domingo, 14 de março de 2021

ARTIGO - Lula precisa do Centrão (Padre Carlos)

 


Lula precisa do Centrão

 


Quando tomei conhecimento que o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, disse que seu partido apoiará "de qualquer maneira" a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, sentir que setores da esquerda ficaram desconfortáveis e de certa forma chocados. Neste momento não podemos ser influenciados pelos analistas da La Bodeguita, que fazem análise política com o coração e as paixões do movimento estudantil. Esquecem estes profissionais, que o cientista político precisa ser fiel aos dados e aos fatos, para conseguir de forma mais clara possível, chegar a interpretações mais fidedignas da conjuntura.

        


Meu papel aqui é chocar a militância e ser honesto nas minhas análises, só assim poderei ajudar o partido e a esquerda a enfrentar os obstáculos que irão encontrar pela frente até as eleição do ano que vem. Quando digo que as esquerdas precisam do centrão para governar, digo que elas não têm capacidade de fazer a maioria no Congresso, nem conseguir governar sem que façamos um governo de coalizão para criar as condições necessária de governabilidade que precisamos.

         Na eleição passada, toda a esquerda só conseguiu eleger 1/3 do congresso e isto não é um fato isolado. Para os leitores entenderem o que estou falando, no momento em que as esquerdas estavam mais fortes em toda a história do Brasil, isto é, em 2010, quando Lula sai do governo com quase noventa por cento de aprovação, os partidos de esquerda (PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL), fizeram a maior bancada até hoje com 168 parlamentares, isto representa 32,7% e a direita, 375, o que equivale a 67,3% de todo o Congresso. Em 2014, caímos para 26% e em 2018 mantemos este índice.

        


Quando exponho estes números, quero dizer que se colocarmos uma camisa de força em Lula e ficarmos chocados com as alianças que precisaremos fazer, o PT não chegará a lugar algum. Diante disso, precisamos criar alianças com o centrão, baseado na confiança mútua e num compromisso acordado em um programa de governo, isto vai representar para os partidos uma demonstração inequívoca de maturidade das partes, mas requer também habilidades de aprendizagem conjunta dos erros cometidos no passado.

 


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