domingo, 15 de março de 2020

ARTIGO - Em mais um ato de irresponsabilidade. (Padre Carlos)



Em mais um ato de irresponsabilidade.  
  
Neste domingo o país ficou chocado com o comportamento do presidente Jair Bolsonaro ao cumprimentar apoiadores no Palácio do Planalto que levantavam a bandeira do fechamento do Congresso Nacional e  da nossa maior Corte da Justiça. Com este gesto impensado ou nada responsável termina cometendo dois graves erros que pode lhe custar muitos dividendos político e uma imagem de uma autoridade sem preparo para assumir tamanha responsabilidade. Sua participação, além de ferir a Constituição não é recomendado por conta da pandemia do coronavírus. 
Diante deste comportamento gostaria que o leitor fizesse comigo uma abordagem filosófica sobre a importância da autoridade ter uma postura ética, diante da função que exerce. Desta forma, vamos abordar a questão da autoridade e a responsabilidade.  
A responsabilidade é a chave da porta de entrada no terreno da autoridade presidencial. Uma não conseguiria existir sem a outra; desta forma, podemos dizer que autoridade e responsabilidade, devem coexiste no mesmo espaço. Existe uma combinação mais perfeita do que autoridade/responsabilidade? Não existe autoridade irresponsável; quando a irresponsabilidade chega é porque a autoridade já se esvaiu ou se foi. Refletir sobre a ideia de autoridade a partir de sua associação indissolúvel com a ideia de responsabilidade pode ser um recurso interessante. Uma autoridade sempre responde pelos outros. Quem não quer assumir responsabilidades pelo outro não pode exercer qualquer tipo de autoridade. Os gestos de extrema irresponsabilidade, do presidente Jair Bolsonaro passou todos os limites nesta manhã de domingo (15) postando vídeos de apoiadores aglomerados em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador. Assim, agindo desta forma o presidente esquece   como o exercício do poder relaciona-se diretamente com a necessidade de responder pelas ações dos outros, a responsabilidade é um dever inerente ao exercício do cargo.  
 O que me impressiona mais e ver a inercia das forças democráticas e o oportunismo de algumas lideranças. Com este comportamento, termina legitimando o estado policial do ódio e do medo que acompanha a ação política dos seus seguidores pedindo o fechamento do Congresso e do STF. Além da irresponsabilidade política, ao deixar o isolamento no Alvorada e abraçar manifestantes em meio a um surto de coronavírus, termina desautorizando seu Ministro e brinca com a saúde pública dos seu povo.           

A relação entre direitos e responsabilidades também é interessante a pasta da Presidência da República. A garantia dos direitos dos cidadãos que se encontra na Constituição que seus seguidores querem rasgar é responsabilidade, é dever do Estado proteger; por outro lado, é direito do Estado que o cidadão assuma suas responsabilidades, que cumpra seus deveres cívicos. No que se refere ao poder, a autoridade pressupõe um poder legitimamente constituído, mas nem todo poder advém de uma só autoridade.  Assim como somente pode ser excêntrico aquele que vislumbra só um centro de poder.  Somente é tolerado ser irresponsável quem não tem o dever de responder pelos outros e pela Nação. Em compensação, cada um de nós é absolutamente responsável por tudo o que advém de tal âmbito: somos responsáveis até – e principalmente – pelos nossos atos irresponsáveis. 

Padre Carlos 


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