O
Reencontro no projeto político de Lula
A história da Aliança Popular (AP) foi
marcada por uma série de eventos que influenciaram profundamente o cenário
político brasileiro durante os anos 60 e 70. Com sua rápida ascensão e grande
influência social, a AP se destacou entre as novas forças de esquerda que
surgiram na época, exercendo hegemonia sobre a UNE e influenciando vários
movimentos.
No entanto, o rápido crescimento da AP foi
interrompido pelo golpe militar, que instaurou um regime autoritário no país.
Sem uma matriz ideológica clara, a AP acabou se dividindo em diversas correntes
de esquerda, cada uma com sua própria visão sobre como lutar contra a ditadura.
Entre as correntes da AP, havia a tendência
maoísta, que se inspirava na revolução chinesa e acabou se incorporando ao
guarda-chuva do PCdoB. Havia também a corrente foquista, que seguia as
propostas de Guevara e acreditava na guerrilha urbana como forma de luta. Essas
correntes se dividiram em muitas outras correntes revolucionárias, cada uma com
sua própria visão sobre como lutar contra o regime militar.
Apesar das divergências, a AP continuou
exercendo influência sobre o movimento estudantil e sobre a esquerda brasileira
em geral. Durante a década de 70, suas correntes disputavam a hegemonia na
esquerda e no movimento estudantil, com nomes como Viração e correntes do PT.
No entanto, a práxis da AP, que se identificava com o horizonte da revolução
brasileira, não ultrapassou o movimento em favor de reformas estruturais, o que
acabou lembrando muito o reformismo praticado pelo Partido dos Trabalhadores
nos governos posteriores.
Somente quando deixaram de lado suas
disputas internas é que as lideranças da AP puderam se unir em torno de um
mesmo projeto. Esse encontro aconteceu em 1999, durante a primeira campanha de
Lula à presidência, quando as lideranças que restaram desse movimento voltaram
a se encontrar ao redor do mesmo projeto. Isso acabou gerando a formação de uma
coalizão de esquerda que acabou vencendo as eleições e governando o país por
vários anos.
Embora a AP não tenha tido uma trajetória
linear, sua influência sobre o movimento estudantil e a esquerda brasileira
como um todo foi inegável. Suas correntes, apesar de terem se dividido em
diversas outras, deixaram um legado importante na história do Brasil e
continuam influenciando o pensamento político de muitos brasileiros até os dias
de hoje.
No entanto, é importante ressaltar que a
falta de uma matriz ideológica clara acabou sendo um fator que contribuiu para
a divisão da AP em várias correntes. Se tivesse havido uma visão mais coesa
sobre como lutar contra a ditadura militar, talvez a história da AP teria sido
diferente. Ainda assim, é inegável que a AP teve um papel importante na luta
pela democracia no Brasil e na formação da esquerda brasileira como a
conhecemos hoje.