segunda-feira, 7 de setembro de 2020

ARTIGO - Precisamos de uma missão (Padre Carlos)

 


Precisamos de uma missão

 


Uma das coisas que mais chamava a minha atenção como teólogo e filósofo quando exercia o ministério sacerdotal, era a preocupação que boa parte dos meus antigos paroquianos começavam a ter sobre a velha questão do sentido da vida; da falta de fé e o medo da morte. Estas reflexões levavam a certeza da nossa finitude e que nossas vidas precisavam ter um proposito, um sentido e mesmo se tratando de uma comunidade rural, começavam a ter consciência que era necessário dar um sentido, uma resposta a sua existência. Quando a nossa fé nos interroga, devemos responder as estas questões não com o intelecto, com certeza teológica, mas com simplicidade e leveza da alma, na certeza que somos responsáveis por nossas vidas, como disse Santo Agostinho: temos livre arbítrio para escolher ou como disse Sartre: o homem está condenado a ser livre, mas, é também responsável por tudo que fizer. Desta forma, o homem se projeta para o mundo, sabendo das consequências que esta liberdade acarreta em suas existências.

 


São estas reflexões que nos levam a certeza da nossa finitude mas, não de uma finitude qualquer, ela nos leva a busca de uma causa que represente o nosso sagrado, ou o nosso código de ética para que realmente tenha condições de representar algo que dê sentido à nossa existência e não um ser que simplesmente encerre a vida. A certeza da nossa finitude, abre a discussão e põe o grande enigma em evidência: a morte, esta é assunto inevitável em uma abordagem, seja de caráter filosófico ou teológico. É preciso entendermos nossa vida é preciso dar sentido a nossa existência, ela carece de utopia já que a morte é inevitável.

 

         Quando perdemos alguém especial, terminamos despedindo de uma parte de nós mesmo e temos que apreender a conviver com a saudade e as lembranças que ficaram, isto tudo é muito doloroso. Mas não podemos esquecer que a morte também tem sua dimensão pedagógica, ela existe para lembrarmos que morreremos um dia e por esta razão, não podemos ficar adiando nossas ações até o infinito. Se fossemos imortais, nunca teríamos a necessidade realizá-las logo. Assim, a finitude, a temporalidade, não é apenas uma nota essencial da vida humana, ela é também constitutiva do seu sentido e está fundada em seu caráter irreversível. Daí, que só se pode entender a responsabilidade que o homem tem pela vida quando a referimos à temporalidade, à vida que só vive uma única vez. Como bem disse o poeta Vinicius: “ Feito essa gente que anda por aí brincando com a vida. A vida é pra valer. E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom. Ninguém vai me dizer que tem. ”

 


Nesta caminhada do meu presbitério, constatei que muitos fiéis após a perda de um ente querido, ficavam inseguros e sem saber se a sua vida ainda tinha algum sentido. O que importa numa situação como esta, é acreditar na sua capacidade de continuar vivendo, sabendo inclusive que parte do sentido da vida está, precisamente, em superar interiormente a infelicidade, em crescer com ela. Nada há de mais apropriado para  vencer ou superar suas dificuldades do que ter a consciência de que tem uma missão a cumprir na vida.  Neste sentido, penso que minha missão é antes de tudo, está comprometido com a luta por Justiça no mundo, jamais me imaginei de mãos dadas com os fariseus – mesmo porque, bom que se diga, foram os que detinham e detém o poder político, econômico e religioso que mataram Jesus e hoje, em nossos dias, defendem em seu projeto de sociedade questões conservadoras que aprofundam mais e mais a pobreza e a injustiça.


sábado, 5 de setembro de 2020

ARTIGO - Aprendemos com os nossos Próprios Erros? (Padre Carlos)

 


 

 

 

As administrações petistas na nossa cidade sempre se destacaram pelos bons índices de aprovação alcançados nos vinte anos em que esteve à frente do governo municipal, tanto nas pesquisas de opinião pública, quanto no meio empresarial e nas camadas mais populares. Guilherme Menezes foi eleito em 96 com cerca de 56,7% dos votos. O que deixa claro que foi uma eleição apertada.

Mesmo a cidade sitiada por lixo, a votação da direita foi considerável e os votos para a chapa proporcional revelavam isto. Não só conseguia a maioria no parlamento, mas, faziam uma oposição acirrada para voltar ao poder. Assim, não podemos deixar de avaliar que as forças de direita sempre estiveram vivas e esperaram o momento certo para deslocar parte da base que este projeto conseguiu aglutinar, para enfraquecer o seu oponente.

  


Nesta gestão, aconteceu uma evolução significativa do nível de popularidade do partido e dos seus gestores, criando assim as condições necessárias para transformar Vitória da Conquista em uma das cidades mais prospera do Norte e Nordeste do país. 
    Em pouco tempo, com uma equipe de governo austera e comprometida, sob o comando do Professor Wilton Cunha, o Governo Participativo conseguiu sanear as dívidas da cidade, ajustou as contas com os credores e passou a pagar ao funcionalismo em dia. Desta forma restabeleceu a dignidade do Município e também de sua gente. Desde então vários avanços aconteceram a partir da iniciativa de Guilherme Menezes e do Professor José Raimundo. Serviços públicos importantes receberam a devida atenção, e os avanços foram efetivos nas áreas de finanças, saúde, educação, moradia, cultura, meio ambiente e recursos hídricos, atenção à criança e ao idoso.

         A solidez do prestígio da administração petista era tão considerável que, apesar de enfrentar partidos consolidados na cidade e toda a força da máquina administrativa do Governo ACM, não abalava seu projeto de governo.  Mas o que aconteceu com esta máquina de voto? Avaliando hoje os nossos erros, podemos afirmar que eles não se diferenciam dos grandes problemas enfrentado pela esquerda quando permanece muito tempo no poder, segundos os cientistas políticos, distancia-se da sua base e passar a acreditar que o voto de opinião e suas realizações lhes bastam.

         Uma das coisas que tenho observado é que temos aprendidos mais com os erros de Herzem do que com os nossos. Acredito que o partido se torna maduro quando é capaz de olhar os seus erros de frente e crescer com ele. O erro faz parte do crescimento de grupos e de pessoas, ele tem uma profunda dimensão pedagógica para o partido e as suas lideranças. Todavia, isso não é desculpa para se persistir no erro, ao contrário, é uma oportunidade para enxergarmos de forma diferente, extraindo dele todo o aprendizado que pode nos proporcionar um retorno seguro ao comando da capital do Sudoeste.

        


Temos que buscar uma aliança com nossos parceiros antes do segundo turno. Conversar com o PSB e o PSD é fundamental para trazer votos que jamais poderíamos alcançar. A conversa com o PCdoB é importantíssima, nunca este partido se preparou tanto como tem feito nesta eleição com  grandes quadros  e uma chapa proporcional que dá inveja a qualquer legenda. Além da importância deste partido, não podemos deixar de buscar um entendimento com estes dois partidos em razão da importância do voto de centro e de centro direita.

O erro sempre pode nos ensinar algo. Ele não é fim, mas pode ser sempre a possibilidade para um novo começo.

 

 


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

ARTIGO - A solução é renovar? (Padre Carlos)

 


 

 

 

A solução é renovar?

 




Quando Eça de Queiroz falou que "os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão", não queria dizer que renovar fosse a única solução para todos nossos problemas.


Quando ouvimos certos discursos por renovação da Câmara de Vereadores da nossa cidade, fico pensando nos motivos que são apresentados por certos eleitores: precisamos renovar! Como assim, trocar essas pessoas só por que têm mandato? A questão não pode ser tirar por tirar porque estão exercendo um mandato, tem mais a ver com uma questão de renovar as ideias. Somos a favor da renovação, mas a renovação precisa ser menos ingênua. Tem que renovar mais ideias do que propriamente trocar pessoas o tempo todo.

A gente reclama muito dos nossos vereadores, da qualidade técnica e política dos nossos representantes e temos toda razão em fazer isso, mas a discussão está em outro lugar, na capacidade que a gente tem de olhar para os bons políticos e avaliar o trabalho dele, e punir o mau trabalho.

Se por um lado os novos parlamentares tendem a carregar ideias mais arejadas, por outro a política não é feita apenas de boas ideias. Não podemos esquecer, que os vereadores mais antigos conhecem os meandros da política os ritos formais necessários para que essas ideias se concretizem, o que os novos ainda desconhecem. Minha experiência na vida política leva a crer que a mistura entre novatos e experientes é salutar.


Precisamos acabar com o preconceito de achar que o parlamento além de uma vocação não seja também uma profissão na política. Como um bom profissional, ele tem que se dedicar várias horas do dia estudando e se informando como muito rigor. Assim, queremos chamar a atenção das chapas majoritária e das grandes lideranças da nossa cidade, que um parlamentar que se profissionaliza, além de ser um grande quadro para o partido e para o projeto de governo deste, é também um bom político. Só os bons parlamentares, sabem como a Câmara funciona, como os projetos são aprovados,  não dependem dos assessores a todo momento. Se ficarmos trocando estes quadros o tempo todo, substituindo o tempo inteiro, [a política] vai ficar nas mãos das burocracias e não do eleito.


terça-feira, 1 de setembro de 2020

ARTIGO - Convenção presencial e a insensatez (Padre Carlos)

 



 

 

Convenção presencial e a insensatez



Quando tomei conhecimento através da imprensa local que o prefeito Herzem Gusmão vai realizar a convenção do seu partido de forma presencial, não acreditei.  Se não estivéssemos vivendo uma crise sanitária, não seria problema algum, mas realizar uma convenção presencial e promover aglomeração neste momento, no mínimo é um gesto insensato. Vivenciamos uma das piores pandemias da nossa história e este vírus, tem tirada milhares de vida; além disso, ainda não existe cura nem uma vacina que possa amenizar este perigo. Assim, não me parece um gesto sensato, realizar um evento como este, principalmente se tratando da autoridade máxima do município.


Chamamos a atenção do Ministério Púbico para os números de óbitos que vem acontecendo em nosso município. Somente no mês de agosto foram 45 óbitos, por conta deste vírus. Em julho foram 39 e as outras 16 mortes aconteceram entre abril e junho. Diante destes números, poderíamos dizer que estamos vivenciando o pico da pandemia e que ela está em escala crescente.

 O número de casos ativos está subindo significativamente e juntar jovens e pessoas mais velhas, como se espera que aconteça na Convenção do MDB, no dia 9 de setembro, comporta “vários riscos”. Não precisa ser matemático para fazer uma projeção se encontrasse uma ou mais pessoas infectadas no local.

 A autorização da realização de uma convenção como esta, onde se propaga a presença de personalidades nacional, não deixa de ser uma banalização a todo o trabalho já feito até agora. Este evento na forma de aglomeração é um ato de desrespeito e de desprezo pelo povo conquistense. Nem mais nem menos: desrespeito e desprezo.



Primeiro, por parte do MDB, que não tem a decência nem a sensibilidade para abdicar, de uma convenção presencial nem um ato político, num contexto verdadeiramente difícil para sua gente.



        Desprezo, porque foram mais de cem mortes provocadas pelo coronavírus e todo o esforço que a comunidade tem feito, pode ser de alguma forma perdido.

Neste momento de dor, não basta decretar luto oficial é preciso gestos concretos. Municípios, estados e União erraram. A disputa política se sobrepôs aos interesses da sociedade.

 

 


domingo, 30 de agosto de 2020

ARTIGO - A esquerda do Brasil é “tão autoritária quanto à direita. (Padre Carlos)

 

 

A esquerda do Brasil é “tão autoritária quanto à direita.


 

 

           Quando estudamos filosofia política e fomos forjados nos anos de chumbo, terminamos tendo uma visão mais clara da atual realidade do mundo da política. Assim, venho nestes últimos tempos percebendo certos comportamentos que antes escapavam da minha percepção e uma delas, é que a esquerda brasileira é tão autoritária quanto à direita, no que diz respeito ao comportamento das legendas partidárias. Gostaria de chamar a atenção dos meus leitores, que os partidos políticos esquerdistas estão inseridos na mesma cultura política, e sofrem com as mesmas influências que os partidos de centro e de direita vivenciam.
 Você diferencia somente em alguns momentos pontuais e no embate político. Claro que são projetos diferente e não é isto que este artigo gostaria de abordar.
          


Como cidadão e eleitor, defendo uma Reforma do Estado brasileiro é este que se tornou autoritário e qualquer poder que ele represente, termina levando para seu interior esta estrutura. Quanto à questão política, temos que ousar em algumas medidas e uma delas é a implantação do sistema de “lista fechada”. Quando avalio o atual panorama político brasileiro, não posso deixar de defender a necessidade de uma mudança na nossa legislação. Tenho certeza que, a reformulação com a adoção de algumas medidas daria uma maior representatividade aos partidos políticos brasileiros e criaria no seu interior uma participação maior, isto é, uma democracia interna e oxigenaria a militância partidária.  Um dos grandes problemas da nossa República, é a falta de separação de poderes”, e a recentes decisões adotadas pelo Poder Judiciário no tocante ao afastamento de um governador democraticamente eleito do estado do Rio de Janeiro por decisão monocrática de um ministro, do Superior Tribunal de Justiça, é antidemocrático e inconstitucional e revela a face autoritária do nosso estado. Assim como no parlamento e entre os Partidos, é necessário definirmos os limites dos poderes no Estado e dos caciques políticos.

            Por que será que a reforma não acontece? Porque se você começar a mexer nessas estruturas vai obrigar os atores políticos a terem um comportamento que não é bom para eles. O Judiciário tem ocupado esse vácuo e começado a legislar, algo que é absurdo -  a omissão do parlamento em realizar certas reformas entre elas a política, faz com que a sociedade provoque o Supremo e este estar gostando deste papel de dar sempre uma resposta. Mas eu gostaria de deixar claro para a sociedade que o tempo da política é diferente do tempo da Justiça e estas interferências pode custar caro a nossa democracia. É importante que questões, como as de caráter político e partidário, devam ser tratadas só pelo Congresso Nacional, para mantermos desta forma a independência dos poderes republicano.

            Quando se tem telhado de vidro, não se joga pedra no telhado dos outros. Assim gostaria de perguntar aos políticos: Será que foi só o PMDB que se transformou em uma frente? O que significa sigla de aluguel? Por que são poucos os partidos no Brasil   que ainda tem uma representação e defendem de forma clara os interesses de um seguimento da sociedade? Ao avaliar o panorama dos partidos políticos brasileiros na atualidade, considero que há no Brasil legendas mais e menos rígidas, no que diz respeito às suas posições ideológicas.
          


Voltando ao caso clássico do nosso sistema, foi o PMDB, uma das maiores agremiações partidárias brasileiras e que acabou englobando diversas correntes e adeptos.
O PMDB ficou entre o meio termo, entre preservar suas raízes históricas e ser aos poucos minado com o fisiologismo. Na verdade, o PMDB, assim como alguns partidos  brasileiro, não são partidos, são frentes políticas.  Essas legendas seguiram a lógica de agregar a maior quantidade de pessoas em torno de uma coisa, e no caso do PMDB, terminou defendendo mais interesses de seus integrantes do que suas “ideologias”.

 

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

ARTIGO - Roncalli, Bergoglio ou Franciscos? (Padre Carlos)

 

Roncalli, Bergoglio ou Franciscos?

 

Em meio a tantas e lamentáveis perdas nestes tempos, avulta a morte de Dom Pedro Casaldáliga, para entendermos que a geração do pacto das catacumbas está partindo. Estes nossos Irmãos que partiram, muitas vezes plantaram e regaram com o próprio sangue a semente de uma Igreja dos pobres e para os pobres. Hoje, entendo como as aulas de Frater Henrique foi fundamental para entender o nosso passado e as nossas lutas.


Assim, lembrei-me hoje que vai fazer 58 anos da abertura do Concílio Vaticano II e que esta geração que vivenciou estes acontecimentos, estão partindo para casa do Pai. Foi no dia 11 de outubro de 1962, a inauguração solene do Concílio, o maior acontecimento em número de participantes na história da Igreja e de consequências mais significativas também – poderíamos afirmar que se trata de um dos maiores acontecimentos do século XX. Estavam representados 133 países neste grande evento em Roma 2540 padres conciliares; o número esperado era 2908, mas muitos não puderam comparecer. Pela primeira vez, houve mulheres convidadas e também observadores protestantes e ortodoxos.

Nos concílios anteriores, a finalidade era um tema concreto e para condenar heresias. Neste, tratava-se do aggiornamento (atualização e abertura) da Igreja, não para condenar, mas para ir ao encontro do mundo moderno, estabelecendo pontes. Como disse João XXIII, para quem o Concílio devia ser um "novo Pentecostes", a Igreja "julga satisfazer melhor as necessidades de hoje mostrando a validade da sua doutrina do que renovando condenações". Nos documentos conciliares, afirma-se que a Igreja é Povo de Deus, a hierarquia vem depois; afirma-se a colegialidade episcopal, promove-se o apostolado dos leigos; a revelação não é uma herança enregelada, mas viva e dinâmica; reformou-se a liturgia e introduziu-se o vernáculo; renovou-se a formação do clero; afirmou-se a liberdade religiosa; aprofundou-se o ecumenismo e o diálogo inter-religioso; a Igreja é um serviço a toda a humanidade.  Às vezes me pergunto: o que seria hoje a Igreja sem o Concílio?


A festa da abertura terminou com um acontecimento "inesquecível, ao anoitecer, uma multidão de meio milhão de pessoas com tochas na mão concentrou-se na Praça de São Pedro e, com o luar, formou uma cruz imensa. João XXIII veio à janela, para acenar para o povo de Deus.


        Estes dias, semanas e meses de confinamento, foi a fé que evitou o vazio na minha alma e me fez acreditar que Deus é Pai. Assim, mais uma vez as palavras de João XXIII, proferidas naquela noite, vieram aos meus ouvidos:
"Quando voltardes para casa, daí aos vossos filhos um beijo de boa noite e dizei: é um beijo de boa noite do Papa. Que saibam que o Papa, sobretudo nas horas mais tristes e duras, está junto dos seus filhos. Ele é um irmão que, por vontade de Nosso Senhor, se tornou pai."

 

 

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

ARTIGO - A astúcia do eleitor Conquistense (Padre Carlos)

 


 

 

A astúcia do eleitor Conquistense


 

O eleitorado de Vitória da Conquista entendeu que a polarização é melhor do que a unanimidade. Ele vê como positivo ter dois grupos políticos disputando a liderança dos poderes executivo e legislativo da municipalidade. Se só um tiver a hegemonia política pode ter a sensação de que nada precisa fazer para ter a necessária legitimidade que torna a governabilidade factível.


Os grupos que protagonizam a disputa pela prefeitura estão sendo obrigados a entender que precisam “mostrar serviço” sob pena de perderem apoios. A população constatou que quanto mais dividida mais eles terão que trabalhar em prol da comunidade. Entendeu que ter os governos do estado e da cidade disputando, através da atuação, sua preferência é algo que só a beneficia.

Essa racionalidade eleitoral contrasta (mas não nega) o comportamento apaixonado da população conquistense nos períodos eleitorais. Claro, ele é bem mais consequência da cultura política local do que algo demandado pelos atores e partidos políticos.

Vitória da Conquista é, hoje, o proscênio da política eleitoral baiana, devido os vinte anos que foi governada pelo Partido dos Trabalhadores. Uma coisa é o grupo liderado pelo, prefeito Herzem Gusmão também, à frente do terceiro colégio eleitoral do estado e outra é o grupo que lhe faz oposição e busca não apenas retornar ao governo da capital Sudoeste, mas, demostrar força para o resto do estado, que o governador Rui e o projeto a nível de estado não sofreu nenhum abalo. São cenários diferentes, com correlações de forças alteradas. E em Salvador, o maior colégio eleitoral estadual, ACM Neto firmou-se com vitórias inquestionáveis nas duas últimas eleições e nosso município pode ser o fiel da balança nos próximos embates. Também é bom não desconsiderar que as relações políticas endógenas do grupo liderado pelo senador Otto Alencar vêm demostrando de forma clara que tem pretensões de ser governador da boa terra e este deslocamento da centro direita, pode representar um abalo ao projeto de poder do PT e dos seus aliados.


O Partido dos Trabalhadores, deveria dialogar com as forças de esquerda do município e articular ainda no primeiro turno uma frente que possa levá-lo ao segundo turno com uma vantagem substancial, só assim afastaria de vez as esperanças da direita de se manter por mais quatro anos no poder. Quando a esquerda se divide fica difícil juntar os cacos depois do primeiro turno, não podemos esquecer que estarão bem vivas as cicatrizes, as mágoas, as amizades desfeitas e até mesmo a dissolução de uma frente que poderia representar um projeto e tudo isto pode acontecer devido da falta de habilidade política dos nossos líderes. Sabemos que este será o mais áspero, agressivo e intolerante processo eleitoral que já presenciamos. Por isto, uma aliança destas forças representa além de sair forte deste processo, manter unido a Frente Conquista Popular e não deixar nossos projetos pessoais atrapalharem. 


     Apresentando-se repartido não se sabe até onde, o eleitorado conquistense oferece aos atores políticos envolvidos na disputa uma sábia lição – a unanimidade pode até ser mais cômoda aos grupos políticos, mas não satisfaz aos interesses e necessidades de grande parte da população.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...