terça-feira, 2 de agosto de 2022

ARTIO - Ajudar alguém a passar pela dificuldade é o ponto de partida para que haja civilização. (Padre Carlos)

 

Minhas prosas com o Irmão Michel.

 






Um amigo verdadeiro é para a vida toda! E para cultivar uma amizade duradoura, nada melhor do que agradecer aos meus amigos pelo companheirismo que eles tem me proporcionado neste momento. Confesso a vocês, que hoje me surpreendi com o carinho e a amizade que tenho recebido. Foi conversando com um deles que terminei viajando e me lembrei do tempo em que morei com os irmãos de Taize e das conversas com aqueles monges.

Muita gente não sabe, mas o irmão Michel era um grande antropólogo. Certa vez conversei com ele sobre os hebreus e como eles foram consumidores de trigo e da sua importância na cultura hebraica. Ele adorava conversar sobre estes assuntos e me falava com todo carinho sobre como essa planta fazia e ainda hoje faz parte de seus rituais sagrados ao lado do vinho, do azeite, do mel e do leite. Querendo mostrar que entendia do assunto, falei: mas para ser considerada civilização tem que ter os seguintes elementos anzóis, panela de barro ou pedras para amolar, não é? “ Não,” disse ele. “O que acreditamos ser o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga é a prova de uma pessoa com um fêmur quebrado e curado.”

Aí sentamos em um banco do refeitório e ele começou a falar: “talvez você não saiba, mas no resto do reino animal, se você quebrar a perna, você morre. Você não pode fugir do perigo, ir para o rio beber água ou caçar para se alimentar. Você se torna carne fresca para predadores.”

“Nenhum animal sobrevive a uma perna quebrada o tempo suficiente para que o osso cure. Um fêmur quebrado que se curou é a prova de que alguém tirou o tempo para ficar com o que caiu, curou a lesão, colocou a pessoa em segurança e cuidou dele até que ele se recupere". E acrescentou: "ajudar alguém a passar pela dificuldade é o ponto de partida da civilização", explicou o monge. "A civilização é uma ajuda comunitária.”

O homem é um animal que não vive sozinho, pois todo ser humano, desde que nasce até o momento em que morre, precisa da companhia de outros seres humanos. Aristóteles escreveu que o homem é um animal político, pois é a própria natureza humana que exige a vida em sociedade.

Naquela hora tomei consciência que não falávamos mais de antropologia e se tratava de uma catequese. Ele me falou que primeiramente, temos que ter a consciência da dependência de Deus em nossa vida, do seu amor, dos seus cuidados e da sua misericórdia. Em segundo lugar, ter a humildade de reconhecermos e aceitar que precisamos das pessoas de boa índole em nosso viver. Nunca podemos nos achar auto-suficientes por mais elevada posição social e de poder aquisitivo que possamos ter.

 

 

Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...