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Hoje estava pensando nos meus carnavais de chuva suor e
cerveja. Nos blocos de rua, das batucadas e cordões. Com alguns instrumentos e
uma corda, arrastávamos muita gente. Quem conseguia captar o sentimento
daqueles jovens era Sérgio Sampaio:
“Eu quero é botar meu bloco na rua Brincar, botar pra gemer Eu quero é botar meu bloco na rua Gingar, pra dar e vender…” Assim, cada bairro vinha para avenida com sua batucada e trazia
os amigos da escola e da rua, com nossas mortalhas feitas pela mãe de algum
participante daquele bloco.
Que emoção era descer a ladeira de São Bento, a procura dos amigos.
Encontrar os companheiros de militância em frente ao clube de engenharia. Fazíamos daquele espaço o QG do DCE e do movimento de esquerda. Que saudade do cordão da orla com era chamado: Paulo Pontes, Dapieve, Aninha, Valdelio, Pedro Yapone, Anilson, Zezeu Pola e tantos outros.
Depois de sonhar com as revoluções, voltava para o Campo Grande pela Carlos Gomes. À noite, brincávamos no Clube Português
e encontrava os amigos do bairro.
Tem pessoas que não param no tempo
é como se a vida fosse de forma linear e eles jamais ficassem velhos e ultrapassados.
Quando vejo Caetano e Gil, cantando com esta nova geração de cantores do
carnaval baiano, acredito que dentro deles não existe tempo nem espaço, são
verdadeiros mitos da nossa cultura.
Quando Caetano volta do exílio, encontra
nosso carnaval em uma mudança profunda. Passamos a partir daquele ano, a
vivenciar a contra cultura no carnaval e depois desta experiência,
o carnaval de Salvador, jamais foi o mesmo. Só o poeta é capaz de influenciar e
se deixar ser influenciado, por isto, tem a capacidade de captar nossos sentimentos e
traduzir em versos as nossas emoções.
“Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
Que a chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo perdendo a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar ladeira abaixo
Acho que a chuva ajuda a gente a se ver
Venha veja deixa beija seja
O que Deus quiser
A gente se embala se embora se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha se beija se molha
De chuva suor e cerveja”
Hoje, entendo aquela geração que brincava para esquecer aqueles anos de
chumbo e buscava nas ruas através de protestos, uma forma de se rebelar contra
o sistema. Assim, aqueles meninos lutavam bravamente com as armas que tinham.
Na década de 70, lutávamos contra um regime que mantinha nossos sonhos
encarcerados, mas, expressávamos no carnaval todo aquele sentimento de
impotência, nosso carnaval era democrático. O Brasil vivia censurado pela ditadura e o
carnaval tinha essa função de panela de pressão.
Já na década de 80, o
carnaval já tinha uma estrutura empresarial e musical (sonorização, palco)
montada em cima de grandes caminhões. Criação típica do carnaval baiano, esta estrutura,
passava agora a animar as nossas festas populares com a participação de músicos
de axé. Os trios passam a percorrer outros circuitos que não era o Campo Grande
a Praça da sé. O trio elétrico mais popular do carnaval de Salvador não é mais
o Jacaré nem o Saborosa, agora é o Chiclete com Banana. Naquela década assistimos
à queda do Regime Militar e não demos conta de outra queda que estava se dando,
ado
carnaval popular.
Padre Carlos
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As discussões travadas dentro do Diretório Nacional do
partido Cidadania, ex-Partido Popular Socialista, ex-Partido Comunista
Brasileiro, tem servido como parâmetro para definir para onde o antigo Partidão
quer seguir e sobre o legado de tantos camaradas que morreram sem conhecer este
lado tenebroso do PCB e os quadros de direita que se formaram dentro dele. Desta forma, ao acompanhar pela imprensa os
desentendimentos entre o seu presidente, o ex-deputado federal Roberto Freire,
e o ex-senador Cristovam Buarque, pude entender o tamanho das zonas mais
profundas da região abissal, que separam as lideranças deste partido.
A relação
do Cidadania com o PSDB tem levado o partido cada vez mais para a direita,
desta forma, apesar de ter conseguido eleger 5 deputados federais, para
surpresa das bases seus novos parlamentares são todos bolsonarista disfarçados.
O mais grave é que recentemente, por 60% a 40%, a Executiva do partido aprovou
uma moção de apoio ao governo Lula e o partido não sabe como estes
parlamentares se posicionarão quando houver o embate dentro do Congresso.
Buarque votou a favor, Freire foi contra. Examina-se, agora, a ampliação da
federação com a entrada do Podemos e do MDB.
Observador da política local e
nacional, o ex-governador disse queentrou no Cidadania achando que encontraria ali
uma esquerda moderna, progressista. Infelizmente um agrupamento que segue o ex-deputado federal Roberto Freire, aliado há
o que existe de pior na política, levanta a questão que a esquerda nostálgica
quer repetir o passado. Diante de manifestações de direita e alinhamento ao
bolsonarismo o
ex-senador Cristovam Buarque disse: “Se tiver que escolher entre a esquerda
atrasada e a direita escravocrata, ficarei com a esquerda”.
Cristovam
levanta a tese que o primeiro erro foi à divisão do PT e PSDB. O símbolo máximo
é a eleição do Bolsonaro. Nós falhamos porque a escola não melhorou como deveria
a saúde não melhorou como deveria a economia não cresceu como deveria. Nós
falhamos, não criamos, realmente, um Brasil diferente. E foram 26 anos. Se PT e
PSDB tivessem criado um projeto que os unificasse, nem tinha Bolsonaro e
teríamos feito muita coisa. A educação, por exemplo, poderíamos ter adotado uma
geração, como dizia a Heloisa Helena, e depois essa geração nos adotaria.
Perdemos tempo. Por isso, votei na chapa Lula e Alckmin e estou disposto a apoiar
o seu governo.Quem disse que não
poderia juntar PT e PSDB.
O início do século XX foi
marcado por um período de mudanças, políticas e sociais. Essas
mudanças no cenário político global, fez com que muitas monarquias viessem
a baixo. Os ventos republicanos que sopraram em todo o velho continente não
chegaram aos morros do Vaticano. Pensamentos como este só puderam ser abordados
de forma superficial meio século depois, já no Vaticano II.
Quem conhece um pouco de eclesiologia, sabe que a
Igreja é a única instituição verdadeiramente global, com um mandatário divino,
que é também chefe de Estado. Assim, diante das reformas que Francisco pretende
para todo o corpo eclesial, nos perguntamos: Que sentido tem que o Papa sendo
chefe da Igreja, seja também um chefe de Estado? Depois do Vaticano II, com oaggiornamento de uma possível era republicana na cúpula da
Igreja Católica, é admissível ou não a natureza político-constitucional e
jus-internacional da própria Igreja e do seu representante? Não seria o momento
de separar as dimensões de poderes e despir o Papa das últimas vestes de César?
Não seria esse o próximo passo da Igreja no caminho do despojamento e do
desprendimento? Para avança na questão do poder, não deveríamos enfrentar
de frente a "despolitização" do Vaticano e da Igreja e se
entregar à sua verdadeira missão espiritual e pastoral?
Confesso a vocês que pensava também desta forma e nas abordagem o militante incendiário da minha juventude se misturava numa simbiose com o teólogo, mas
quando olhamos para as contribuições do Papa e da rede diplomática do Vaticano
a serviço da paz e da justiça, na defesa da dignidade das pessoas (refugiados e
marginalizados), na denúncia do capitalismo selvagem, das perseguições e
violências, eu me perguntei: O mundo estaria melhor e os homens
viveriam melhores se a Igreja não dispusesse deste aparelho de Estado?
Não
há dúvida que a Igreja esteja precisando de uma reforma. Por isto, chamamos a atenção dos mais jovens para não
cairem na tentação e erros das gerações passadas que achavam que reformar é
abandonar tudo aquilo que é tradição. Não
devemos exigir nem incentivar o abandono de um dos grandes ministérios de que
dispomos para servir a Humanidade - a sua diplomacia em favor da justiça e da
paz, decorrente do reconhecimento internacional da sua natureza de Estado.
Assim
quando o Papa Francisco visitou a República Democrática
do Congo e no Sudão do Sul, massacrados pela violência, pela exploração, numa
dor sem fim. Este enviado de Deus num esforço fisicamente tão penoso se
ajoelhou diante dos três líderes do Sudão do Sul e lhes beijou os sapatos, suplicando
um esforço para avançarem na paz.
Um chefe de Estado que se coloca a serviço da paz e
não busca o poder nem reconhecimento. Como disse o Santo Padre: "Se
vivermos para "nos servirmos" do povo em vez de "servir" o
povo, o sacerdócio e a vida consagrada tornam-se estéreis. Não se trata de um
trabalho para ganhar dinheiro ou ter uma posição social nem para resolver a
situação da família de origem, trata-se de serem sinais da presença de Cristo,
do seu amor incondicional, do perdão com que quer reconciliar-nos.”.
Que o Espírito Santo nos dê entendimento para que
saibamos reformar a Igreja preservando o que há de mais sagrado na sua essência
que é o serviço. "Não somos os
chefes de uma tribo, mas pastores compassivos e misericordiosos; não somos os
donos do povo, mas servos que se inclinam a lavar os pés dos irmãos e
irmãs."
Uma das coisas que eu mais
gosto nesta vida é me lembrar dos amigos. Lembro-me de cada um deles em cada
fase da minha vida. Assim, tem os amigos da infância na Pituba, da minha
adolescência na Paróquia de Santo André, da CVX, da minha caminhada como
militante, os amigos dos seminários de filosofia e teologia e tantos outros que
fui conquistando ao longo nesta vida. Afinal, qual a graça se não
pudermos guarda-los como algo bom, que nos ajudará a escrever uma nova
pagina do livro das nossas vidas.
Vivemos em um mundo carente de amor e
transparência, mas não digo isso apenas das relações amorosa, Eros, da paixão, do amor erótico, mas da Ágape, do amor que se doa, do amor incondicional, do amor que se entrega do
amor entre amigos. Como estamos nos relacionando com as pessoas que gostam da
gente? Como estamos tratando as
nossas amizades? A forma com que abdicamos de está com eles devido o corre-corre do dia a dia, terminamos deixando pra traz, muitas coisas boas de lado.Assim, quando acontecem
as perdas, terminamos ferido e sangrando nossa alma, âmago, e
espirito! Um exemplo claro são as desculpas que damos para rever quem amamos.
Eu quero isso, mas não consigo (Não consegue? Por qual motivo?) Note como é mais
fácil criar justificativas, e nisso sonhos são abdicados, e vidas são
consumidas por uma desculpa que você mesmo criou, triste não?
Da mesma forma que
justificativas são criadas, vejo frequentemente a facilidade de descartar os
amigos que se encontram distante. Aquele amigo de longa data que você abandonou
por ter perdido o contato no celular, aquele amigo que sempre esteve do seu
lado em momentos difíceis e você se afastou por colegas de contextos momentâneos,
a amizade que no calor da discussão política entrou em crise e acabou isso é
triste, percebo que as novas gerações não entendem o valor deste carinho, por
Isto suas relações são instáveis, não se vê amizades de longa data, amigos
duradouros, e sonhos construídos com esperança e esforço, mas sim a presença
constante do comodismo e de relações construídas na mentira que da mesma forma
que começaram terminaram.
Por isso sempre questiono os
meus amigos para não entrarem nesta dinâmica. Quem nasceu na década de
cinquenta e sessenta, não foi feito com este barro. Esta nova geração com as
quais nos deparamos e que tentam nos mostrar caminhos e alternativas
fáceis, pessoas de sorrisos fáceis, amizades fáceis, sentimentos fáceis, amores
fáceis, para ser sincero isso assusta. Mas em compensação quando abraçamos e
queremos bem, pode ter certeza que é verdadeiro, se somos amigos temos
que ser mais presente, é está magia que fará com que a nossa mão seja
estendida no decorrer do tempo, pois sei o quão difícil foi tê-la em um mundo
em que interesses vencem amizades, se for verdadeiro o sentimento não
teremos medo de perde-lo, pois saberemos o quanto foi difícil encontrá-lo
ou tê-los como meu amigo.
Valorize quem gosta de você.
Esse é o conselho mais sábio do mundo, deveria ser adotado por todas as pessoas
independente do sexo e da idade. Mesmo que você ache que não gosta na mesma
proporção, ou até mesmo que não gosta, pois você pode estar redondamente
enganado(a) e perceber isso tarde demais... Ou pelo fato do amigo sumir e você
não mais conseguir contato, ou quem sabe até, por ele já não estar mais entre
os vivos. Dê valor a quem gosta de verdade de você. Valorize e mantenha-o
por perto. Pois um dia você pode acordar e perceber que perdeu um verdadeiro
amigo enquanto dava valor a amizades momentâneas, de sentimentos
superficiais... E, talvez, você acorde tarde demais.
"Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do
povo brasileiro.” Papa Francisco.
Um dos fatos que tem chamado minha atenção é a forma como o
Para Francisco vem renovando a Igreja do Brasil e a nova face que o nosso
episcopado vem ganhando neste papado. (Quando os membros da Presidência junto
com os assessores da CNBB) se encontraram com o Papa Francisco nesta
quinta-feira, nove de fevereiro entenderam o carinho e a atenção que Francisco tem
pela nossa Igreja e o Brasil. A preocupação do nosso Papa com os brasileiros
foi sentida na mensagem enviada em outubro, quando o papa Francisco pediu para
que Nossa Senhora Aparecida, a padroeira brasileira, protegesse o Brasil e livrasse
o país do "ódio" e da "intolerância". "Peço a Nossa
Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio,
da intolerância e da violência.
Os
membros da direção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasile seus assessores
se reúnem todos os anos no Vaticano, em Roma.Além
da visita anual ao Pontífice, este encontro ressalta a universalidade da
comunhão que traduz no dia-a-dia do conjunto dos cristãos, ela é para a Igreja
a unidade e a fraternidade, na vida, na prática cristã.
O carinho do Papa pela Igreja do Brasil me fez lembrar Dom
Helder e tudo o que ele pensou quando idealizou esta Conferencia. Fundador da
CNBB foi ele quem apresentou, em 1950, a proposta de colegiado de bispos
brasileiros ao então integrante da secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor
Giovanni Battista Montini, que seria eleito papa Paulo VI.
Na agenda também faz parte os trabalhos e visitas aos
Dicastérios que integram a Cúria Romana, isto é os departamentos do governo da Igreja
Católica que compõem a Cúria Romana. Entre os dicastérios estão: a Secretaria de Estado, as
Congregações, os Tribunais Eclesiásticos, Conselhos, Ofícios, Comissões e
Comitês.
Não concordamos com a
liderança dos Estados Unidos, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
Joe Biden vai receber Lula na
Casa Branca esta sexta-feira, naquele que será um encontro simbólico de dois
chefes de Estado que derrotaram populistas de direita nas urnas. Lula vai
aproveitar a viagem aos Estados Unidos para visitar seu amigo Bernie Sanders
Quando o Presidente Joe Biden telefonou
para prestar solidariedade ao presidente Lula um dia depois dos violentos
ataques às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, aproveitou para convidar
o nosso presidente a visitar os Estados Unidos. Lula aceitou o convite e viajou
para Washington exatamente um mês depois de Biden o ter convidado. O encontro
entre os dois presidentes está previsto para o final da tarde de sexta-feira,
na Casa Branca.
O
assunto da agenda está relacionado ao combate
às alterações climáticas, defesa da qualidade ambiental e da floresta amazónica.
Estes pontos são consensuais dos dois chefes de Estado. Acreditamos que
exista um ponto fora da agenda que o governo Lula com certeza discordaria e
este esta relacionado ao apoio e fornecimento de armamento à guerra da Ucrânia.
O Governo brasileiro condena
firmemente a guerra da Ucrânia, mas, apesar disso, jamais colocaria em risco o
capital político que conquistou com Pequim e Moscou neste momento. Biden
não vai conseguir uma declaração de Lula nesse sentido. Não podemos esquecer
que o PresidenteLularecusouo pedido feito pelo chaanceler Olaf Scho no final de janeiro, para o Brasil enviar tanques para a Ucrânia. Por mais que Biden insista no armamento para
Kiev, ele há de entender que a atitude de cada país faz parte das decisões
soberanas que as nações têm de tomar.
Além
disso, o Brasil e Rússia são ‘pais fundadores’ dos BRICS — (Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul.) Estes cinco países representam uma fatia
substancial da população e do comércio mundiais, e acima de tudo, partilham uma
mesma visão sobre a necessidade de reforçar a influencia política dos seus
Estados. A
política e os interesses estratégicos de cada um dos cinco membros ditam o
funcionamento do clube dos BRICS: E sabendo que precisa se cercar de pessoas de sua confiança,
Lula pretende substituir o presidente do Banco dos BRICS,
o economista Marcos Troyjo pela ex-presidente Dilma Rousseff até o fim do mês;
Troyjo foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta mudança tem muito
haver com a unidade e o alinhamento
político de uma nova ordem internacional. Esta nova articulação com a China e a
Índia, reforça a influência dos respetivos países. É como se os cinco dissessem
em alto e bom som: ‘Não concordamos com a liderança dos Estados Unidos, do
Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.’ Queremos uma ordem onde
possamos também ter poder de decisão. O Brasil aspira a ter assento no Conselho
de Segurança da ONU.” Em suma, partilham interesses e estratégia política.
Meus leitores são testemunhas que sempre
nos meus artigos, busquei trazer os elementos da filosofia para uma abordagem
mais próxima da realidade. Como dizia Sartre, o engajamento do filosofo, é que
traz para perto do seu público as questões filosóficas. Assim, nenhuma
ferramenta poderia ajudar a esclarecer melhor o fenômeno Bolsonarista e os
últimos acontecimentos, quanto os profissionais das ciências humanas. Mais que pensadores
eles são dedicados ao mundo das ideias, a filósofa como instrumento de análise abordou
o mal concreto do nazismo e do stalinismo fez do totalitarismo tanto de
direita quanto de esquerda o objeto de sua investigação em diversos momentos da
história. A Filosofia e o olhar crítico do articulista pode abrir alguma
perspectiva no sentido de entendermos como o fantasma do fascismo retorna a
política brasileira depois de quase um século desaparecido como força política.
O fenômeno Bolsonaro não se deu apenas pela
crise política e econômica, mas devido às crises das instituições públicas e da
classe política. O cenário crítico dos últimos anos agiu favoravelmente para o
surgimento de elementos do inconsciente coletivo que pensávamos está superado
neste novo século. Esta conjuntura não é restrita ao Brasil, mas presente em
toda cultura ocidental em que são rompidos os pactos sociais e o
enfraquecimento do conceito de nacionalidade. Sem repactuar as classes, o
tecido que norteia o projeto de nação é desfeito, só restando assim, a
identidade tribal. Diante disto, podemos afirmar que a desintegração dos
valores individuais e republicanos, o fortalecimento de lideranças de
ultradireita e de movimentos nacionalistas e separatistas, são algumas
características do surgimento deste fenômeno.
A extrema direita sempre esteve
presente nos grandes acontecimentos brasileiros, seja saindo pela porta dos
fundos da história ou sendo protagonistas.O personagem Bolsonaro conseguiu materializar o velho projeto, como
podemos perceber, este é o discurso da extrema-direita. O que tem preocupado os
cientistas e analistas políticos foi o crescimento desta força, mesmo isolado
politicamente, conseguiu a metade dos votos dos brasileiros e só conseguimos
derrotá-los, porque fizemos uma frente nunca vista nestes pais, reunido da
extrema esquerda o direito democrático. Este agrupamento alcançou 58.206.322 votos (49,1%) milhões de votos dos brasileiros, com uma
plataforma política contra mulheres, negros e homossexuais até discursos de
conotação marcadamente fascistas, como o apoio a torturadores militares e a
incitação pública da violência e do ódio. E, por essa razão, incentiva a
projeção de todo mal, de tudo que é mesquinho e não heroico, como ficou latente
nos acontecimentos de oito de janeiro, o Congresso, o STF e o Palácio do
Planalto representa a incorporação de tudo o que é instável e corrupto.
Entender o que Bolsonaro representa é fácil; o difícil mesmo é compreender os
que compactuam com suas ideias. Como o discurso autoritário vem se tornando uma
opção viável em eleições democráticas?
Podemos constatar que as reações
xenófobas atingiram um grau de violência aqui no Brasil nunca visto. Não
sabemos como enfrentar o vento de ódio e irracionalismo que se levantou.
O elo entre a sociedade totalitária descrita
por Arendt e os nossos tempos não está na presença de campos de concentração ou
na perseguição oficial a judeus, mas na degradação da empatia social e na
naturalização da violência. A banalização da mal ganha uma nova face e se
tornou perceptível na Praça dos Três Poderes. Desta forma, gostaríamos de acrescentar que a
filosofia não pretende isentar o cidadão comum, nem os bolsonarista das responsabilidades
cometidas em nome da sua causa. Tampouco queremos dar a eles o aspecto
monstruoso que tentaram colocar em todos que ajudaram os bolsonarista a cometerem
os atos de vandalismo e a tentativa frustrada de golpe. Quero aqui demostrar,
contudo, como os homens e mulheres em conjunturas históricas adversas são
levados a apoiarem ideias equivocadas e extremadas. O mal é de certa forma tão
corriqueiro que acaba por ser incorporado como algo extremamente trivial.