A história da esquerda e o PT
Uma das heranças que o PCB terminou, incorporando inconscientemente, na esquerda brasileira, foi a tese da “unidade ideológica”, que determina que as minorias não poderiam se constituir em frações organizadas, hoje mesmo com o direito de representação das tendências no PT, esta máxima foi incorporada nos governos petistas, ele ainda vive no inconsciente e comportamento dos grupos hegemônico do Partido quando o assunto é a participação na estrutura do governo do estado.
Por essa ótica, não haveria divergências no seio de uma organização, tudo deveria ser resolvido através da aplicação do controverso sistema de centralismo democrático, um eufemismo encontrado pelos comunistas para aliar, em um mesmo local, discussão democrática e imposição de ideias, ou seja, se não fosse possível encontrar o consenso através da discussão, ele instalar-se-ia através da imposição. O que interessava era ter o consenso. Caso a divergência persistisse, os discordantes deveriam ser sumariamente expulsos da organização. Essa concepção foi determinante para a falta de democracia interna que sempre acompanhou o PCB. Tornou-se prática comum no partido, em praticamente toda sua existência, e mais fortemente entre as décadas de 1940 e 1960, a expulsão de membros que divergiam das posições teóricas e políticas do Comitê Central.
A falta de democracia passou a ser em outro âmbito, na participação da estrutura de poder. Quando são questionados nas instancias locais, responsabilizam a SERIN por tudo que acontece omitindo a participação das lideranças locais pelas indicações. Hoje sofremos uma dificuldade em formar uma chapa forte para proporcional devido esta política. Não vou citar nomes para preservar os companheiros, mas alguns quadros que hoje estão no partido da base de Rui que eram ou poderiam está compondo com a gente nesta eleição, não vão fazer parte desta chapa por causa desta política de asfixiar de forma política, as correntes menores e os companheiros independentes.
Quando falo das correntes minoritária do PT não me refiro aqueles grupos que em 2005 aproveitaram-se dos primeiros ataques ao partido e passaram a chamar sua direção de mensaleiro. Lembro de companheiros aqui mesmo em Conquista me parando na rua e dizendo que eu votaria no mensalão. Não fizeram em momento algum a defesa do partido, queriam aproveitar o forte ataque da imprensa e da burguesia sobre o Governo Lula para assaltar o partido. Falo do grupo que permaneceu lutando e carregando esta estrela, refiro-me aquelas pessoas que comeram poeira nas eleições de Wagner e Rui e nunca foram lembrados e reconhecidos pelo partido.
A eleição de Vitória da Conquista deste ano oferece uma rica oportunidade para entendermos de uma vez que a política de “unidade ideológica” ficou no séc. passado. O aprimoramento do processo democrático petista tem que passa por todas as correntes. A participação destes companheiros não pode ficar reduzida nos momentos eleitorais. O partido é mais do que os mandados regionais. Assim, estas forças precisam ser ouvidas e serem convidas a sentar à mesa. Em um exame rápido, duas reflexões despontam: que na política nada é definitivo e que o tempo correto para a tomada de decisões é determinante no êxito eleitoral.
Existem um ditado que diz que o reconhecimento político vem atrás no trabalho e de uma militância dedicada ao partido. Correto? Não, errado. Errado, porque enquanto alguns militantes fazem muito, outros apesar de não terem a mesma militância, terminam sendo valorizado por outros motivos. Diante de tudo isto por que não sair do partido? Ser petista hoje é complicado definir. Acredito que requer muita “dureza”, mas, também, muito jogo de cintura. O diabo é descobrir como ter princípios sem ser ingênuo, como ser pragmático sem ser oportunista. Não tenho a receita, não tenho os algoritmos para solucionar este problema, nem resposta para esta pergunta.
Mais uma coisa eu tenho certeza, eu ainda acredito neste partido ele para mim ainda representa o sonho da esquerda, nos dias atuais, ser petista significa defender os direitos humanos, os direitos das minorias. Lutar, como sempre lutei, por justiça social.
Padre Carlos
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