Eleições e alternância no poder são essenciais em qualquer regime democrático. Mas, o cidadão tem que se responsabilizar pelas escolhas feitas nas urnas e não adianta arrependimento, como dizia um velho político baiano: Se paga em 4 anos o erro de um dia! E Vitória da Conquista tem vivido na pele este ditado popular. Em busca do novo, querendo experimentar novas visões administrativa, o conquistense terminou esquecendo que eleger um prefeito é fazer uma escolha de extrema importância e, ao mesmo tempo, de responsabilidade por parte de cada eleitor, pois o futuro da cidade estaria nas mãos de quem vencesse aquela disputa.
Outro ponto importante era saber que o prefeito não administraria sozinho, e por isso dependeria de apoio político dos vereadores, assim como de outras esferas governamentais, ou seja, dos governos estadual e Federal. No campo Federal pouco se conseguiu com o Presidente Michel Temer, na sua curta e tumultuada gestão. Tendo como padrinho Gedel Vieira Lima, um ex-ministro do MDB preso por corrupção, logo após as eleições municipais, não pode ajudar seu afilhado nesta empreitada de governar a Capital do sudoeste baiano. Com o Governo Estadual, seria mais fácil, mas para se manter politicamente vivo, tinha que bater nos petista e desta forma sua relação com o governador passou a ter um desgaste profundo. A ajuda destes dois últimos foi comprometida pela falta de habilidade política para que houvesse por meio de uma relação política o repasses de verbas que tanto Conquista precisa.
Por outro lado, como estaria sendo totalmente honesto com o leitor se não admitisse que as eleições em Vitória da Conquista têm se tornado um verdadeiro “FLA X FLU”. Sim, a nossa política-partidária-eleitoral conquistense, não é se o senador Otto Alencar manterá a aliança, forjada em 2010, com o atual governador Rui Costa. Não, isto não deve, não pode, ser o centro das atenções, pois não estamos tendo nenhuma revolução política no pequeno e heroico Sertão da Ressaca . Para acima e além das paixões, e dos interesses, precisamos ter claro que tudo isso é absolutamente normal. O sentido da ação dos atores e partidos políticos é a permanente luta pela hegemonia no poder. Assim, as alianças, e os rachas, são absolutamente normais. Eles se unem e se separam de acordo com as conveniências das conjunturas eleitorais. Em nossa história política podemos enumerar um sem número de casos em que relevantes atores políticos desfizeram alianças.
O atual modelo político-partidária que temos foi criado neste caso no ano de 1998, em que pese mudanças que foram sendo feitas ao longo dos períodos eleitorais que tivemos. A principal delas foi justamente à aliança entre a esquerda e o centro da direita brasileira. Aliança esta que parece caminhar para o seu fim. O que importa observarmos é que os grupos políticos sobrevivem aos rachas. Às vezes, achamos que os rompimentos são fruto da insanidade dos políticos. Mas, em geral, nos enganamos. Aos rachas e rompimentos precede todo um jogo de bastidores. Os apaixonados e as vivandeiras de plantão só saem às ruas depois que seus chefes políticos autorizam. Como dizia o velho Suassuna: Não sei, só sei que é assim!
Padre Carlos