quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

ARTIGO - A banalização do mal ganha uma nova face. (Padre Carlos)

 

Uma abordagem mais próxima da realidade.

 

 


Meus leitores são testemunhas que sempre nos meus artigos, busquei trazer os elementos da filosofia para uma abordagem mais próxima da realidade. Como dizia Sartre, o engajamento do filosofo, é que traz para perto do seu público as questões filosóficas. Assim, nenhuma ferramenta poderia ajudar a esclarecer melhor o fenômeno Bolsonarista e os últimos acontecimentos, quanto os profissionais das ciências humanas. Mais que pensadores eles são dedicados ao mundo das ideias, a filósofa como instrumento de análise abordou o mal concreto do nazismo e do stalinismo fez do totalitarismo tanto de direita quanto de esquerda o objeto de sua investigação em diversos momentos da história. A Filosofia e o olhar crítico do articulista pode abrir alguma perspectiva no sentido de entendermos como o fantasma do fascismo retorna a política brasileira depois de quase um século desaparecido como força política.

            O fenômeno Bolsonaro não se deu apenas pela crise política e econômica, mas devido às crises das instituições públicas e da classe política. O cenário crítico dos últimos anos agiu favoravelmente para o surgimento de elementos do inconsciente coletivo que pensávamos está superado neste novo século. Esta conjuntura não é restrita ao Brasil, mas presente em toda cultura ocidental em que são rompidos os pactos sociais e o enfraquecimento do conceito de nacionalidade. Sem repactuar as classes, o tecido que norteia o projeto de nação é desfeito, só restando assim, a identidade tribal. Diante disto, podemos afirmar que a desintegração dos valores individuais e republicanos, o fortalecimento de lideranças de ultradireita e de movimentos nacionalistas e separatistas, são algumas características do surgimento deste fenômeno.

            A extrema direita sempre esteve presente nos grandes acontecimentos brasileiros, seja saindo pela porta dos fundos da história ou sendo protagonistas.  O personagem Bolsonaro conseguiu materializar o velho projeto, como podemos perceber, este é o discurso da extrema-direita. O que tem preocupado os cientistas e analistas políticos foi o crescimento desta força, mesmo isolado politicamente, conseguiu a metade dos votos dos brasileiros e só conseguimos derrotá-los, porque fizemos uma frente nunca vista nestes pais, reunido da extrema esquerda o direito democrático. Este agrupamento alcançou 58.206.322 votos (49,1%) milhões de votos dos brasileiros, com uma plataforma política contra mulheres, negros e homossexuais até discursos de conotação marcadamente fascistas, como o apoio a torturadores militares e a incitação pública da violência e do ódio. E, por essa razão, incentiva a projeção de todo mal, de tudo que é mesquinho e não heroico, como ficou latente nos acontecimentos de oito de janeiro, o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto representa a incorporação de tudo o que é instável e corrupto. Entender o que Bolsonaro representa é fácil; o difícil mesmo é compreender os que compactuam com suas ideias. Como o discurso autoritário vem se tornando uma opção viável em eleições democráticas?

            Podemos constatar que as reações xenófobas atingiram um grau de violência aqui no Brasil nunca visto. Não sabemos como enfrentar o vento de ódio e irracionalismo que se levantou.

           O elo entre a sociedade totalitária descrita por Arendt e os nossos tempos não está na presença de campos de concentração ou na perseguição oficial a judeus, mas na degradação da empatia social e na naturalização da violência. A banalização da mal ganha uma nova face e se tornou perceptível na Praça dos Três Poderes.      Desta forma, gostaríamos de acrescentar que a filosofia não pretende isentar o cidadão comum, nem os bolsonarista das responsabilidades cometidas em nome da sua causa. Tampouco queremos dar a eles o aspecto monstruoso que tentaram colocar em todos que ajudaram os bolsonarista a cometerem os atos de vandalismo e a tentativa frustrada de golpe. Quero aqui demostrar, contudo, como os homens e mulheres em conjunturas históricas adversas são levados a apoiarem ideias equivocadas e extremadas. O mal é de certa forma tão corriqueiro que acaba por ser incorporado como algo extremamente trivial.

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