A esquerda precisa aprender a lidar com os militares
Apesar
das muitas análises a respeito dos últimos acontecimentos em Brasília, não
posso deixar de admitir que fazer uma abordagem da nossa conturbada conjuntura,
onde sobram indagações e incertezas, esta ligada diretamente ao quadro de impunidade
com relação a alguns militares envolvidos em ações relacionadas aos atentados
de oito de janeiro e as insubordinações ao atual governo.
Um fato inusitado que ocorreu durante a
tentativa de golpe por partes de militantes da Ultradireita e ainda não foi
totalmente esclarecido, foi à forma como os criminosos foram protegidos. Buscando refúgio, bolsonaristas se dirigiram
para o acampamento golpista montado há meses em frente ao Quartel-General do
Exército Brasileiro. A imprensa e representantes da comunidade que acompanhavam
o desfecho acharam que diante dos acontecimentos, a tropa iria agir com rigor,
infelizmente o Exército entrou em ação, não para prender os responsáveis
da invasão das sedes dos Três Poderes, o "Braço forte, mão amiga", entrou
na luta para impedir a entrada da Polícia Militar no acampamento golpista em
frente ao seu quartel-general, em Brasília. Imagens de dois blindados
deslocados para frente do quartel tinha como objetivo mostrar que o comando
falava sério e estavam dispostos a tudo para proteger aquelas pessoas. Este
comportamento dos militares chocaram o Brasil e o mundo que não entenderam o
comportamento do Exercito brasileiro. Diante
disso, a pergunta que não quer calar é: quem são
as pessoas que o Comandante estava protegendo?
Essa
suposta ação dos militares do Exército, obviamente realizada sob o comando de
autoridades superiores, demonstra além de uma intenção mesmo involuntária de
dar abrigo a criminosos, uma afronta ao Poder Público constituído, nesse caso,
aos Três Poderes da República covardemente atacados.
Não
podemos esquecer que o Brasil ao anistiar esses criminosos possibilitou que as
forças armadas continuassem a articular golpes de Estado como ocorreu em 2016 e
pudessem tutelar a República como ocorreu no governo de Temer e no governo
Bolsonaro. Quem trabalha ou milita no métier da política sabe que o General Villas Boas foi um dos articuladores do golpe de 2016 e do retorno da
República a tutela militar.
Apesar de não concordar
com a forma e métodos do governo passado, tenho que admitir que não
se pode negar que Jair Bolsonaro sabia lidar muito bem com os milicos. Da
exoneração humilhante do general Santos Cruz, acompanhadas das demissões,
também desonrosas, dos generais Rêgo Barros e Silva e Luna, culminando com a
substituição coletiva dos comandantes das três Forças Armadas – após estes não
se alinharem com suas ideias golpistas –, Bolsonaro impôs e demonstrou toda a
sua autoridade como comandante supremo dos fardados. O mesmo não podemos
falar da esquerda que nunca soube lidar com os militares, sempre fazendo concessões
e deixando a besta chocar seus ovos. Diante disso, de que adianta
saber a verdade, se não tivermos coragem suficiente para punir.