A geração
dos políticos profissionais
O Brasil assistiu
nestas três ultimas décadas às primeiras gerações de políticos profissionais
chegarem ao poder, oriundos das juventudes partidárias e com reduzida
experiência profissional fora da política. Todos iniciaram a vida política no
movimento estudantil ou na juventude de sues partidos. Estes movimentos
serviram como alavanca para os “novos” quadros atuarem como se fosse uma
profissão e com este comportamento, terminaram fechando todas as portas para
uma renovação no parlamento e nas instâncias partidária. Apesar de combativos e terem um
referencial ideológico, não podemos deixar de destacar que a
profissionalização dos políticos é uma faca de dois gumes. Gostaria de explicar
que o movimento estudantil e a juventude partidária são canais para atrair os
jovens para a participação política e socializar os valores da democracia, mas,
por outro lado, alertamos para os perigos do carreirismo político, que considero
o grande mal na esquerda e responsável por contribuir para uma
profissionalização acéfala e dependente das direções dos partidos.
A história
da democracia brasileira está temporalmente desfasada da de países do nosso
continente com maior tradição democrática. As primeiras gerações de políticos
pós-redemocratização mostrou um quadro que tinha se formado nos aparelhos
partidário trazendo para o cenário eleitoral a estrutura corporativa de suas
associações ou movimentos.
A escassa
experiência profissional ou o profissionalismo partidário demonstrado por
alguns políticos assume contornos alarmantes, quando “só serve para enfeitar o
currículo”, isto desemboca numa falta de conhecimento do terreno ou a perda do
contato com a profissão. Gostaria de explicar sobre a necessidade de a vida
pública exigir e assegurar que um parlamentar ou dirigente partidário, tenha
uma vida profissional. Não podemos dispensar que os membros do parlamento
fiquem tanto tempo longe de sua área de trabalho e por exercer vários mandatos
esqueça ou deixe de ter a experiência profissional. Porque, não basta ser bom
militante, bom dirigente e bom ministro é preciso ser um bom profissional e
parlamento não é profissão.
Quero aqui insistir nos perigos da profissionalização dos políticos a
partir das juventudes partidária. As nomeações para gabinetes ministeriais e
para empresas da administração pública são os casos mais comuns no
preenchimento do currículo dos militantes de esquerda. Com a agravante de que a
dependência da vida política gera um problema de autonomia e independência face
aos partidos.
Uma das explicações para nomeações destes quadros para cargos públicos
prende-se, de acordo com a necessidade de nomear pessoas de confiança política.
É natural que lugares de preponderância política sejam ocupados por pessoas de confiança
dos governantes, ao mesmo tempo em que rejeita o favorecimento injustificado
nas nomeações. Não devemos olhar para os políticos como seres extraterrestres
que têm de ter uma legislação própria e uma conduta própria.
Temos que ter claro que além de líder partidário e parlamentar, o
companheiro é um militante como qualquer outro filiado do partido. Precisamos
criar mecanismo para uma limitação de mandatos como forma de restringir o
carreirismo político, já que a dependência do cargo cria uma correia de dependência
entre diversos setores e uma renovação causaria risco a certos projetos pessoas
ou de sobrevivência. Assim, temos consciência que é necessários mecanismos que impeçam
que as pessoas não fiquem dependentes da vida pública e política para
sobreviverem. Precisamos de medidas para regulamentar este submundo da política
e criar uma reforma que possa colocar entraves ao processo de carreirismo que transforma
os mandados em empresa ou os cargos públicos para benefício próprio.