Uma abordagem mais próxima da realidade.
Meus leitores são testemunhas que sempre
nos meus artigos, busquei trazer os elementos da filosofia para uma abordagem
mais próxima da realidade. Como dizia Sartre, o engajamento do filosofo, é que
traz para perto do seu público as questões filosóficas. Assim, nenhuma
ferramenta poderia ajudar a esclarecer melhor o fenômeno Bolsonarista e os
últimos acontecimentos, quanto os profissionais das ciências humanas. Mais que pensadores
eles são dedicados ao mundo das ideias, a filósofa como instrumento de análise abordou
o mal concreto do nazismo e do stalinismo fez do totalitarismo tanto de
direita quanto de esquerda o objeto de sua investigação em diversos momentos da
história. A Filosofia e o olhar crítico do articulista pode abrir alguma
perspectiva no sentido de entendermos como o fantasma do fascismo retorna a
política brasileira depois de quase um século desaparecido como força política.
O fenômeno Bolsonaro não se deu apenas pela
crise política e econômica, mas devido às crises das instituições públicas e da
classe política. O cenário crítico dos últimos anos agiu favoravelmente para o
surgimento de elementos do inconsciente coletivo que pensávamos está superado
neste novo século. Esta conjuntura não é restrita ao Brasil, mas presente em
toda cultura ocidental em que são rompidos os pactos sociais e o
enfraquecimento do conceito de nacionalidade. Sem repactuar as classes, o
tecido que norteia o projeto de nação é desfeito, só restando assim, a
identidade tribal. Diante disto, podemos afirmar que a desintegração dos
valores individuais e republicanos, o fortalecimento de lideranças de
ultradireita e de movimentos nacionalistas e separatistas, são algumas
características do surgimento deste fenômeno.
A extrema direita sempre esteve
presente nos grandes acontecimentos brasileiros, seja saindo pela porta dos
fundos da história ou sendo protagonistas.
O personagem Bolsonaro conseguiu materializar o velho projeto, como
podemos perceber, este é o discurso da extrema-direita. O que tem preocupado os
cientistas e analistas políticos foi o crescimento desta força, mesmo isolado
politicamente, conseguiu a metade dos votos dos brasileiros e só conseguimos
derrotá-los, porque fizemos uma frente nunca vista nestes pais, reunido da
extrema esquerda o direito democrático. Este agrupamento alcançou 58.206.322 votos (49,1%) milhões de votos dos brasileiros, com uma
plataforma política contra mulheres, negros e homossexuais até discursos de
conotação marcadamente fascistas, como o apoio a torturadores militares e a
incitação pública da violência e do ódio. E, por essa razão, incentiva a
projeção de todo mal, de tudo que é mesquinho e não heroico, como ficou latente
nos acontecimentos de oito de janeiro, o Congresso, o STF e o Palácio do
Planalto representa a incorporação de tudo o que é instável e corrupto.
Entender o que Bolsonaro representa é fácil; o difícil mesmo é compreender os
que compactuam com suas ideias. Como o discurso autoritário vem se tornando uma
opção viável em eleições democráticas?
Podemos constatar que as reações
xenófobas atingiram um grau de violência aqui no Brasil nunca visto. Não
sabemos como enfrentar o vento de ódio e irracionalismo que se levantou.
O elo entre a sociedade totalitária descrita
por Arendt e os nossos tempos não está na presença de campos de concentração ou
na perseguição oficial a judeus, mas na degradação da empatia social e na
naturalização da violência. A banalização da mal ganha uma nova face e se
tornou perceptível na Praça dos Três Poderes. Desta forma, gostaríamos de acrescentar que a
filosofia não pretende isentar o cidadão comum, nem os bolsonarista das responsabilidades
cometidas em nome da sua causa. Tampouco queremos dar a eles o aspecto
monstruoso que tentaram colocar em todos que ajudaram os bolsonarista a cometerem
os atos de vandalismo e a tentativa frustrada de golpe. Quero aqui demostrar,
contudo, como os homens e mulheres em conjunturas históricas adversas são
levados a apoiarem ideias equivocadas e extremadas. O mal é de certa forma tão
corriqueiro que acaba por ser incorporado como algo extremamente trivial.
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