segunda-feira, 3 de outubro de 2022

ARTIGO - Nós subestimamos este projeto quando havia só Bolsonaro. Agora que existe o bolsonarismo, não podemos subestimá-lo mais. (Padre Carlos)

Nós subestimamos Bolsonaro




Como poderíamos analisar os resultados deste primeiro turno e o que as urnas revelaram de tão sério, que deixaram parte da comunidade internacional preocupada com o Brasil? As eleições deste domingo revelou que somos muito mais que uma sociedade conservadora, ela deixa claro o avanço da barbárie sobre a nossa sociedade. Como professor de filosofia política, tenho a obrigação de estudar por necessidade do ofício a conjuntura política e a forma como a utradireita vem avançando no país, confesso aos senhores que não esperava que emergisse das urnas uma onda fascista tão forte e dura capaz de acender de novo nossas preocupações com o futuro democrático e como estas forças vão se posicionar em relação a uma derrota do seu candidato nesta eleição.

O resultado das urnas deste domingo surpreendeu pela pequena margem de diferença que separa Lula de Bolsonaro e o perigo que representa esta aproximação. A apuração dos votos revelou para a nossa surpresa que o bolsonarismo nunca esteve tão presente na sociedade brasileira, e que resistiu à má gestão da pandemia, à erosão de quatro anos de desgoverno e ao estilo truculento do Presidente governar.

Quando muitos analistas e eleitores acreditavam que o voto silencioso iria favorecer Lula, esse voto silencioso ou indeciso beneficiou Bolsonaro. Recorde-se que as últimas pesquisas (na semana passada), atríbuíam 35% das intenções de voto ao presidente. Bolsonaro obteve 43%”, o que equivale a mais de 51 milhões de votos e isto por si só já é o suficiente para oxigenar seus seguidores com a falsa campanha que as urnas foram violadas e a justiça estaria a serviço de uma grande fraude eleitoral.

Como entender o sucesso eleitoral dos ex-ministros de Jair Bolsonaro: Dos 17 que se candidataram a lugares elegíveis, nove foram eleitos deputados federais ou senadores, dois deles têm chances de serem eleitos governadores estaduais no segundo turno das eleições em 30 de outubro - Tarcísio de Freitas, ex-ministro das Infraestruturas de Bolsonaro, disputa o governo estadual de São Paulo com Fernando Haddad do PT, e o polémico Onyx Lorenzoni, ex-ministro da Casa Civil e da Cidadania, disputa o governo estadual do Rio Grande do Sul com Eduardo Leite do PSDB.

        Esta eleição tem se dado em um ambiente político marcado por crise e uma eventual fragilidade do governo, a maior ilusão para aqueles que fazem oposição a Bolsonaro e seu projeto foi à percepção de que isoladamente cada um poderia derrotar o Presidente em sua reeleição. Uma lição que fica para os cientistas políticos e os democratas de um modo geral é que nós subestimamos este projeto quando havia só o Bolsonaro. Agora que existe o bolsonarismo, não podemos subestimá-lo como fizemos neste primeiro turno. Para os brasileiros, este segundo turno será decisivo para que tenhamos possibilidade de reconstruir o Brasil e o Estado em patamares democráticos, justos e igualitários.

 

 

 

 


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