terça-feira, 27 de setembro de 2022

ARTIGO - As eleições na Itália e a nova ordem! (Padre Carlos)

 


O Fascismo está voltando?


 


O partido de ultradireita FdI, de raízes pós-fascistas e liderado por Giorgia Meloni, foi o mais votado nesta eleição na Itália. A aliança de direita conseguiu maioria suficiente para controlar as duas casas do Parlamento. O triunfo de Meloni representa uma mudança significativa para a Itália, membro fundador da União Europeia e a terceira maior economia da zona do euro, e também para a EU. A Itália representa uma parcela significativa do velho continente. Não podemos esquecer que este resultado se deu apenas algumas semanas depois de a ultradireita ganhar as eleições na Suécia.

Os italianos escolheram e não podemos esquecer que o povo tem sempre razão, esta é a lógica da política. Sempre que os ditos liberais democráticos, isto é, os moderados falham os extremistas aproveitam e terminam chegando ao poder. Se a utradireita cresce na Europa então é sinal que os partidos de centro não estão correspondendo ao desejo dos cidadãos. O pior de tudo é quando os moderados cedem ao extremismo para vencer e não percebem que é a sua falta de competência que estimula este tipo de política

Assim como no Brasil, os italianos estão mais preocupados com os problemas reais do país do que com as supostas “ameaças” à democracia que têm dominado o debate político na terra das palmeiras e na Europa. É tempo de perguntar se é a extrema-direita que é uma ameaça ou a incompetência dos partidos moderados quando governam os países onde são eleitos?

Tanto a extrema-esquerda como a extrema-direita vive dos erros dos restantes, alimentam-se da demagogia e, sobretudo das injustiças que aqui e ali assistimos diariamente. Como já verificámos aqui no Brasil, os eleitores que votaram quase duas décadas em um partido de centro como o PT, terminaram votando em protesto no candidato da utradireita.   Por outro lado, verificamos também que a polarização na nossa eleição, termina se alimentando reciprocamente para ganharem espaço mediático reduzindo normalmente o espectro político dos partidos moderados e que habitualmente são partidos de poder. O problema cresce quando os supostos moderados se aliam aos extremistas para sobreviver. Nosso país sente hoje as consequências dessa aliança, pois de fato partido que se aliou a extremistas para derrotar o PT, não querem assumir a parcela de responsabilidade pela ascensão da utradireita.

Se durante anos, o PPE foi a força que mais “governou” na Europa, nos últimos 6 a 7 anos essa correlação de forças foi-se alterando e hoje esse poder pende hoje mais para a esquerda europeia. Partidos de centro governando com o apoio da extrema-esquerda ou da extrema-direita tornaram-se um hábito e a Itália não é exceção. Os primeiros exemplos vieram da Áustria e da Grécia, mas hoje poderíamos definir como o novo normal. Em ambos os casos fracassaram e deveriam ter servido de exemplo.

A realidade política italiana representa muito mais o fracasso dos partidos tradicionais do que o sucesso da política extremista. Entendemos que numa democracia é o povo que escolhe e determina, e ainda bem. Sabemos da importância da Itália para a União Europeia, esperamos e desejamos que exista bom senso e a necessária tolerância inicial para quem se propõe a governar.


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...