Roncalli,
Bergoglio
ou Franciscos?
Em meio a
tantas e lamentáveis perdas nestes tempos, avulta a morte de Dom Pedro Casaldáliga, para
entendermos que a geração do pacto das catacumbas está partindo. Estes nossos
Irmãos que partiram, muitas vezes plantaram e regaram com o próprio sangue a
semente de uma Igreja dos pobres e para os pobres. Hoje, entendo como as aulas de Frater
Henrique foi fundamental para entender o nosso passado e as nossas lutas.
Nos concílios anteriores, a
finalidade era um tema concreto e para condenar heresias. Neste, tratava-se
do aggiornamento (atualização
e abertura) da Igreja, não para condenar, mas para ir ao encontro do mundo
moderno, estabelecendo pontes. Como disse João XXIII, para quem o Concílio
devia ser um "novo Pentecostes", a Igreja "julga satisfazer
melhor as necessidades de hoje mostrando a validade da sua doutrina do que
renovando condenações". Nos documentos conciliares, afirma-se que a Igreja
é Povo de Deus, a hierarquia vem depois; afirma-se a colegialidade episcopal,
promove-se o apostolado dos leigos; a revelação não é uma herança enregelada,
mas viva e dinâmica; reformou-se a liturgia e introduziu-se o vernáculo;
renovou-se a formação do clero; afirmou-se a liberdade religiosa; aprofundou-se
o ecumenismo e o diálogo inter-religioso; a Igreja é um serviço a toda a
humanidade. Às vezes me pergunto: o que
seria hoje a Igreja sem o Concílio?
Estes dias, semanas e meses de confinamento, foi a fé que evitou o vazio
na minha alma e me fez acreditar que Deus é Pai. Assim, mais uma vez as
palavras de João XXIII, proferidas naquela noite, vieram aos meus ouvidos: "Quando
voltardes para casa, daí aos vossos filhos um beijo de boa noite e dizei: é um
beijo de boa noite do Papa. Que saibam que o Papa, sobretudo nas horas mais
tristes e duras, está junto dos seus filhos. Ele é um irmão que, por vontade de
Nosso Senhor, se tornou pai."
Nenhum comentário:
Postar um comentário