quinta-feira, 17 de novembro de 2022

ARTIGO - Suprema Corte e o presidente eleito. (Padre Carlos)

 


Quando o esquecimento vira um sinal de alerta?


 

Ao suspender a última ação contra Lula no STF, a mais alta Corte do país, reforça a tese da perseguição judicial que Lula foi vítima. Estas injustiças contra o ex-presidente só foi possível porque o nosso sistema de justiça falhou. Para que isto pudesse acontecer, as leis tiveram que ser manipuladas. Seriam possíveis as ações de Sérgio Mouro sem que o Supremo consentisse? Quem teria sido verdadeiramente "o carcereiro da Lava Jato"? Se Lula foi vítima de manipulação das leis com fins de perseguição política, qual seria o papel da Suprema Corte nestes fatos?

Vamos recordar os leitores alguns acontecimentos:

Quando Ministro Dias Toffoli autorizou somente o encontro de Lula com os seus familiares não permitindo que este estivesse presente no velório nem no funeral do seu irmão, ele termina cometendo uma injustiça contra o ex-presidente. Já que a Lei prevê que condenados cumprindo pena em regime fechado possam sair quando ocorrer falecimento de pais, filhos, irmãos e cônjuge. O que aconteceu de fato não foi uma autorização, fizeram um circo jurídico, postergaram o cumprimento da lei para que Lula não pudesse se despedir de seu Irmão.   Outro fato importante deste quebra-cabeça, foi à censura prévia imposta pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), quando suspendeu uma liminar concedida por seu colega Ricardo Lewandowski e proibiu na época o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar entrevista à “Folha de S. Paulo” na prisão. Conforme a decisão de Fux, se o ex-presidente já tivesse concedido, sua divulgação estaria proibida.

Com relação a Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), antes de anular todas as ações penais da operação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já tinha rejeitado ao menos 10 vezes retirar os processos de Curitiba. Ele sempre negava os recursos sobre a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar ações que envolvessem a Petrobras.

Quem não se lembra do comportamento lesivo de Carmen Lúcia ao direito do Lula de acesso à justiça. Segundo seus pares, ela manipulou as pautas do STF para impedir a análise colegiada das petições da defesa do ex-presidente.

Outra ministra que teve um papel importante neste processo foi a Rosa Weber, ela que poderia ter dado o voto que asseguraria a liberdade de Lula, em um Habeas Corpus que estava afetado ao Pleno do STF, resolveu dar um voto dizendo que tinha opinião diferente, mas não podia dar sua opinião porque aquele processo não permitia mudar de opinião?
         A violência contra Lula só foi escancarada quando Barroso impediu a sua candidatura em 2018, contrariando nada mais nada menos que uma LIMINAR INÉDITA da ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS.

Depois de todo este sofrimento, nos questionamos: Como a Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Mouro conseguiu tanto poder ao ponto de destruir pessoas empresas e mudar a história do país? Será que sozinha a 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) seria capaz de tal proeza?

Não resta dúvida que houve uso da Justiça para perseguir inimigos políticos, lawfare e diante de tudo que sucedeu no campo da política, da economia e da justiça no Brasil, precisamos identificar a responsabilidade das pessoas e Instituições em tudo o que aconteceu, não podemos agir como fizemos com a ditadura, só assim, poderemos passar a limpo esta triste página da história política e jurídica do país.

 

 


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

ARTIGO - Quando a Estrela se torna símbolo de discriminação e morte. (Padre Carlos)

 O comércio de judeus era marcado pela estrela de Davi.



A atriz, Regina Duarte, não aceitou bem a vitória de Lula para presidente e tem usado as redes sociais para criticar os eleitores e o Partido dos Trabalhadores.

Numa das suas últimas publicações, Regina Duarte sugere que os comerciantes eleitores de Lula ponham um adesivo com uma estrela na fachada do seu estabelecimento, para que se identifiquem como apoiantes do atual governo e assim demonstrarem o seu “orgulho” no Presidente que elegeram.

“Atenção petistas, coloquem esse adesivo na porta do seu negócio. Mostre que você tem orgulho de quem elegeu”.

A publicação da atriz e ex-secretária da Cultura do governo de Jair Bolsonaro, no Instagram foi alvo de controvérsia e foi interpretada como um incentivo à discriminação, tendo mesmo sido comparada com as estrelas que a Alemanha nazi obrigava os judeus a usar. Na Alemanha Nazista, o comércio de judeus era marcado pela estrela de Davi. Defender atos semelhantes é uma enorme vergonha.

O objetivo dos nazistas eram tornar o inimigo interno visível. Qual seria os verdadeiros proposito da atriz, seria mesmo este? Como disse Marx: A história se repete como tragédia ou como farsa. Em 1º de setembro de 1941, os nazistas decretaram aos judeus o uso obrigatório da estrela de seis pontas sobre fundo amarelo. Ela se tornou um estigma de sua exclusão da sociedade e, mais tarde, do próprio Holocausto.

 


ARTIGO - A solidão tem assombrado a humanidade. (Padre Carlos)

 


A solidão não é companheira

 


 

Um dos grandes problemas enfrentado neste início de milénio é a forma dorida como as pessoas se relacionam com suas perdas e o medo da solidão. Estes fatos recorrentes no cotidiano desta população cada da vez mais urbana tem provocado o aumento de patologias, como a obesidade, doenças vasculares e a depressão.  Só quem sente ou sentiu solidão, pode avaliar quão dolorosa pode ser, notando os sentimentos de tristeza, abandono e depressão, e também suas temíveis consequências.

Peço licença para retornar a este assunto, devido a sua importância por ser um tema recorrente e cada vez mais presente nas nossas vidas. Vamos falar deste sentimento que é a solidão, em particular a que se relacionam com os solteiros, viúvos ou idosos, principalmente quando vem acompanhado de infelicidade e dor, motivado pela ausência dos outros ou, de uma relação profunda e verdadeira. Elas costumam aparecer quando as perdas aumentam de tal forma que se torna muito dolorosa.

Precisamos entender que, nada é mais assustador do que a terrena solidão. Só conhecendo a dor e o sofrimento do outro, entenderemos como ela é medida ou conhecida pelos estalos dos móveis à noite, pelo barulho dos carros ou pela profunda sensação de vazio e isolamento que vai tomando conta da nossa existência.

Este tema tem cada vez mais assombrado a humanidade: a solidão, em particular a relacionada à velhice. Esta não rouba o futuro, ela costuma roubar o nosso passado, as nossas memórias, até a voz dos pais e o rosto daquela paixão da adolescência.

Marco Túlio Cícero (106 a.C.-43 a.C.), filósofo estoico, ensinou que devemos aceitar os desígnios da natureza. A velhice não é inevitável, as consequências do envelhecer são inexoráveis. Na obra “Saber envelhecer”, enfrentar a solidão e vivenciar este estágio da vida com naturalidade é fundamental para ser feliz.  Assim, ele afirma que “as melhores armas para vencer a solidão na velhice são o conhecimento e a prática das virtudes” (p. 12).[1]

Já os poetas falam destes assuntos de forma mais clara, por isto, conseguem traduzir estas emoções que brotam do fundo da nossa alma e falar o que verdadeiramente estamos sentindo: “A solidão é fera, a solidão devora. É amiga das horas, prima-irmã do tempo. E faz nossos relógios caminharem lentos. Causando um descompasso no meu coração”.

 


sexta-feira, 11 de novembro de 2022

ARTIGO - ACM Neto, acena para uma aliança com o PT. (Padre Carlos)

 


Qual o Centrão, Neto e Luciano Bivar ou o de Arthur Lira?

 



Quem não conhece a expressão popular: Vão-se os anéis e ficam os dedos. Ela reflete a escolha pelo mal menor. Perde-se o secundário, mas preserva-se o primário, o mais importante. Foi pensando nisto que na primeira visita a Brasília após a vitória nas urnas, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva admitiu fazer um acordo político com o Centrão para aprovar medidas de interesse do Palácio do Planalto, a partir de 2023.

Por trás do discurso usado pelo PT para não lançar candidatura própria a Câmara se encontra uma visão pragmática para governar com retaguarda. Por isto, Lula assegurou que o PT não terá candidato próprio à presidência da Câmara e acenou para uma aliança. Lula não afirmou que o PT apoiará a recondução do líder do Centrão à presidência da Câmara, estas coisas não se falam se constroem através de negociações, até porque, está muito cedo, já que a eleição que vai escolher a nova cúpula do Congresso será em fevereiro de 2023.

Todos nós entendemos que o Centrão é uma composição de vários partidos e quem está no métier da política sabe que a ação de grandeza é rara neste campo. Impressiona a falta de senso de grandeza no exercício de cargo público em prol de uma causa maior, por isto o PT e Alckmin precisarão mais que simples conversa para convencê-los das propostas do futuro governo. Foi pensando nas primícias que o novo governo precisa conversar com o Centrão, que levou o secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, acenar com a possibilidade de uma aliança de seu partido com o PT, e seria uma adesão formal da sigla ao governo Lula. Mas com uma condição. Neto e Luciano Bivar, presidente do partido, querem que Lula apoie um nome da legenda para a Presidência da Câmara, contra Arthur Lira.

Não existe problema algum em compor com o Centrão, este bloco parlamentar costuma transitar entre os governos, seja de direita ou de esquerda, oferecendo seu apoio em troca de cargos. O que gostaríamos de saber é qual Centrão é mais vantajoso compor. O bloco hoje conta com cerca de 220 parlamentares. Lula precisa saber com quantos deputados Lira pode contar. Mas não vamos nos iludir! O objetivo final do Centrão é, simplesmente, usar toda a estrutura estatal para se manter no poder. Eles precisam disso e vão fazer de tudo para defender o status quo. O bloco inclui partidos como o Progressistas, Republicanos, Solidariedade, PL e PTB, e frequentemente parlamentares do PSD, DEM, MDB, PROS PSC, Avante e Patriota.

 

 


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

ARTIGO - Lula chora ao falar de combate à fome (Padre Carlos)

 

Lula chora ao falar da volta da fome.

 

 


Lula não conseguiu contar a emoção e chorou, nesta quinta-feira, dia 10, durante discurso a parlamentares aliados no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, onde uma equipa escolhido por ele trabalha na transição para o novo governo.

No momento de emoção, Lula falava de combate à fome - que afeta 33 milhões de brasileiros - quando se comoveu. "Se quando eu terminar este mandato, cada brasileiro estiver tomando café, estiver almoçando e estiver jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida".

Em seguida chorou e a plateia aplaudiu e gritou o seu nome. “Desculpem, mas o fato é que eu jamais esperava que a fome voltasse a este país. Jamais. Quando deixei a presidência imaginava que nos dez anos seguintes o Brasil estaria igual à França, estaria igual à Inglaterra, teria evoluído do ponto de vista das conquistas sociais".

Só quem se compadece com o sofrimento alheio, consegue sofrer junto com ele, e ajuda-lo a aliviar a sua dor. Assim, Lula se comoveu com o sofrimento, causado pela fome e pobreza que assola milhões de pessoas em nosso país, para ele este é um problema persistente. Onde há pobreza, na maioria das vezes, há fome,

Não podemos esquecer que em 2014, já sob o governo de Dilma Rousseff, celebramos a saída do Mapa da Fome da ONU. O Brasil no governo Bolsonaro traz de volta esta triste estatística. Um país entra no Mapa da Fome quando mais de 2,5% da população enfrentam falta crônica de alimentos. No Brasil, a fome crônica atingiu agora 4,1% e, pelo levantamento, a situação no país é mais grave do que a média global.

Ao se emocionar com o sofrimento do seu povo, ele revelou a mais bela definição de humanidade que se poderia esperar de um chefe de Estado.

 


ARTIGO - O seu nome será sempre Gal (Padre Carlos)

 


Gal Costa (1945-2022), um cristal que se quebrou.

 


 

Apesar de a morte ser uma certeza, continua nos surpreendendo quando chega sem aviso, como foi esta partida repentina de Gal. A menina que marcou minha geração com o seu canto cristalino, partiu nesta quarta-feira. Para os baianos, a notícia desta inesperada morte é sempre dolorosa pela forma como nos relacionamos com este quarteto. A gente sempre tratou como: Gil, Betânia, Gal e Caetano. É como se fossem amigos de várias décadas. Perdemos neste dia, um pedaço da nossa História.

Não faz muito tempo, que li uma reportagem onde ela falava dos mais de cinquenta anos de carreira. Falava da menina Gal, que gosta de sorrir, de dançar e de cantar.  Perguntado se ela pensava em escrever suas histórias, ela respondeu: “Escrever as minhas memórias? Sim, mas mais para frente. Ainda tenho muitos planos”.

    Sempre falava com orgulho do seu papel no Tropicalismo e explicava a riqueza permanente da música do Brasil por onde passava fruto da mistura de negros, índios e portugueses. Ninguém conhecia a menina Maria da Graça, mas bastou uma só canção para fixar na memória coletiva a identidade que a projetou no Brasil e no mundo: Meu nome é Gal. Em 1969, Gal Costa, cintilante e de forma direta, declarava: “Meu nome é Gal, tenho 24 anos/Nasci na Barra Avenida, Bahia/Todo dia eu sonho alguém para mim/Acredito em Deus, gosto de baile, cinema/Admiro Caetano, Gil, Roberto, Erasmo.” A lista de referências continuava entre as estrelas da MPB. Quando eu escutava no antigo vinil, ‘Meu Nome é Gal’, terceira faixa do álbum número três da baiana, me vinha à mente aquela menina de meados da década de sessenta, quase meio século depois. Ainda gosto de ouvir e lembrar aquele quarteto de baianos.

Na verdade, estamos em choque é triste demais: Gal, já estou com saudade, aproveito este texto para agradecer meio século de canções e gostaria de lembrar que seu legado é uma das obras mais ricas e diversas da música popular brasileira.

 

 




quarta-feira, 9 de novembro de 2022

ARTIGO - TSE Já admitiu que as urnas são seguras antes de relatório das Forças Armadas (Padre Carlos)

 


Na democracia, são os votos que asseguram as armas ou são estas que dão sustentação aqueles?

 

 



Será entregue nesta quarta-feira (9) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o relatório das Forças Armadas sobre as eleições 2022. Este documento não tem base legal para justificar as declarações do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que  afirmou em nota que  iria aguardar o relatório para dizer que se reconheceria ou não o resultado das urnas.  Seja qual for o resultado desta “investigação”, o TSE já declarou a vitória ao candidato do Partido dos Trabalhadores. Estes fatos só servem para comprovar  que estamos distantes de sermos uma democracia consolidada e  devem inquietar-nos. Questionemos, p. ex., a presença das Forças Armadas como órgão fiscalizador ao ponto de definir a legalidade do processo, tem base legal? Estamos realmente em uma democracia sólida, são os votos que asseguram as armas ou são estas que dão sustentação aqueles?

Por isto me lembrei de um fato histórico que ocorreu na Grécia antiga. Segundo o historiador, Pirro, general grego, disse ao ganhar a Batalha de Ásculo que outra vitória desta e ele estaria perdido. Referia-se ao alto número de homens que perdera e a não ter mais onde recrutar soldados. A batalha que Lula e a Frente Democrática, travaram contra o fascismo e a vitória apertada, lembra que a democracia brasileira venceu a disputa contra o fascismo, mas o bolsonarismo esta mais vivo do que nunca.  Observando a realidade, constato o quanto esta Frente se alargou ao ponto de tucanos e petistas darem as mãos para termos hoje uma democracia.

Mesmo com todos os defeitos e imperfeições, gostaria de deixar claro que a mais deficiente das democracias é sempre melhor do que a mais eficiente das ditaduras. No entanto, atento para a fragilidade de nossa democracia.  Temos, neste momento, ameaças de um revés autoritário e isto se dá devido à falta de consolidação do estado democrático de direito. Mas, isso é tudo? Nossa democracia tem seríssimas deficiências que esta eleição e a pós-eleição fez aflorar.

Temos eleições a cada dois anos, mas elas são aguardadas e tratadas como se fosse um presente uma concessão que a direita e as forças conservadoras oferecem ao povo.

Durante muitos anos ouvimos dizer que a democracia brasileira estava consolidada. Afirmava-se que as eleições era uma festa da democracia. Na verdade, o que a sociedade brasileira tem que entender que a eleição nada mais é que o processo pelo qual escolhemos os nossos representantes. Simples assim. Por que, depois de tanta luta , as instituições certificaram ,validaram e confirmaram a plena validade e legitimidade das eleições brasileira, qualquer interferência das Forças Armadas neste processo seria um golpe para democracia e a vontade das urnas.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...