sábado, 13 de maio de 2023

ARTIGO - AP e a hegemonia no movimento estudantil na década de 1960. (Padre Carlos)

 


O Reencontro no projeto político de Lula


 


 

A história da Aliança Popular (AP) foi marcada por uma série de eventos que influenciaram profundamente o cenário político brasileiro durante os anos 60 e 70. Com sua rápida ascensão e grande influência social, a AP se destacou entre as novas forças de esquerda que surgiram na época, exercendo hegemonia sobre a UNE e influenciando vários movimentos.

No entanto, o rápido crescimento da AP foi interrompido pelo golpe militar, que instaurou um regime autoritário no país. Sem uma matriz ideológica clara, a AP acabou se dividindo em diversas correntes de esquerda, cada uma com sua própria visão sobre como lutar contra a ditadura.

Entre as correntes da AP, havia a tendência maoísta, que se inspirava na revolução chinesa e acabou se incorporando ao guarda-chuva do PCdoB. Havia também a corrente foquista, que seguia as propostas de Guevara e acreditava na guerrilha urbana como forma de luta. Essas correntes se dividiram em muitas outras correntes revolucionárias, cada uma com sua própria visão sobre como lutar contra o regime militar.

Apesar das divergências, a AP continuou exercendo influência sobre o movimento estudantil e sobre a esquerda brasileira em geral. Durante a década de 70, suas correntes disputavam a hegemonia na esquerda e no movimento estudantil, com nomes como Viração e correntes do PT. No entanto, a práxis da AP, que se identificava com o horizonte da revolução brasileira, não ultrapassou o movimento em favor de reformas estruturais, o que acabou lembrando muito o reformismo praticado pelo Partido dos Trabalhadores nos governos posteriores.

Somente quando deixaram de lado suas disputas internas é que as lideranças da AP puderam se unir em torno de um mesmo projeto. Esse encontro aconteceu em 1999, durante a primeira campanha de Lula à presidência, quando as lideranças que restaram desse movimento voltaram a se encontrar ao redor do mesmo projeto. Isso acabou gerando a formação de uma coalizão de esquerda que acabou vencendo as eleições e governando o país por vários anos.

Embora a AP não tenha tido uma trajetória linear, sua influência sobre o movimento estudantil e a esquerda brasileira como um todo foi inegável. Suas correntes, apesar de terem se dividido em diversas outras, deixaram um legado importante na história do Brasil e continuam influenciando o pensamento político de muitos brasileiros até os dias de hoje.

No entanto, é importante ressaltar que a falta de uma matriz ideológica clara acabou sendo um fator que contribuiu para a divisão da AP em várias correntes. Se tivesse havido uma visão mais coesa sobre como lutar contra a ditadura militar, talvez a história da AP teria sido diferente. Ainda assim, é inegável que a AP teve um papel importante na luta pela democracia no Brasil e na formação da esquerda brasileira como a conhecemos hoje.


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