O esvaziamento do projeto petista na Bahia
Nas últimas décadas, o cenário político baiano tem sido marcado pela hegemonia do Partido dos Trabalhadores (PT). Desde 2007, quando Jaques Wagner assumiu o governo do estado, o PT está no comando do executivo baiano, sendo sucedido por Rui Costa em 2015 e Jerônimo Rodrigues em 2022.
A despeito de ser um partido de orientação de esquerda, as gestões petistas na Bahia pouco têm contribuído para a construção de um projeto estruturado e efetivo de esquerda no estado. As políticas implementadas pelo PT baiano se assemelham mais a um modelo social-democrata do que a um programa classista e popular.
Um dos fatores que explicam essa postura é a excessiva valorização de aspectos econômicos em detrimento de pautas sociais e políticas. Observa-se uma supremacia da visão economicista, com ênfase na estabilidade, ajuste fiscal e crescimento econômico. Essa opção acaba limitando o alcance redistributivo e igualitário que se esperaria de um governo de esquerda.
Além disso, nota-se uma grande continuidade entre as gestões do PT e dos partidos de centro e de direita que governaram a Bahia anteriormente. As políticas nas áreas de educação, saúde, assistência social e infraestrutura, por exemplo, não apresentam rupturas significativas.
Dessa forma, embora represente um partido progressista, na prática o PT baiano atua dentro de uma agenda reformista moderada, sem ambição de promover transformações estruturais. Faltam propostas arrojadas de combate às desigualdades, bem como mecanismos inovadores de participação popular.
Para reverter esse quadro, seria necessário resgatar os fundamentos da esquerda, valorizando aspectos como justiça social, distribuição de renda e empoderamento das classes populares. Caso contrário, o projeto petista na Bahia corre o risco de se descaracterizar e de frustrar os anseios de seu eleitorado histórico.