deve ser transposta para outros processos eleitorais em outras cidades brasileiras. Eleições locais têm características e variáveis próprias que devem ser respeitadas. Vitória da Conquista se apresenta dividida e nesta divisão existe um elemento que poucos analistas podem entender; me refiro a astucia e sabedoria dos seus habitantes. 

O eleitor conquistense oferece aos atores políticos envolvidos na disputa uma sábia lição – a unanimidade pode até ser mais cômoda aos grupos políticos, mas não satisfaz aos interesses e necessidades de grande parte da população. 

Padre Carlos  
  

sábado, 25 de janeiro de 2020

ARTIGO - Na roda da vida nada se perde (Padre Carlos)

Na roda da vida nada se perde 


Acredito, que todos gostaríamos de escrever um pouco sobre suas vidas, sua história e estória que marcaram sua trajetória neste mundo e como diz o filósofo: “Foram a soma de todos os sim e não que demos ao longo da nossa vida que  constituiu a pessoa que sou hoje”. Como não fujo da regra deste desejo dos pobres mortais, vou tentar colocar um  pouco  destas minhas façanhas, na esperança que alguém um dia ao ler esta crônica possa assim lembrar um pouco deste sonhador e aprendiz de articulista. 
  Quando falamos das nossas vidas passadas e quando falo vidas me refiro as suas fases, temos que entender que as lembranças e saudades de pessoas e épocas se entrelaçam com pitadas de nostalgia. Por isto, peço ao leitor que tenha um pouco de paciência, pois não posso separar quatro coisas nesta caminhada: a família, os amigos, a Igreja e o Partido dos Trabalhadores; foram eles que em parte constituíram e conseguiram forjar o homem que me tornei. O meu destino é feito de paixões, entregas, êxitos e perdas; não é fácil contá-lo em duas ou três  frases. Suponho  que em todas  as vidas humanas há acontecimentos nos quais nossa sorte muda e em decorrência disto, nossas vidas seguem outros rumos.   Na minha isto ocorreu diversas vezes, mas um dos acontecimentos mais definitivo talvez tenha sido conhecer Gisa e o MFraC. Aquele grupo resgatou um jovem sem perspectiva alguma e apresentou uma Igreja cheia de carismas  aberta para o mundo. 
Sei que em algum lugar, perdido no passado, vivi outras vidas, seja na Pituba ou no Nordeste de Amaralina, da Paróquia Santo André ao CVX; com muitas histórias, sonhos e amores. Conheci tanta gente, aprendi e ensinei muitas lições que foram de certa forma, cravadas em minha alma. Como um jovem do Areal, tinha vários caminhos, alguns de luz, outros de trevas. E hoje, visitando minhas memórias, reencontro antigas amizades e velhos amores, formados num passado longínquo. E vou resgatando laços afetivos construídos durante minha existência nesta vida. Almas perdidas que temam de toda forma nas minhas memórias se reencontrar e embora sejam fruto das minhas lembranças, querem ganhar asas. A nossa memória está condicionada pela emoção; recordamos mais e melhor os acontecimentos que nos comovem, como o reencontro de um grande amor, a dor de uma morte próxima ou o trauma de uma perda.  
Durante muitos anos tinha a sensação que meu coração estava dividido entre Salvador e Vitória da Conquista, entre meus amigos de infância e juventude e os que conquistei na fase adulta , o  tempo e  a maturidade me fez enxergar que não havia divisão, ele tinha crescido e comportava minhas irmãs, meus amigos e minha esposa e filhas.  
Assim, aceitando Vitória da Conquista como parte da minha vida, ela se tornou meu Porto Seguro, meu Monte Tabor, onde pude também formar novos laços, conhecer novas pessoas, viver novos amores. E assim fui modelando o meu espírito, sempre na busca do aprendizado, da evolução. Na roda da vida nada se perde, tudo faz parte da nossa história eterna. 

Padre Carlos 
  

ARTIGO - Reforma política: reformar o quê, quando, para quê? (Padre Carlos)

Reforma política: 
 reformar o quê, quando, para quê? 



Apesar de não está em uma escala crescente, não podemos ignorar a onda antipetista que se abateu sobre o país e teve uma influência decisiva na última eleição. A indiferença do eleitor ao Partido dos Trabalhadores e o seu descrédito são problemas que devem ser encarados de frente. Desta forma, a apatia e a indignação que sofremos por parte de setores da sociedade, terminaram criando um desencantamento entre a população desenformada e abriram as portas aos que queriam fazer da política um instrumento dos seus próprios interesses e não da procura do bem comum. 
Temos que entender que este fato é fruto da falta de uma democracia viva e participativa. A falta de partidos confiáveis, nos quais a população se identifique e queira participar, foram um dos fatores que levaram a onda conservadora. Só partidos fortes com uma linha ideológica definida, credibilidade e qualificação poderia cumpri o papel de barrar o populismo, e proporcionar a participação dos seus militantes e simpatizante, criando assim condições favoráveis para as ideias de interesses do povo e projetos coerentes de realização do bem comum. 
A crise de identidade política que de forma perplexa temos assistido, apesar dos riscos, nos oferecem uma oportunidade para que possamos enxergar a necessidade urgente de uma reforma política de verdade. Estas mudanças começam primeiro dentro do partido antes de serem encaminhadas ao parlamento.  Estamos cometendo velhos erros, colocando remendo de pano novo em veste velha. Esta não é uma escolha e uma necessidade à qual o parlamento brasileiro não pode se abster. O PT, como partido de massas, pode e deve agarrar o desafio, tornando-se mais uma vez o primeiro dos partidos do campo popular a fazer as reformas internas necessário para proporcionar a participação, reforçar a credibilidade e promover a qualificação necessárias a uma política para o século XXI. 
O PT já demostrou mais de uma vez, que tem a vontade e as condições de liderar as reformas políticas que o país tanto precisa, mas tem também de ser reformado.  Apresentamos neste pequeno artigo, três questões que gostaríamos que os militantes refletissem como ponto de partida: participação; ética, integridade e transparência; qualificação e capacitação políticas. 
Temos o dever de liderar e restaurar a confiança dos cidadãos na ética e integridade na política. Para isso, não basta (embora seja necessário) defender o reforço dos mecanismos de combate à corrupção e a melhoria do funcionamento da justiça. É necessário alterar a cultura política e social que cria o ambiente onde estas práticas prosperam e se escondem: a ausência de transparência e os conflitos de interesse, a proximidade e a promiscuidade entre interesses públicos e privados, os partidos de aluguel, familiar ou empresarial não podem conviver com a nova ordem e tem que acabar para que a democracia possa sobreviver. 
Todo e qualquer partido deve estar a serviço do país, indicando caminhos e soluções para os problemas que lhe são colocados. À perda de representatividade dos partidos tradicionais tem a ver com os desvios de interesse constatado pelos seus eleitores. Temos a obrigação de responder com iniciativas e alterações no seu funcionamento que reforcem a participação e confiança dos cidadãos. Sem isso, sairão vencedores o populismo e o totalitarismo.  
Temos a obrigação de falar para todos: Mas neste momento, gostaria de falar para nossa militância petista.  Um dia o PT será superado, sei que surgirá uma esquerda melhor do que ele. Hoje, quem representa uma opinião pública enraizada na sociedade civil, ainda é o Partido dos Trabalhadores e por isto conta com milhões de simpatizantes, movimentos sociais e a maior central sindical do Brasil. Não chegou ainda a hora acabar.   
  
Padre Carlos 

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...