sábado, 14 de março de 2020

ARTIGO - Esta mania de escrever (Padre Carlos)



Esta mania de escrever 




Outro dia um leitor entrou no meu blog e me disse que gostava muito dos meus artigos e gostaria também de produzir alguns textos, como deveria fazer para se tornar um articulista? 
Não conheço outar forma para se tornar um articulista a não ser através da leitura e da escrita. Sim, quem quiser se aventurar na arte de produzir artigos e crônicas é necessário escrever e ler muito, para que os assuntos possam fluir.  Mas isto não é tudo, além de conhecer o assunto, se não tiver capacidade de escrever sua linha de pensamento, não vai sair nada no papel. Ouvir e estar atento, claro, são outros dois ingredientes essenciais na hora de construir uma boa narrativa. Assim, tenho por hábito partir de acontecimentos concretos do dia a dia, seja uma notícia nos blogs da nossa cidade ou uma informação na televisão, para criar os meus textos. Sim, devemos conhecer o tema sobre o qual vamos escrever e há muita informação disponível hoje em dia, online.  
  
Uso de tudo - experiência pessoal, imaginação, alguma coisa que li, alguma coisa que contaram-me, algo que ouvi de passagem num barzinho. Qualquer coisa. Mantenho os olhos abertos, sempre observando o que as pessoas estão falando e ouvindo.  
  
   Como diz Harlen Coben:  “A escrita é uma das poucas atividades em que a quantidade produz qualidade de forma quase inevitável”. Eu leio muito. Não conheço nenhum músico que não esteja sempre ouvindo música da mesma forma que não conheço nenhum articulista que não seja também um grande leitor.  
  
Na verdade, o que eu quero dizer é que o articulista tem que ser um bom leitor. Aquele que se apega aos livros acadêmicos e não lê o que outros escrevem (e aqui eu não estou falando apenas de livros, mas também blogs, colunas de jornal e assim por diante) jamais irá conhecer suas próprias qualidades e defeitos.  
  
O que eu busco é transmitir nos meus artigos é a verdade nua e crua, acho que assim você ganha a credibilidade do leitor. Não podemos esquecer, que dito desta forma, termina causando uma impressão e se torna mais profunda a informação. Minha busca e objetivo é sempre ocupar toda a alma do leitor, desimpedida e sem a distração de pensamentos secundários. Todo efeito provém do próprio assunto.   
  
Busco através dos temas teológico e filosófico, trazer para a realidade a política, a religião e afirmar para os leitores que estes temas se  discute e é por falta de uma discursão séria, que os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam pregando, conscientes de que o melhor instrumento contra a ignorância ainda  é a leitura e o saber.  
  
Padre Carlos 
  


quinta-feira, 12 de março de 2020

ARTIGO - A esquerda no divã (Padre Carlos)



A esquerda no divã 



O trauma do impeachment da Presidente Dilma vem causando na esquerda brasileira e em especial ao Partido dos Trabalhadores um tipo de dano emocional, que ocorreu como resultado daquela histórica e vergonhosa votação. Não podemos negar que de alguma forma aquele acontecimento vem influenciando o comportamento e a inercia das forças progressistas deste país. A esquerda tem que absolver as derrotas e levantar a cabeça. Precisa dialogar com o centro e com a direita, política se faz desta forma.  
Este fato que estamos vivenciando com o Partido dos Trabalhadores é muito semelhante com o que ocorreu com povo europeu após a segunda grande guerra. Trabalhar os traumas e conflitos existenciais que ficaram para traz foi a única missão de todos aqueles sobreviventes. Perguntar a um francês ou um alemão no pós-guerra algo relacionado ao período de ocupação seria uma indelicadeza, pois este assunto suscitava os demônios de um tempo de terror. 

  A experiência dolorosa que foi o golpe de 2016, criou um trauma e tem acarreta uma exasperação no campo da política. Temos que parar para refletir onde estamos errando, meu objetivo aqui é chamar atenção do leitor para uma reflexão da conjuntura e entender que falhamos e fracassámos como esquerdas e devemos reconhecer isso, fomos incapazes de dialogar com a classe política – sem autocrítica não há possibilidade de avanço. Todavia, a partir desse diagnóstico devemos nos reorganizar como um todo e pensarmos a nossa forma de ação. Pois, se falharmos nas nossas análises, também falharemos nas nossas ações. Estamos aqui alertando não só a esquerda, mas todo o campo progressista, para as graves ameaças ao sistema democrático brasileiro que, está sendo patrocinadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, na tentativa do enfraquecimento das instituições por meio do que chamou de “desmoralização”. Só na democracia poderemos enfrentar os graves problemas do Brasil, como a desigualdade regional, a pobreza e a atual crise econômica. 
  Nas democracias e nas ditaduras - sempre houve homens e mulheres que escolheram a resistência. A maioria acomoda-se, aceita, conforma-se. Mas há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não.  
Ser oposição não é, portanto, uma questão decibéis nos gritos, é um modo de vida. É uma atitude. E antes de ser uma atitude é um modo de ser. É ser radical na defesa de causas e no combate às causas que se lhe opõem. Uma coisa é certa: se a gente como esquerda e oposição a este governo abrir mão da vigilância, aí estaremos perdidos. É o caso de indagar: o que andamos fazendo como oposição no Brasil neste momento? 


Padre Carlos 
  

domingo, 8 de março de 2020

ARTIGO - Pelos direitos das mulheres. ( padre Carlos )


 Maria da Penha






 Neste 8 de março, gostaria de homenagear todas as mulher, através de uma guerreira que com sua coragem, tem salvado muitas vidas. Desta forma, chamamos a atenção do leitor, para a importância desta sobrevivente, que dedicou boa parte da sua vida para que houvesse justiça e a sociedade lembrasse através das marcas e cicatrizes do seu corpo, como ela era omissa aos crimes cometidos contra a mulher. Assim, Dona Maria da Penha, teve, e tem, um papel político, além de histórico é claro.
D. Maria da Penha foi casada com um professor universitário que em 1983 tentou assassiná-la com um tiro nas costas que a deixou paraplégica. Alguns meses depois, ele a empurrou de sua cadeira de rodas e tentou eletrocuta-la no chuveiro da casa. 

Quando criou coragem para denunciar seu agressor, Maria da Penha se deparou com uma situação que muitas mulheres enfrentavam neste caso: incredulidade por parte da Justiça brasileira.

Para julgar nossos algozes temos a pressa de uma tartaruga e para reconhecer os direitos das vítimas não saímos do papel.

O caso de Maria da Penha só foi solucionado em 2002 quando o Estado brasileiro foi condenado por omissão e negligência pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Desta forma, o marido sempre recorria da sentença e ficava em liberdade se utilizando das tais firulas jurídicas. O algoz do D. Maria só foi preso em 2002, para cumprir uma simplória pena de dois anos de reclusão.

Inspiradas pela luta de D. Maria, que viajava o Brasil contanto sua trágica história, entidades definiram uma minuta da lei esclarecendo as formas de violência doméstica e familiar contra mulheres. Elas estabeleceram, ainda, os mecanismos para prevenir e reduzir este tipo de violência, além de como deveria se proceder para prestar assistência às vítimas. Assim, em setembro de 2006 a lei 11.340 entrou finalmente. 

A lei Maria da Penha não contempla apenas os casos de agressão física. Também estão previstas as situações de violência psicológica como afastamento dos amigos e familiares, ofensas, destruição de objetos e documentos, difamação e calúnia.

No entanto, nada disso deve nos impedir de reconhecer o fantástico papel político dessa mulher tão corajoso quanto capaz. Os versos de Milton Nascimento, em “Maria, Maria” parecem ter sido feitos para ela quando dizem: “Mas é preciso ter força. É preciso ter raça. É preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo à marca, mistura a dor e a alegria”.


Padre Carlos.



sexta-feira, 6 de março de 2020

ARTIGO - Quem vai deixar uma "Herança maldita" (Padre Carlos)



Quem vai deixar uma  "Herança maldita" 








Assim que assumiu a Prefeitura, o governo Pereira tentou construir uma narrativa da “herança maldita”, forma como passou a tratar o governo que lhe antecedera, buscando criar uma falsa dicotomia, que seria o motivo de todas as dificuldades que o seu governo estaria enfrentando. 

Foi com esse discurso urdido de forma reiterada que possibilitou que ninguém percebesse o fato cristalino, o engodo magistral, a total ausência de qualquer projeto de governo da administração Pereira. 
Por “herança maldita”, o atual governo poderia estar falando do conjunto de realizações, começando na área da saúde. Aqui em Conquista, esta “herança maldita” se tornou um exemplo para todo o País, como foi a política para crianças e adolescentes, quando tirou mais de quatrocentas crianças da rua e do lixão aberto e criou o Projeto Criança Esperança, oferecendo três refeições mas, merenda na parte da manhã e tarde. Quando criou o Projeto da terceira idade para idosos. Constantemente Herzem diz que recebeu uma herança maldita quando se refere ao transporte coletivo. A atual administração recebeu o sistema de transporte na nossa cidade, operado por duas empresas que atuavam normalmente e de forma eficiente, sem problemas administrativos. Diante do caos que se tornou o sistema de transporte em nosso município, Pereira quer responsabilizar o ex-prefeito Guilherme Menezes pelos problemas que surgiram depois de 2017. 
Para entender o que realmente é uma herança maldita, vou tentar explicar ao atual prefeito: Ao assumir, em 1997, a Prefeitura de Vitória da Conquista, Guilherme encontrou uma cidade com total ausência de políticas públicas que pudessem transformar a dura realidade de sua gente. Recebeu a Prefeitura com dívidas acima de R$ 83 milhões para uma arrecadação anual inferior a R$ 30 milhões. Vitória da Conquista era então uma cidade sem crédito, quase que falida, com funcionários públicos passando todos os níveis de necessidades, sem autoestima e sem respeito. Em pouco tempo, com uma equipe de governo austera e comprometida, Guilherme sanou as dívidas da cidade, ajustou as contas com os credores e passou a pagar ao funcionalismo em dia. Desta forma restabeleceu a dignidade do Município e também de sua gente. Desde então vários avanços aconteceram a partir da iniciativa de Guilherme Menezes e do Professor José Raimundo. Serviços públicos importantes receberam a devida atenção no seu governo. Quando chegou a prefeitura em 1997, Vitória da Conquista só tinha três ginásios na área rural, no final daquele ano o município já contava com sete escolas do fundamental II, os alunos destas localidades eram condenados por aqueles que sempre governaram nossa cidade a abandonar os estudos, outros  avanços foram também importantes, como os realizados  nas áreas de finanças, saúde, moradia, cultura, meio ambiente e recursos hídricos, atenção à criança e ao idoso.   Isto é receber uma herança maldita?  

Passados quase quatro anos de governo, ainda menciona essa “herança maldita”, para não evidenciar a inoperância e incapacidade de gestão do atual governo, no enfrentamento de nossas mais sérias questões, seja de infraestrutura e em área que foram sucateadas como:  finanças, saúde, moradia, cultura, meio ambiente, atenção à criança e ao idoso.  Chegamos ao cumulo neste governo, deixar faltar até gás de cozinha nas escolas municipais bem como, pães nas creches. Muitas escolas da área rural foram fechadas e suas estradas estão abandonadas e a periferia só está  recebendo a presença dos poderes públicos porque é época de eleição. 

Se perder o mandato no final deste mês, podemos perguntar: que herança deixará o atual governo ao Professor José Raimundo?  O horizonte que se delineia para o nosso município, 2021 é dos mais inquietantes. Talvez agora saibamos o que o Prefeito e seus líderes na Câmara queriam dizer com o termo herança maldita. 

Padre Carlos 
  



terça-feira, 3 de março de 2020

ARTIGO - O papel do líder em tempos de crise. (Padre Carlos)




O papel do líder em tempos de crise.



A política em Vitória da Conquista sofre de apego ao passado. Até mesmo as forças progressistas deixaram de ser portadoras do novo. Mas nunca foi tão urgente imaginar o futuro desejado e como construí-lo. O novo está na definição ética do uso dos resultados do município, o novo é saber gerir de forma eficiente para construir a justiça, com liberdade e sustentabilidade, especialmente garantindo que os filhos dos mais pobres terão escolas com a mesma qualidade dos filhos dos ricos.
A desconexão geracional é um fenômeno de quase toda a esquerda, não é só na nossa cidade, mas a situação é mais grave quando não renovamos nossos quadros e os nossos projetos. O político lida com sonhos e utopias, por isto tem que está mais sintonizados com os novos tempos e com estes instrumentos. É isto que os seus eleitores esperam das suas lideranças, mas não só os seus eleitores, mas o que a cidade mais precisa. Essa desconexão geral com estranhamento do eleitor, pode se transformar numa mudança de paradigma.

Ao contrário dos números de pesquisas exploratórias e comentários de alguns analistas políticos – todos eles respeitáveis na nossa cidade – não me parece que as eleições de 2020 estejam caminhando a passos largos para uma polarização entre Herzem e um candidato do campo petista. É muito cedo para se tirar conclusões que afirmem essa direção, as forças políticas ainda estão começando a se movimentar com mais nitidez, a avaliação do governo Pereira não é boa quando comparada com os prefeitos anteriores e o PT. Por outro lado, com Guilherme fora da disputa, O PT perde muito do seu carisma, não dando nenhuma demonstração maior de recuperação de seu fôlego eleitoral. Um exemplo disso é a lista dos candidatos para vereadores, a falta de uma chapa para proporcional com quadros com densidade eleitoral, como puxador de votos, pode refletir no resultado da majoritária.

O modelo de disputa frontal iniciado em 1992, com a Frente Conquista Popular, brandindo suas espadas de esperança de toda uma geração - não dá mais mostra que possa ser retomado, infelizmente. Precisamos conversar, o diálogo é ainda a maior ferramenta da política e do campo democrático. Não podemos agir achando que somos Tenório Cavalcanti, pois não temos mais a capa preta, ela foi símbolo de um tempo que não existe mais.

A adesão ao discurso populista de extrema-direita chegou na nossa cidade como uma praga e tem resultado em um grave retrocesso social e político, por isto temos que agir com cautela e responsabilidade. Para isto, é preciso que nossas lideranças entendam que confiança é uma via de mão dupla. Para funcionar, líder e liderado precisam confiar uns nos outros. Somente a partir disso os resultados serão potencializados. Para construir um projeto coletivo é preciso abrir mão do nosso projeto pessoal. Assim é importante que as lideranças não pensem só no seu agrupamento e nas pessoas que estão a sua volta. O partido é maior que minha tendência, se continuar agindo assim, terminarão sozinhos com os seus amigos. Se não houver a tão esperada união dos partidos progressistas, iremos amargar outra derrota. Espera-se que o campo democrático não repita alguns erros praticados até o presente momento, mantendo-se dividido e menosprezando o avanço do fascismo representado pela direita no nosso município. Não é hora de pensarmos em projetos pessoas, mas também não é a hora de sermos tratados por algumas lideranças como se tivéssemos que acompanha-los a toque de caixa.  

Será que estamos dando o devido valor os companheiros, ou vemos estes como o adversário a ser superado. Gostaria de dizer a algumas lideranças do campo da esquerda no nosso município, que não basta ter ATITUDE de líder, AMBIÇÃO política, se não tiver alguém soprando em meu ouvido: um bom Líder tem que saber tudo sobre o que é ser liderado.


Padre Carlos




ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...