A decisão de Fachin não repara a injustiça
Quando, Edson Fachin, anulou os
processos contra o ex-presidente Lula, por "absoluta incompetência"
do foro da cidade de Curitiba, passamos a entender porque teriam que ser
instaurado antes da eleição presidencial e porque deveria ser na 13ª Vara Federal daquela cidade. Só depois
que alguns fatos vieram à tona, passamos a entender como as forças ocultas se movimentaram para retirar
do povo a liberdade de escolha e diante tal evidencia, fica difícil esconder da
opinião pública e para o mundo o que aconteceu com a justiça brasileira. O que
para muitos era uma suspeita, hoje se confirma as verdadeiras intenções que era
impedir a candidatura do líder do PT, amplo favorito naquela eleição. A decisão de Fachin só evidencia que as
eleições foram de alguma forma manipulada e não repara a injustiça que foi
cometida contra o ex-presidente e o povo brasileiro.
Esta decisão não
significa que a perseguição terminou, Lula ainda pode ser novamente julgado
pelos alegados crimes de que foi acusado pelos magistrados de Curitiba, mas,
neste momento, recupera todos os seus direitos políticos, podendo candidatar-se
às eleições previstas para 2022.
Existe também,
outro processo que está em andamento pelo STF, que poderá ter uma repercussão
direta no seu destino pessoal e político: a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro,
acusado de parcialidade nos processos que moveu contra ele. Caso essa
parcialidade seja juridicamente comprovada, os processos contra Lula caem por
terra.
Todas estas
reviravoltas, que parecem confirmar o que a defesa de Lula sempre disse desde o
primeiro dia, tornaram-se previsíveis com as primeiras revelações, meses atrás,
dos métodos inquisitórios usados pelos procuradores de Curitiba para acusarem
quem eles achavam, com razão ou sem ela, culpados.
Ficamos
estupefatos com o seqüestro político do sistema de justiça, como as supremas
cortes deixaram que instâncias menores selecionassem e punissem corruptos
convenientes, junto com inocentes cuja culpa é fazer oposição, enquanto
autorizava a corrupção dos cortesãos. Foi o que aconteceu claramente com a
operação Lava-Jato (sem falar das questões geopolíticas, cujo resultado foi à
destruição das multinacionais brasileiras.
A verdade é que a
corrupção no Brasil, é tão antigo quanto o país, não foi inventada pelo PT, assim
como não acabou com a chegada de Bolsonaro. Infelizmente, o que presenciamos
com o jacobinismo judicial protagonizado pelos procuradores curitibanos são a
anulação de investigações e o triunfo da impunidade. Os delitos (a palavra é
essa) desses procuradores, bem como do juiz Sérgio Moro, deram argumentos
"fortes e fundamentados" aos que querem anistia geral para todos os
envolvidos, de fato, em práticas de corrupção.
Outro fato que só
os fanáticos bolsonaristas ou antipetistas se recusam a ver é que, além de não
ter acabado nem com a corrupção nem com a "velha política", Bolsonaro
não é, a rigor, comparável a Lula: o primeiro é um saudosista da ditadura
militar, um protofascista, racista, misógino, anticiência, instrumento da
política ferozmente neoliberal que corrói a democracia em todo o mundo, com
pretensões a "representar" o trumpismo na arena internacional; o
segundo não tem nenhum projeto ditatorial para o Brasil, é politicamente um
social-democrata, defensor do consenso entre capital e trabalho, como o
demonstraram os seus dois governos, hábil negociador, capaz de ceder quando
necessário.
Independente do
que venha acontecer com Lula – se será novamente julgado, ou não, ou ser
candidato nas próximas eleições -, todo o mundo já percebeu, desde que ele
recuperou os seus direitos políticos, há uma semana, que se trata de uma figura
fundamental para a remoção de Bolsonaro em 2022.