O trauma do impeachment da Presidente Dilma vem causando na esquerda brasileira e em especial ao Partido dos Trabalhadores um tipo de dano emocional, que ocorreu como resultado daquela histórica e vergonhosa votação. Não podemos negar que de alguma forma aquele acontecimento vem influenciando o comportamento e a inercia das forças progressistas deste país. A esquerda tem que absolver as derrotas e levantar a cabeça. Precisa dialogar com o centro e com a direita, política se faz desta forma.
Este fato que estamos vivenciando com o Partido dos Trabalhadores é muito semelhante com o que ocorreu com povo europeu após a segunda grande guerra. Trabalhar os traumas e conflitos existenciais que ficaram para traz foi a única missão de todos aqueles sobreviventes. Perguntar a um francês ou um alemão no pós-guerra algo relacionado ao período de ocupação seria uma indelicadeza, pois este assunto suscitava os demônios de um tempo de terror.
A experiência dolorosa que foi o golpe de 2016, criou um trauma e tem acarreta uma exasperação no campo da política. Temos que parar para refletir onde estamos errando, meu objetivo aqui é chamar atenção do leitor para uma reflexão da conjuntura e entender que falhamos e fracassámos como esquerdas e devemos reconhecer isso, fomos incapazes de dialogar com a classe política – sem autocrítica não há possibilidade de avanço. Todavia, a partir desse diagnóstico devemos nos reorganizar como um todo e pensarmos a nossa forma de ação. Pois, se falharmos nas nossas análises, também falharemos nas nossas ações. Estamos aqui alertando não só a esquerda, mas todo o campo progressista, para as graves ameaças ao sistema democrático brasileiro que, está sendo patrocinadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, na tentativa do enfraquecimento das instituições por meio do que chamou de “desmoralização”. Só na democracia poderemos enfrentar os graves problemas do Brasil, como a desigualdade regional, a pobreza e a atual crise econômica.
Nas democracias e nas ditaduras - sempre houve homens e mulheres que escolheram a resistência. A maioria acomoda-se, aceita, conforma-se. Mas há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não.
Ser oposição não é, portanto, uma questão decibéis nos gritos, é um modo de vida. É uma atitude. E antes de ser uma atitude é um modo de ser. É ser radical na defesa de causas e no combate às causas que se lhe opõem. Uma coisa é certa: se a gente como esquerda e oposição a este governo abrir mão da vigilância, aí estaremos perdidos. É o caso de indagar: o que andamos fazendo como oposição no Brasil neste momento?
Padre Carlos
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