segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

ARTIGO - De que adianta saber a verdade, se não tivermos coragem de punir os militares? (Padre Carlos)

 

A esquerda precisa aprender a lidar com os militares

 


Apesar das muitas análises a respeito dos últimos acontecimentos em Brasília, não posso deixar de admitir que fazer uma abordagem da nossa conturbada conjuntura, onde sobram indagações e incertezas, esta ligada diretamente ao quadro de impunidade com relação a alguns militares envolvidos em ações relacionadas aos atentados de oito de janeiro e as insubordinações ao atual governo.

Um fato inusitado que ocorreu durante a tentativa de golpe por partes de militantes da Ultradireita e ainda não foi totalmente esclarecido, foi à forma como os criminosos foram protegidos.   Buscando refúgio, bolsonaristas se dirigiram para o acampamento golpista montado há meses em frente ao Quartel-General do Exército Brasileiro. A imprensa e representantes da comunidade que acompanhavam o desfecho acharam que diante dos acontecimentos, a tropa iria agir com rigor, infelizmente o Exército entrou em ação, não para prender os responsáveis da invasão das sedes dos Três Poderes, o "Braço forte, mão amiga", entrou na luta para impedir a entrada da Polícia Militar no acampamento golpista em frente ao seu quartel-general, em Brasília. Imagens de dois blindados deslocados para frente do quartel tinha como objetivo mostrar que o comando falava sério e estavam dispostos a tudo para proteger aquelas pessoas. Este comportamento dos militares chocaram o Brasil e o mundo que não entenderam o comportamento do Exercito brasileiro.  Diante disso, a pergunta que não quer calar é: quem são as pessoas que o Comandante estava protegendo?

Essa suposta ação dos militares do Exército, obviamente realizada sob o comando de autoridades superiores, demonstra além de uma intenção mesmo involuntária de dar abrigo a criminosos, uma afronta ao Poder Público constituído, nesse caso, aos Três Poderes da República covardemente atacados.

Não podemos esquecer que o Brasil ao anistiar esses criminosos possibilitou que as forças armadas continuassem a articular golpes de Estado como ocorreu em 2016 e pudessem tutelar a República como ocorreu no governo de Temer e no governo Bolsonaro. Quem trabalha ou milita no métier da política sabe que o General Villas Boas foi um dos articuladores do golpe de 2016 e do retorno da República a tutela militar.

Apesar de não concordar com a forma e métodos do governo passado, tenho que admitir que não se pode negar que Jair Bolsonaro sabia lidar muito bem com os milicos. Da exoneração humilhante do general Santos Cruz, acompanhadas das demissões, também desonrosas, dos generais Rêgo Barros e Silva e Luna, culminando com a substituição coletiva dos comandantes das três Forças Armadas – após estes não se alinharem com suas ideias golpistas –, Bolsonaro impôs e demonstrou toda a sua autoridade como comandante supremo dos fardados. O mesmo não podemos falar da esquerda que nunca soube lidar com os militares, sempre fazendo concessões e deixando a besta chocar seus ovos. Diante disso, de que adianta saber a verdade, se não tivermos coragem suficiente para punir.

 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...