quarta-feira, 26 de agosto de 2020

ARTIGO - A astúcia do eleitor Conquistense (Padre Carlos)

 


 

 

A astúcia do eleitor Conquistense


 

O eleitorado de Vitória da Conquista entendeu que a polarização é melhor do que a unanimidade. Ele vê como positivo ter dois grupos políticos disputando a liderança dos poderes executivo e legislativo da municipalidade. Se só um tiver a hegemonia política pode ter a sensação de que nada precisa fazer para ter a necessária legitimidade que torna a governabilidade factível.


Os grupos que protagonizam a disputa pela prefeitura estão sendo obrigados a entender que precisam “mostrar serviço” sob pena de perderem apoios. A população constatou que quanto mais dividida mais eles terão que trabalhar em prol da comunidade. Entendeu que ter os governos do estado e da cidade disputando, através da atuação, sua preferência é algo que só a beneficia.

Essa racionalidade eleitoral contrasta (mas não nega) o comportamento apaixonado da população conquistense nos períodos eleitorais. Claro, ele é bem mais consequência da cultura política local do que algo demandado pelos atores e partidos políticos.

Vitória da Conquista é, hoje, o proscênio da política eleitoral baiana, devido os vinte anos que foi governada pelo Partido dos Trabalhadores. Uma coisa é o grupo liderado pelo, prefeito Herzem Gusmão também, à frente do terceiro colégio eleitoral do estado e outra é o grupo que lhe faz oposição e busca não apenas retornar ao governo da capital Sudoeste, mas, demostrar força para o resto do estado, que o governador Rui e o projeto a nível de estado não sofreu nenhum abalo. São cenários diferentes, com correlações de forças alteradas. E em Salvador, o maior colégio eleitoral estadual, ACM Neto firmou-se com vitórias inquestionáveis nas duas últimas eleições e nosso município pode ser o fiel da balança nos próximos embates. Também é bom não desconsiderar que as relações políticas endógenas do grupo liderado pelo senador Otto Alencar vêm demostrando de forma clara que tem pretensões de ser governador da boa terra e este deslocamento da centro direita, pode representar um abalo ao projeto de poder do PT e dos seus aliados.


O Partido dos Trabalhadores, deveria dialogar com as forças de esquerda do município e articular ainda no primeiro turno uma frente que possa levá-lo ao segundo turno com uma vantagem substancial, só assim afastaria de vez as esperanças da direita de se manter por mais quatro anos no poder. Quando a esquerda se divide fica difícil juntar os cacos depois do primeiro turno, não podemos esquecer que estarão bem vivas as cicatrizes, as mágoas, as amizades desfeitas e até mesmo a dissolução de uma frente que poderia representar um projeto e tudo isto pode acontecer devido da falta de habilidade política dos nossos líderes. Sabemos que este será o mais áspero, agressivo e intolerante processo eleitoral que já presenciamos. Por isto, uma aliança destas forças representa além de sair forte deste processo, manter unido a Frente Conquista Popular e não deixar nossos projetos pessoais atrapalharem. 


     Apresentando-se repartido não se sabe até onde, o eleitorado conquistense oferece aos atores políticos envolvidos na disputa uma sábia lição – a unanimidade pode até ser mais cômoda aos grupos políticos, mas não satisfaz aos interesses e necessidades de grande parte da população.


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