O Fascismo
está voltando?
O partido de
ultradireita FdI, de raízes pós-fascistas e liderado por Giorgia Meloni, foi o
mais votado nesta eleição na Itália. A aliança de direita conseguiu maioria
suficiente para controlar as duas casas do Parlamento. O triunfo de Meloni
representa uma mudança significativa para a Itália, membro fundador da União
Europeia e a terceira maior economia da zona do euro, e também para a EU. A
Itália representa uma parcela significativa do velho continente. Não podemos
esquecer que este resultado se deu apenas algumas semanas depois de a
ultradireita ganhar as eleições na Suécia.
Os italianos escolheram e não podemos esquecer que o
povo tem sempre razão, esta é a lógica da política. Sempre que os ditos liberais
democráticos, isto é, os moderados falham os extremistas aproveitam e terminam
chegando ao poder. Se a utradireita cresce na Europa então é sinal que os
partidos de centro não estão correspondendo ao desejo dos cidadãos. O pior de
tudo é quando os moderados cedem ao extremismo para vencer e não percebem que é
a sua falta de competência que estimula este tipo de política
Assim como no
Brasil, os italianos estão mais preocupados com os problemas reais do país do
que com as supostas “ameaças” à democracia que têm dominado o debate político
na terra das palmeiras e na Europa. É tempo de perguntar se é a extrema-direita
que é uma ameaça ou a incompetência dos partidos moderados quando governam os
países onde são eleitos?
Tanto a
extrema-esquerda como a extrema-direita vive dos erros dos restantes,
alimentam-se da demagogia e, sobretudo das injustiças que aqui e ali assistimos
diariamente. Como já verificámos aqui no Brasil, os eleitores que votaram quase
duas décadas em um partido de centro como o PT, terminaram votando em protesto
no candidato da utradireita. Por outro lado, verificamos também que a
polarização na nossa eleição, termina se alimentando reciprocamente para
ganharem espaço mediático reduzindo normalmente o espectro político dos
partidos moderados e que habitualmente são partidos de poder. O problema cresce
quando os supostos moderados se aliam aos extremistas para sobreviver. Nosso
país sente hoje as consequências dessa aliança, pois de fato partido que se
aliou a extremistas para derrotar o PT, não querem assumir a parcela de
responsabilidade pela ascensão da utradireita.
Se durante anos, o
PPE foi a força que mais “governou” na Europa, nos últimos 6 a 7 anos essa
correlação de forças foi-se alterando e hoje esse poder pende hoje mais para a
esquerda europeia. Partidos de centro governando com o apoio da
extrema-esquerda ou da extrema-direita tornaram-se um hábito e a Itália não é exceção.
Os primeiros exemplos vieram da Áustria e da Grécia, mas hoje poderíamos definir
como o novo normal. Em ambos os casos fracassaram e deveriam ter servido de
exemplo.
A realidade política italiana representa muito mais
o fracasso dos partidos tradicionais do que o sucesso da política extremista.
Entendemos que numa democracia é o povo que escolhe e determina, e ainda bem. Sabemos
da importância da Itália para a União Europeia, esperamos e desejamos que
exista bom senso e a necessária tolerância inicial para quem se propõe a
governar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário