segunda-feira, 14 de novembro de 2022

ARTIGO - A solidão tem assombrado a humanidade. (Padre Carlos)

 


A solidão não é companheira

 


 

Um dos grandes problemas enfrentado neste início de milénio é a forma dorida como as pessoas se relacionam com suas perdas e o medo da solidão. Estes fatos recorrentes no cotidiano desta população cada da vez mais urbana tem provocado o aumento de patologias, como a obesidade, doenças vasculares e a depressão.  Só quem sente ou sentiu solidão, pode avaliar quão dolorosa pode ser, notando os sentimentos de tristeza, abandono e depressão, e também suas temíveis consequências.

Peço licença para retornar a este assunto, devido a sua importância por ser um tema recorrente e cada vez mais presente nas nossas vidas. Vamos falar deste sentimento que é a solidão, em particular a que se relacionam com os solteiros, viúvos ou idosos, principalmente quando vem acompanhado de infelicidade e dor, motivado pela ausência dos outros ou, de uma relação profunda e verdadeira. Elas costumam aparecer quando as perdas aumentam de tal forma que se torna muito dolorosa.

Precisamos entender que, nada é mais assustador do que a terrena solidão. Só conhecendo a dor e o sofrimento do outro, entenderemos como ela é medida ou conhecida pelos estalos dos móveis à noite, pelo barulho dos carros ou pela profunda sensação de vazio e isolamento que vai tomando conta da nossa existência.

Este tema tem cada vez mais assombrado a humanidade: a solidão, em particular a relacionada à velhice. Esta não rouba o futuro, ela costuma roubar o nosso passado, as nossas memórias, até a voz dos pais e o rosto daquela paixão da adolescência.

Marco Túlio Cícero (106 a.C.-43 a.C.), filósofo estoico, ensinou que devemos aceitar os desígnios da natureza. A velhice não é inevitável, as consequências do envelhecer são inexoráveis. Na obra “Saber envelhecer”, enfrentar a solidão e vivenciar este estágio da vida com naturalidade é fundamental para ser feliz.  Assim, ele afirma que “as melhores armas para vencer a solidão na velhice são o conhecimento e a prática das virtudes” (p. 12).[1]

Já os poetas falam destes assuntos de forma mais clara, por isto, conseguem traduzir estas emoções que brotam do fundo da nossa alma e falar o que verdadeiramente estamos sentindo: “A solidão é fera, a solidão devora. É amiga das horas, prima-irmã do tempo. E faz nossos relógios caminharem lentos. Causando um descompasso no meu coração”.

 


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