A solidão não é companheira
Um dos grandes problemas enfrentado neste
início de milénio é a forma dorida como as pessoas se relacionam com suas
perdas e o medo da solidão. Estes fatos recorrentes no cotidiano desta
população cada da vez mais urbana tem provocado o aumento de patologias, como a
obesidade, doenças vasculares e a depressão. Só quem sente ou sentiu solidão,
pode avaliar quão dolorosa pode ser, notando os sentimentos de tristeza,
abandono e depressão, e também suas temíveis consequências.
Peço licença para retornar a este assunto, devido a
sua importância por ser um tema recorrente e cada vez mais presente nas nossas
vidas. Vamos falar deste sentimento que é a solidão, em particular a que se relacionam
com os solteiros, viúvos ou idosos, principalmente quando vem acompanhado de infelicidade
e dor, motivado pela ausência dos outros ou, de uma relação profunda e
verdadeira. Elas costumam aparecer quando as perdas aumentam de tal forma que se torna
muito dolorosa.
Precisamos entender
que, nada é mais assustador do que a terrena solidão. Só conhecendo a dor e o
sofrimento do outro, entenderemos como ela é medida ou conhecida pelos estalos
dos móveis à noite, pelo barulho dos carros ou pela profunda sensação de vazio e isolamento que vai
tomando conta da nossa existência.
Este tema tem cada vez
mais assombrado a humanidade: a solidão, em particular a relacionada à velhice.
Esta não rouba o futuro, ela costuma roubar o nosso passado, as nossas
memórias, até a voz dos pais e o rosto daquela paixão da adolescência.
Marco
Túlio Cícero (106 a.C.-43 a.C.), filósofo estoico, ensinou que devemos aceitar
os desígnios da natureza. A velhice não é inevitável, as consequências do
envelhecer são inexoráveis. Na obra “Saber envelhecer”, enfrentar a solidão e vivenciar
este estágio da vida com naturalidade é fundamental para ser feliz. Assim, ele afirma que “as melhores armas para
vencer a solidão na velhice são o conhecimento e a prática das virtudes” (p.
12).[1]
Já os poetas falam destes assuntos de forma mais clara, por
isto, conseguem traduzir estas emoções que brotam do fundo da nossa alma e
falar o que verdadeiramente estamos sentindo: “A solidão é fera, a solidão
devora. É amiga das horas, prima-irmã do tempo. E faz nossos relógios
caminharem lentos. Causando um descompasso no meu coração”.
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