terça-feira, 4 de outubro de 2022

ARTIGO - São Francisco, o santo que inspira o papa e a luta ambiental. (Padre Carlos)

 

Francisco, o servo perfeito da Dama Pobreza.

 


 

Hoje na minha oração diária, lembrei-me de Francisco e de uma frase que ele disse na sua passagem aqui na terra: “Conheço Jesus pobre e crucificado e isso me basta”, dizia o santo, cuja festa se celebra hoje (4). Para entender melhor este homem de fé, é preciso dizer que era um burguês, isto é, tinha muito dinheiro e gastava como muitos jovens da sua classe com ostentação. Francisco nasceu em Assis (Itália) em 1182, em uma família abastada e não fugiu a regra nem os anseios dos jovens da sua época.

Desta forma, em sua juventude, foi à guerra e acabou sendo feito prisioneiro. Logo depois de ser libertado, ficou doente até que escutou uma voz que lhe questionou: “Francisco, a quem é melhor servir, ao amo ou ao criado?”.  Retornou para casa e com a oração foi entendendo que Deus queria algo a mais dele.

Assim, começa a visitar e cuidar dos doentes e dos mais necessitados, chegando ao ponto de doar suas próprias roupas e tudo que tinha. Desta maneira foi criando no imaginário da igreja a espiritualidade que tanto encantou a Idade Média: seu espírito de pobreza, humildade e compaixão.

Certo dia, enquanto rezava na igreja de São Damião, pareceu-lhe que o crucifixo repetia três vezes: “Francisco, vai e repara a minha Igreja que, como vês, está toda em ruínas”. Então, acreditando que lhe pedia que reparasse o templo físico, foi, vendeu os vestidos da loja de seu pai, levou o dinheiro ao sacerdote do templo e pediu para viver ali.

O santo fez da pobreza o fundamento de sua ordem e o amor à pobreza se manifestava na maneira de se vestir e viver. Ao visitar Assis em 4 de outubro de 2013, o papa Francisco disse que são Francisco “dá testemunho de respeito por tudo, dá testemunho de que o homem é chamado a salvaguardar o homem, de modo que o homem esteja no centro da criação, no lugar onde Deus – o Criador – o quis; e não instrumento dos ídolos que nós criamos! A harmonia e a paz! Francisco foi homem de harmonia e de paz”.

 


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

ARTIGO - Nós subestimamos este projeto quando havia só Bolsonaro. Agora que existe o bolsonarismo, não podemos subestimá-lo mais. (Padre Carlos)

Nós subestimamos Bolsonaro




Como poderíamos analisar os resultados deste primeiro turno e o que as urnas revelaram de tão sério, que deixaram parte da comunidade internacional preocupada com o Brasil? As eleições deste domingo revelou que somos muito mais que uma sociedade conservadora, ela deixa claro o avanço da barbárie sobre a nossa sociedade. Como professor de filosofia política, tenho a obrigação de estudar por necessidade do ofício a conjuntura política e a forma como a utradireita vem avançando no país, confesso aos senhores que não esperava que emergisse das urnas uma onda fascista tão forte e dura capaz de acender de novo nossas preocupações com o futuro democrático e como estas forças vão se posicionar em relação a uma derrota do seu candidato nesta eleição.

O resultado das urnas deste domingo surpreendeu pela pequena margem de diferença que separa Lula de Bolsonaro e o perigo que representa esta aproximação. A apuração dos votos revelou para a nossa surpresa que o bolsonarismo nunca esteve tão presente na sociedade brasileira, e que resistiu à má gestão da pandemia, à erosão de quatro anos de desgoverno e ao estilo truculento do Presidente governar.

Quando muitos analistas e eleitores acreditavam que o voto silencioso iria favorecer Lula, esse voto silencioso ou indeciso beneficiou Bolsonaro. Recorde-se que as últimas pesquisas (na semana passada), atríbuíam 35% das intenções de voto ao presidente. Bolsonaro obteve 43%”, o que equivale a mais de 51 milhões de votos e isto por si só já é o suficiente para oxigenar seus seguidores com a falsa campanha que as urnas foram violadas e a justiça estaria a serviço de uma grande fraude eleitoral.

Como entender o sucesso eleitoral dos ex-ministros de Jair Bolsonaro: Dos 17 que se candidataram a lugares elegíveis, nove foram eleitos deputados federais ou senadores, dois deles têm chances de serem eleitos governadores estaduais no segundo turno das eleições em 30 de outubro - Tarcísio de Freitas, ex-ministro das Infraestruturas de Bolsonaro, disputa o governo estadual de São Paulo com Fernando Haddad do PT, e o polémico Onyx Lorenzoni, ex-ministro da Casa Civil e da Cidadania, disputa o governo estadual do Rio Grande do Sul com Eduardo Leite do PSDB.

        Esta eleição tem se dado em um ambiente político marcado por crise e uma eventual fragilidade do governo, a maior ilusão para aqueles que fazem oposição a Bolsonaro e seu projeto foi à percepção de que isoladamente cada um poderia derrotar o Presidente em sua reeleição. Uma lição que fica para os cientistas políticos e os democratas de um modo geral é que nós subestimamos este projeto quando havia só o Bolsonaro. Agora que existe o bolsonarismo, não podemos subestimá-lo como fizemos neste primeiro turno. Para os brasileiros, este segundo turno será decisivo para que tenhamos possibilidade de reconstruir o Brasil e o Estado em patamares democráticos, justos e igualitários.

 

 

 

 


artigo - ACM Neto se encontra numa sinuca de bico. (Padre Carlos)

 Como foi importante para o PT




Quando William Bonner anunciou, na noite deste domingo (2), que os candidatos Lula e Jair Bolsonaro iriam para o segundo turno, percebi que o ex-prefeito de Salvador se encontrava em uma sinuca de bico .Esta analogia ao jogo de sinuca tem muito haver com a situação que ele  se encontra, isto é, sem uma saída. Quando levanto esta questão, quero me referi a polarização na eleição presidencial, ela afeta diretamente a rejeição de candidatos nas eleições estaduais e por isto ACM Neto, tentou a todo custo se descolar do bolsonarismo. Ele sabe  que esta tática não poderá ser adotada agora e diante deste posicionamento poderá perder muitos votos ao dividir neste segundo turno a palanque com Bolsonaro.  

A notícia ruim para Neto é que o bolsonaristas e ex-aliado e adversário nestas eleições pelo PL, João Roma, teve quase 10% dos votos e se quiser ter alguma chance de vitória sobre o candidato petista, terá que conquistar estes votos bolsonaristas sem perder os votos lulistas que recebeu no primeiro turno. A grande incógnita  desta eleição é como o eleitorado de João Roma vai se posicionar se ACM não dividir o palanque ou como os eleitores de Lula que votaram nele poderá se posicionar se ele dividir o palanque com a utradireita.

         Para o PT baiano, este resultado pode ser na verdade uma grande conquista. Perdemos para ganhar e com certeza não tivemos inteligência ainda para perceber como foi importante para o PT nacional este segundo turno na Bahia.

      As eleições neste domingo proporcionou aos analistas políticos, um relatório muito completo e abrangente sobre o momento "fotografado" pelas urnas. Mas entre tantas informações, algo passa despercebido por muita gente: a intenção de voto dos eleitores hoje, comparada com as pesquisas há três meses. Não podemos negar que o Professor Wilton Cunha já tinha previsto “o pulo do gato” quando na informação do Instituto AtlasIntel colocou as informações no questionário apresentando que Jerônimo era do PT e o candidato de Lula.

Os Partidos e candidatos a presidente já não contam com recursos e apoio dos candidatos proporcionais e a mão de obra que antes era paga por estas campanhas, hoje precisa ser espontânea e só quem tem militância e cargos de confiança podem contar com este apoio. O grande desafio dos candidatos a governadores e presidente, será reunir apoiadores e militantes em prol de candidaturas e bandeiras sem nada em troca, apostando apenas em uma mensagem, uma pessoa. É exatamente por isso que militantes envolvidos com a causa valem muito!

Não podemos negar que este resultado se tornou um balde de água fria para ACM e seus aliados na Bahia. O fenômeno que presenciamos em relação à transferência de votos, demostra que o presidente Lula é uma grande cabo eleitoral, mas não podemos esquecer que a maquina do governo teve um peso importantíssimo neste resultado.

 

 

sábado, 1 de outubro de 2022

ARTIGO - Precisamos reunir em um evento esta rapaziada (Padre Carlos)

 


O Movimento estudantil e a luta contra a Ditadura

 


Hoje estava conversando com um amigo sobre a nossa juventude e como ela influenciou o movimento estudantil no final da década de setenta. Conversas como esta só acontece com amigos que valem ouro, talvez seja por isto que trazem o dourado no nome. Confesso aos senhores que esta questão me chamou atenção e o saudosismo que tive dessa época, me emocionou.

Falar deste assunto e como o Movimento estudantil lutou contra a Ditadura é fundamental para que as novas gerações entendam o nosso papel na sociedade.  Será que as lições extraídas desta quadra da história não poderia servir esta garotada para derrotar a extrema-direita e resgatar a tradição combativa do movimento estudantil com o intuito de trazer nossas experiências, como pano de fundo. Assim, falava com este amigo como os estudantes hoje poderiam ser sujeitos da política nacional e do enfrentamento à extrema-direita, sem confiar na via da conciliação de classes que tanto nos persegue.

Como entender esta inercia diante de todos os cortes na educação pública e os ataques à juventude, desemprego, inflação e a piora significativa das condições de vida da classe trabalhadora, como falar para rapaziada sobre a importância desta luta e do resgate da história. O Movimento estudantil precisa entender que o centro do debate político nacional na esquerda deixou de ser como derrotar o governo Bolsonaro, mas como reconstruir o conceito de nação.

Minha experiência nesta militância antecede a Viração, movimento estudantil que começou a partir do Congresso de Reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Salvador, capital da Bahia, no ano em que foi sancionada a Lei da Anistia (1979). Este acontecimento histórico foi fundamental para constituir o que sou hoje e na formação política e de muitos quadros da esquerda.

Assim como a geração de 68 se reuniu no Mosteiro de São Bento, para resgatar seu legado, será necessário reaproximar estes militantes que, em comum, compartilham a vontade de intervirem novamente no cenário político nacional. Atualmente, o Brasil passa por momentos conturbados e há claras ameaças às conquistas democráticas conseguida com muito sacrifício pelos brasileiros desta geração.

Memória e História do Tempo Presente possuem relações bem estreitas, em especial, pelas lembranças e história de vida de muitos brasileiros. Este potencial da memória de uma geração suscita o nosso testemunho como fonte e pedaços da nossa vida. Surge, assim, um desafio, que consiste em relacionar presente e passado dentro de mim, estabelecendo as definições de tempo de um passado recente que não podemos esquecer.

 


quinta-feira, 29 de setembro de 2022

ARTIGO – O dia dos Miguelenses agora é lei!



A República dos Miguelenses



 

Um dos granes desafios que temos que enfrentar nestes tempos difícil em que estamos vivendo é a falta de consciência da história da nossa cidade e região. Como dizia o historiador Mozart Tanajura: “Só quando matemos o enfoque e nos preocuparmos com o passado, teremos condições de buscar inspiração para entender o presente e antecipar o nosso futuro e das novas gerações”. Não resgatamos os nossos valores históricos e não buscamos celebrar as nossas vitórias. Para construir a Conquista do futuro, nós precisamos usar os mitos do passado que alimentam nossas utopias e assim, sustentam o nosso presente. Por isso, uma sociedade que não faz uso de sua história, não consegue se entender.

         A homenagem prestada nesta sexta-feira (23) pelos vereadores de Vitória da Conquista ao povo de São Miguel das Matas ao instituir o dia do Miguelense, tem o caráter de reconhecimento à contribuição do povo desta cidade do Recôncavo para o crescimento do Sudoeste baiano e em especial a cidade de Vitória da Conquista.

Gostaria de parabenizar o presidente da Câmara, vereador Luis Carlos Dudé (PMDB), que criou o Projeto de Lei que instituiu e reconheceu a importância deste povo na nossa terra. Não podemos negar que  o espírito empreendedor dos Miguelenses foram fundamentais para que a nossa cidade possuísse hoje um dos maiores PIBs no interior da região Nordeste, sendo o sexto maior PIB baiano, com mais de 7 bilhões de Produto Interno. Nossa cidade se tornou uma capital regional de uma área que abrange aproximadamente oitenta municípios na Bahia e dezesseis no norte de Minas Gerais.

A matéria agora vai aguardar a sanção da prefeita Sheila Lemos (União Brasil), que vai instituir a Semana Municipal dos Miguelenses e também o Dia Municipal dos Miguelenses, no dia 29 de todo mês de setembro. O importante disto tudo é o memorial a este povo, ele resgata a memória desta gente e lembra um determinado dia para celebrarmos a vida destas pessoas que tanto tem contribuído para o desenvolvimento desta terra.


quarta-feira, 28 de setembro de 2022

ARTIGO - Ninguém é santo para si, mas sempre para Deus e para o outro! (Padre Carlos)

 

O apostolado político

 


O atual momento político encontra-se polarizado e confuso, mas não podemos desanimar, devemos continuar a ser a Igreja que prega a esperança, buscando sempre ser uma voz que lembra efetivamente os direitos fundamentais. Vale ressaltar, que a voz que grita tais direitos deve preterir motivações interesseiras e ideológicas. Aprendi com o Padre Confa, que  a Igreja nunca deve partidarizar, ela deve ser livre. O anúncio proposto pela Igreja fala sempre de Jesus Cristo, fala sempre do cuidado irrenunciável da vida, em todas as suas etapas. Ele é o modelo na busca de uma sociedade marcada pela justiça e direito.

Não é pela militância, mas pelo nosso testemunho de cristãos que não podemos nos isentar da construção de uma sociedade mais justa e pautada na garantia dos direitos para todos, devemos confiar no sadio progresso humano e lutar até o fim.

Quando contemplamos a realidade que nos rodeia tendemos ao fatalismo e pessimismo, mas “o nosso Deus não está inerte, permita-me dizer que nosso Deus é um sonhador, que sonha a transformação do mundo e a realizou no mistério da Ressurreição” (Papa Francisco). Assim como na política, o exercício da fé nos garante que Deus, além de sonhar um mundo novo conosco, não desiste de começar seu reino entre nós. Ele caminha conosco, faz-Se apoio no deserto da nossa vida, Ele não nos trata como um dono de tudo que olha lá de cima, mas nos ensina o caminho das virtudes como lugar de transformação social.

Quando nos propomos ao apostolado da política, precisamos entender que  ninguém é santo para si, mas sempre para Deus e para o outro! O incontestável caos social que vivemos tem também sua raiz no abandono de Deus e nos pecados de todos: da corrupção, dos interesses ideológicos acima do bem comum e etc… Que a Misericórdia de Deus nos encontre predispostos para o exercício da justiça e do direito, e que não nos falte o compromisso sincero com a transformação do mundo. O sonho de Deus, de transformar o mundo, passa pelas nossas mãos unidas em favor de todos.

 

terça-feira, 27 de setembro de 2022

ARTIGO - As eleições na Itália e a nova ordem! (Padre Carlos)

 


O Fascismo está voltando?


 


O partido de ultradireita FdI, de raízes pós-fascistas e liderado por Giorgia Meloni, foi o mais votado nesta eleição na Itália. A aliança de direita conseguiu maioria suficiente para controlar as duas casas do Parlamento. O triunfo de Meloni representa uma mudança significativa para a Itália, membro fundador da União Europeia e a terceira maior economia da zona do euro, e também para a EU. A Itália representa uma parcela significativa do velho continente. Não podemos esquecer que este resultado se deu apenas algumas semanas depois de a ultradireita ganhar as eleições na Suécia.

Os italianos escolheram e não podemos esquecer que o povo tem sempre razão, esta é a lógica da política. Sempre que os ditos liberais democráticos, isto é, os moderados falham os extremistas aproveitam e terminam chegando ao poder. Se a utradireita cresce na Europa então é sinal que os partidos de centro não estão correspondendo ao desejo dos cidadãos. O pior de tudo é quando os moderados cedem ao extremismo para vencer e não percebem que é a sua falta de competência que estimula este tipo de política

Assim como no Brasil, os italianos estão mais preocupados com os problemas reais do país do que com as supostas “ameaças” à democracia que têm dominado o debate político na terra das palmeiras e na Europa. É tempo de perguntar se é a extrema-direita que é uma ameaça ou a incompetência dos partidos moderados quando governam os países onde são eleitos?

Tanto a extrema-esquerda como a extrema-direita vive dos erros dos restantes, alimentam-se da demagogia e, sobretudo das injustiças que aqui e ali assistimos diariamente. Como já verificámos aqui no Brasil, os eleitores que votaram quase duas décadas em um partido de centro como o PT, terminaram votando em protesto no candidato da utradireita.   Por outro lado, verificamos também que a polarização na nossa eleição, termina se alimentando reciprocamente para ganharem espaço mediático reduzindo normalmente o espectro político dos partidos moderados e que habitualmente são partidos de poder. O problema cresce quando os supostos moderados se aliam aos extremistas para sobreviver. Nosso país sente hoje as consequências dessa aliança, pois de fato partido que se aliou a extremistas para derrotar o PT, não querem assumir a parcela de responsabilidade pela ascensão da utradireita.

Se durante anos, o PPE foi a força que mais “governou” na Europa, nos últimos 6 a 7 anos essa correlação de forças foi-se alterando e hoje esse poder pende hoje mais para a esquerda europeia. Partidos de centro governando com o apoio da extrema-esquerda ou da extrema-direita tornaram-se um hábito e a Itália não é exceção. Os primeiros exemplos vieram da Áustria e da Grécia, mas hoje poderíamos definir como o novo normal. Em ambos os casos fracassaram e deveriam ter servido de exemplo.

A realidade política italiana representa muito mais o fracasso dos partidos tradicionais do que o sucesso da política extremista. Entendemos que numa democracia é o povo que escolhe e determina, e ainda bem. Sabemos da importância da Itália para a União Europeia, esperamos e desejamos que exista bom senso e a necessária tolerância inicial para quem se propõe a governar.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...