quinta-feira, 21 de setembro de 2023

ARTIGO - Por que Jerônimo Não declarou ainda seu apoio Waldenor Pereira e Por que Rui Costa Não Se Manifestou? (Padre Carlos)

 

Os Bastidores da Política

 


A política, como já sabemos, é um jogo complexo, cheio de nuances e intrigas que nem sempre estão visíveis aos olhos do público em geral. Um desses enigmas recentes que têm agitado os bastidores políticos da Bahia é a ausência de apoio declarado do governador Jerônimo Rodrigues à candidatura do deputado Waldenor Pereira, enquanto o ex-governador Jaques Wagner prontamente manifestou seu respaldo. E, além disso, por que Waldenor não conseguiu exibir o apoio do atual ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa? Para entender tudo isso, é preciso mergulhar nas águas profundas da política baiana.

Rui Costa e Jaques Wagner, nomes de peso no cenário político da Bahia, são amigos de longa data, com mais de 40 anos de cumplicidade política. Ambos despontaram como líderes do antigo Sindicato dos Químicos e Petroleiros, uma das entidades sindicais mais fortes do Polo Industrial de Camaçari. Essa trajetória conjunta estabeleceu um laço de confiança e camaradagem que moldou a política baiana nas últimas décadas.

Quando Jaques Wagner assumiu o governo do estado em 2007, Rui Costa integrou o núcleo duro de seu governo, ocupando cargos estratégicos como secretário de Relações Institucionais e chefe da Casa Civil. Essa trajetória não só o consolidou como uma figura política de destaque, mas também o credenciou como o candidato de Wagner à sucessão governamental em 2014, mesmo contrariando a preferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apoiava José Sergio Gabrielli.

No entanto, essa harmonia começou a mostrar sinais de desgaste quando a sucessão para a Prefeitura de Salvador entrou em pauta. Rui Costa tentou emplacar o nome de José Trindade (PSB), que acabou desistindo da corrida eleitoral. Enquanto isso, Wagner defendia a candidatura do deputado estadual Robinson Almeida ou o apoio ao vice-governador Geraldo Júnior (MDB). Essa divergência entre os dois veteranos políticos criou um cenário de indefinição que parece destinado a se prolongar nos próximos meses, gerando desconfiança e críticas entre seus aliados.

A verdade é que a decisão final sobre o rumo político a ser seguido caberá ao governador Jerônimo Rodrigues, que, de forma hábil, busca equilibrar-se para não melindrar seus dois principais padrinhos políticos. Jerônimo encontra-se no epicentro dessa tempestade política e deve fazer uma escolha delicada, que pode influenciar profundamente o cenário eleitoral de Vitória da Conquista.

A ausência de apoio explícito de Jerônimo a Waldenor Pereira, apesar da estrutura partidária e governamental que o candidato do Partido dos Trabalhadores possui na nossa cidade, é uma demonstração clara de como as relações políticas são complexas, mesmo não contando de forma explicada ainda detém toda a estrutura do governo.

 Por outro lado, a ausência de Rui Costa em manifestar apoio a Waldenor Pereira também pode ser vista como um reflexo dessa guerra fria política que se desenha nos corredores do poder. É possível que Rui Costa esteja esperando o desenrolar dos acontecimentos e a resolução das divergências entre seus aliados políticos antes de tomar uma posição pública.

Em resumo, o que ocorre com a candidatura do PT em Vitória da Conquista é uma intrigante dança política, onde as alianças do passado, as amizades e as rivalidades se entrelaçam de forma complexa. A política é um jogo de xadrez, e cada movimento é calculado com precisão. Resta ao povo de Vitória da Conquista e aos observadores políticos aguardar com curiosidade para ver como esse quebra-cabeça se resolverá e qual será o impacto nas eleições vindouras.


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

ARTIGO - O Tempo e a Finitude: Um Pedido Poético (Padre Carlos)

 Reflexões sobre o Tempo







Tempo, uma dimensão intangível que permeia nossas vidas, uma moeda cujo valor muitas vezes subestimamos. Como Caetano Veloso, ao som de sua melodia, percebe a profundidade do tempo e sua finitude. Em meio a essa consciência, busco na linguagem poética expressando meu pedido a esse deus misterioso que rege nossas existências.

"É um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo, tempo, tempo, tempo Vou te fazer um pedido…"

Nossos filhos crescem diante de nossos olhos, e o tempo, implacável, nos lembra de sua passagem constante. Cada ruga no rosto, cada cabelo branco que surge, são marcas da jornada que é viver. O tempo é a moeda da minha vida, e, como Caetano, reconheço que cabe a mim determinar como ela será gasta.

Em nossas vidas, o tempo é o recurso mais importante. Assim como o Pequeno Príncipe, percebi que foi o tempo que investi em pessoas, em experiências, que se tornou cada momento precioso. Cada encontro, cada risada, cada lágrima, são fragmentos de tempo que se transformam em memórias preciosas.

A cada dia que passa, aprendo a valorizar a vida que ainda me resta. A vida já é curta, e entendo que desperdiçá-la é um luxo que não posso mais me permitir. O relógio não para, e cada segundo que passa é irrecuperável. Portanto, escolho gastar meu tempo com o que realmente importa: amar, aprender, crescer e compartilhar.

Em um mundo repleto de distrações, é fácil se perder nas armadilhas do tempo. Mas como Caetano, faço meu pedido ao deus tempo: que ele me conceda a sabedoria para apreciar cada momento, a coragem para buscar o que realmente importa e a serenidade para aceitar a passagem contínua dos dias.

Assim, nesta jornada efêmera, buscamos a beleza na impermanência, transformando o tempo em poesia, em amor, em vida plena. Que todos, como Caetano, façam nossos pedidos ao tempo e, com gratidão, abracem a maravilha de simplesmente existir.

ARTIGO - Ex-juiz Sérgio Moro novamente no centro de suspeitas da Lava Jato. (Padre Carlos)


 

Irregularidades da Lava Jato exigem investigação e punição

 


O recente relatório parcial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a 13a Vara Federal de Curitiba, responsável pela Operação Lava Jato, trouxe à tona graves irregularidades que exigem investigação profunda e responsabilização.

 

O documento aponta problemas na gestão de valores originados de acordos firmados na época em que o ex-juiz Sérgio Moro comandava as investigações. Ficou evidente a falta de transparência e controle no destino dado a bilhões de reais confiscados.

 

Além disso, o relatório identifica um possível "conluio" para desviar recursos que deveriam ir para a Petrobras. Parte expressiva foi direcionada para uma fundação privada controlada por procuradores, o que é ilegal. Outra parte iria para um grupo de acionistas minoritários, quando o certo seria o dinheiro voltar integralmente para a estatal lesada pelos crimes.

 

Essa situação é extremamente grave e não pode passar impune. O ministro da Justiça, Flávio Dino, acertou ao determinar que a Polícia Federal investigue possíveis crimes relacionados ao destino do dinheiro da Lava Jato. Também foi acertada a decisão de criar um grupo de trabalho no CNJ para aprofundar as apurações.

 

É primordial que todos os envolvidos nessas irregularidades sejam responsabilizados, especialmente o ex-juiz Sérgio Moro, que comandou os processos e deveria ter fiscalizado o correto uso dos valores confiscados. Sua parcialidade e motivações políticas ficam cada vez mais evidentes.

 

O combate à corrupção é fundamental, mas não pode servir de pretexto para ilegalidades ainda piores por parte de agentes públicos. O caso da 13a Vara de Curitiba é emblemático e mostra que é preciso investigar e punir com rigor todos aqueles que se corromperam em nome de uma operação que se dizia contra a corrupção.


ARTIGO - Vitória da Conquista: Mobilizando a Militância em Torno de uma Visão Comum.


 

União e Reconstrução por Vitória da Conquista

 


Setembro trouxe consigo mudanças e renovação política em Vitória da Conquista, especialmente com a realização da plenária do pré-candidato do Partido dos Trabalhadores, Waldenor Pereira. Este encontro teve como objetivo principal criar grupos temáticos para movimentar e oxigenar a militância em torno da pré-candidatura de Waldenor, um momento crucial em sua jornada política.

Ao longo dos últimos meses, Waldenor Pereira enfrentou um desafio específico. Ele se viu atrás de Lúcia Rocha do MDB, nas pesquisas feitas por alguns partidos. Nesta, Lúcia ocupava uma posição de destaque, mas o que chama a atenção da classe política é que ela faz parte da base do Governador Jerônimo, do PT. Esta situação, por si só, poderia ser vista como desanimadora, mas é importante lembrar que o Partido dos Trabalhadores possui uma estrutura partidária infinitamente maior que o partido de Lúcia Rocha.

Além disso, o PT controla grande parte da estrutura do governo do estado, incluindo os cobiçados cargos de confiança. Nesse contexto, a posição de Waldenor Pereira nas pesquisas não se justificava. Era preciso tomar medidas para reverter essa situação e mobilizar tanto a militância quanto a estrutura de poder à disposição do partido.

Foi nesse contexto que a plenária se tornou um marco significativo. Durante o encontro, o slogan "União e Reconstrução por Vitória da Conquista" foi definido como guia para  os trabalhos em torno da pré-candidatura de Waldenor Pereira. Essa escolha de palavras tem  significado, pois reflete a necessidade de unir forças e revitalizar a cidade.

A superlotação do plenário da Câmara Municipal foi um testemunho da energia e entusiasmo que cercam a pré-candidatura de Waldenor Pereira. Neste momento, foram apresentados os coordenadores e relatores dos 13 grupos de trabalho temático, cuja missão é discutir o futuro de Vitória da Conquista. Essa abordagem temática é uma maneira inteligente de envolver a comunidade e obter insights valiosos sobre as necessidades da cidade.

É importante destacar que a política não deve ser vista como uma competição cega, mas como uma oportunidade de construir um futuro melhor para todos. A pré-candidatura de Waldenor Pereira tenta passar  para os grupos internos do Partido e para a Federação uma visão de união, e a plenária é o primeiro passo para realizar essa visão.

Agora, mais do que nunca, é crucial mobilizar a militância e a estrutura de poder disponível para melhorar a posição nas pesquisas. Vitória da Conquista merece lideranças

Em resumo, a plenária e a movimentação em torno da pré-candidatura de Waldenor Pereira são sinais que os ventos estão mudando e que a máquina que até então estava parada agora vais funcionar.

(Padre Carlos)


terça-feira, 19 de setembro de 2023

ARTIGO - A Justiça Divina e a Justiça dos Homens Começam a Chegar em Curitiba e no Brasil

 Reflexões sobre a Decisão do Ministro




Nestes tempos conturbados em que vivemos, em que a confiança nas instituições e na justiça muitas vezes parece abalada, uma notícia recente trouxe um sopro de esperança para aqueles que anseiam por um sistema judicial mais justo e equitativo. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tomou uma decisão que certamente será debatida por muitos, mas que também representa um passo importante na busca pela justiça. Ele anulou a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que declarou o juiz Eduardo Appio suspeito para conduzir os casos remanescentes da Operação Lava-Jato.


A trajetória do juiz Eduardo Appio é marcada pela coragem de questionar os métodos da operação e pela sua postura crítica. Desde fevereiro, quando os casos da Lava-Jato se reuniram, ele se posicionou de forma aberta contra algumas práticas que vinham sendo adotadas. Sua atitude da Lava-Jato em maio deste ano, mas o julgamento de sua suspeita ocorreu recentemente.


O que torna essa decisão do ministro Toffoli tão significativa é que ela não apenas anulou a suspeita de Appio, mas também suspendeu o processo administrativo que corria contra ele no TRF-4. Além disso, determina que a Corregedoria Nacional de Justiça, ligada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), analise se é o caso de assumir o processo. Isso é fundamental para garantir a transparência e a imparcialidade do julgamento.


A defesa de Appio, por meio de seu advogado Pedro Serrano, celebrou a decisão do STF, afirmando que ela "recoloca o trem da legalidade e da constitucionalidade nos trilhos". De facto, esta decisão restabelece a importância do devido processo legal e da observância da Constituição, princípios fundamentais para qualquer sistema judicial que se pretenda justo.


É importante mencionar que, recentemente, o TRF-4 recebeu a parcialidade de Appio e anulou todas as decisões tomadas por ele enquanto estava à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba. Essa decisão foi baseada na fama de Appio como crítica da Lava-Jato e em seu suposto apoio a Lula na eleição passada. Porém, é preciso lembrar que a justiça deve ser cega, não influenciada por opiniões políticas ou por quem quer que seja.


O ministro Toffoli também destacou em sua decisão que os desembargadores do TRF-4 têm relutado em cumprir as decisões do Supremo e revelar um relatório parcial da Corregedoria que apontou possíveis irregularidades na 13ª Vara Federal de Curitiba no período em que o juiz titular era Sergio Moro. Isso reforça a necessidade de uma revisão abrangente e imparcial de todos os acontecimentos relacionados à Lava-Jato em Curitiba.


É claro que essa decisão seja recebida com diferentes pontos de vista. Alguns questionamentos se ela representa um retrocesso no combate à corrupção, enquanto outros no verão como um passo em direção a uma justiça mais equitativa. Independentemente das opiniões, o que importa é que a justiça esteja sendo debatida e questionada, o que é essencial para o aprimoramento de qualquer sistema.


No entanto, é importante lembrar que a justiça dos homens é imperfeita e passível de erros, e é por isso que muitos de nós buscamos refúgio na justiça divina, que transcende nossas limitações terrenas. Acredito que, independentemente de nossas crenças religiosas, todos desejamos que a justiça seja feita, que os inocentes sejam protegidos e os culpados responsabilizados.


Em tempos em que a confiança nas instituições está em xeque, é crucial que continuemos a questionar, a debater e a buscar a verdade. A justiça divina pode guiar nossos princípios, mas é a justiça dos homens que deve ser acertada na legalidade, na imparcialidade e na busca pela verdade. Que a decisão do ministro Toffoli seja um passo na direção certa, rumo a uma sociedade mais justa e igualitária.


Padre Carlos

ARTIGO - A Pequenez de Nossa Fé Diante do Medo e da Morte

 


A Importância da Fé Neste Momento


 

Padre Carlos

 

É impressionante como, ao longo de nossas vidas, percebemos que nossos medos e incertezas persistem, independentemente de nossos anos de estudo em teologia e filosofia. Nossa jornada no entendimento da fé muitas vezes nos leva a questionar a profundidade de nossa própria convicção. Hoje, desejo abordar esse tema que, embora seja uma certeza em nossa existência, frequentemente buscamos evitar: o medo e a morte.

Recordo-me dos anos na PUC de Belo Horizonte, na década de noventa, quando tive a honra de estudar sob a tutela de grandes teólogos e filósofos. Aquelas eram épocas de intensa busca por respostas para as perguntas mais profundas da vida e da fé. No entanto, ao longo de minha jornada, deparei-me com uma realidade que me desconcertou profundamente: a fé, muitas vezes, é mais evidente nos corações dos leigos do que nos de muitos de nós, teólogos e sacerdotes.

O que nos leva a essa reflexão é a constatação de que a fé não é apenas um conhecimento acadêmico. Não é meramente uma série de doutrinas ou um conjunto de preceitos filosóficos. A fé é, antes de tudo, uma experiência de relacionamento com o divino, um mergulho profundo na transcendência que vai além das palavras e dogmas. E é nesse contexto que o medo e a morte emergem como testes cruciais de nossa fé.

A morte, em sua inevitabilidade, nos confronta com a fragilidade de nossa existência. Mesmo com anos de estudo teológico, somos confrontados com a mesma incerteza que aflige a todos. Nossas elaboradas teorias sobre a ressurreição e a vida eterna se tornam, diante desse abismo, um desafio à nossa fé.

É quando perdemos um ente querido, quando a sombra da morte toca nossas vidas, que somos obrigados a confrontar nossa fé de maneira mais profunda. Nesses momentos, não importa quão eruditos sejamos, nossa fé é posta à prova. Descobrimos que a fé não se mede pelo conhecimento intelectual, mas pelo modo como enfrentamos o medo e o desespero em relação à morte.

Nossos anos de estudo podem fornecer ferramentas para a compreensão teológica, mas a verdadeira fé reside na maneira como enfrentamos o mistério da morte com coragem, esperança e confiança. É nos momentos de desespero que nossa fé é forjada, quando reconhecemos a limitação de nosso entendimento e nos voltamos para a transcendência em busca de conforto.

Portanto, é hora de reconhecer a humildade de nossa fé diante do medo e da morte. É hora de aprender com aqueles que, sem diplomas teológicos, possuem uma fé que brilha com intensidade nos momentos mais sombrios. Devemos encarar de frente nossos medos e incertezas, pois é aí que a verdadeira fé se manifesta.

Que possamos, como estudantes da teologia e da filosofia, aprender com a fé simples e profunda daqueles que nos ensinam que, no final das contas, a fé é sobre confiar na promessa da ressurreição, não apenas como uma doutrina, mas como uma realidade que transcende nossa compreensão.

Que nossa fé seja testada e fortalecida no enfrentamento do medo e da morte, para que possamos caminhar com coragem e esperança, lembrando que a verdadeira fé é aquela que nos sustenta nos momentos mais desafiadores da vida.

Que assim seja.

 

 


ARTIGO - PRF, quase centenário, foi de polícia das estradas a força repressiva


Da Patrulha das Estradas à Repressão




Por Carlos Roberto


A história da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é uma jornada que se estende por quase um século, desde sua criação em 1928, quando foi instituída como a "Polícia das Estradas". Ao longo de décadas, essa instituição ganhou reconhecimento por seu papel na fiscalização e patrulhamento das rodovias federais do Brasil, sempre pautada pelo preparo técnico e de inteligência para garantir a segurança nas estradas.


No entanto, nas últimas décadas testemunhamos uma mudança significativa na atuação da PRF, que passou a se envolver cada vez mais em atividades repressivas, especialmente no combate ao tráfico de drogas. Essa transformação ganhou um impulso adicional durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando a PRF direcionou seus esforços nessa direção.


A PRF, que antes era vista como uma instituição de caráter preventivo, voltada para a vigilância das estradas, hoje se encontra envolvida em operações com altos índices de letalidade e casos controversos, como as mortes de Genivaldo, asfixiado em uma viatura em 2022, e de Heloisa Silva, uma criança de apenas 3 anos. Esse cenário está longe da visão original que permeou sua criação.


Quando surgiu a "Polícia das Estradas", sua missão era clara: fiscalizar as estradas e garantir a segurança dos usuários. O intenso tráfego na rodovia Rio-Petrópolis, que na época recebia cerca de três mil veículos por dia, exigia uma fiscalização sistemática. O tempo passou, e a PRF evoluiu, sendo incluída na Constituição Federal de 1988 como parte do sistema de segurança pública.


Nos anos 1960, a PRF ganhou notoriedade nas televisões brasileiras com o seriado "Vigilante Rodoviário", que, embora fosse uma produção estadual, popularizou a atividade de fiscalização nas estradas com a figura icônica do policial interpretada por Carlos Miranda.


Entretanto, o crescimento e a mudança de foco da PRF ocorreram de forma gradual e, em grande parte, organizada em comparação com outras forças policiais do país. Ela era percebida como uma instituição diferenciada, que não adotava uma postura repressiva semelhante às polícias estaduais.


A transformação da PRF em uma força repressiva pode ser atribuída a várias causas. Uma delas é uma decisão estratégica de investimento em tecnologia e inteligência, com foco na apreensão de drogas ilegais, muito antes do governo Bolsonaro. Além disso, a instituição foi uma das pioneiras na adoção de câmeras em fardamento.


No entanto, essa mudança de identidade institucional também foi influenciada por uma especificidade chamada de "mimetismo institucional". Essa influência se estende a outras forças policiais, incluindo os estados militares e civis, bem como as guardas municipais.


O contexto político também desempenhou um papel importante nessa transformação, com decisões que permitiram à PRF atuar conjuntamente com outras forças e cumprir mandatos de busca e apreensão. Isso possibilitou sua participação em operações com alto índice de letalidade, como as corridas na Vila Cruzeiro, em Varginha e em Itaguaí.


O futuro da PRF agora depende de decisões políticas e estratégicas. É fundamental que uma instituição recupere sua identidade preventiva e de inteligência, afastando-se das viés repressivas. Para isso, é necessário escolher comandos nacionais e regionais com cuidado, reformular a formação dos agentes e tomar medidas rigorosas em relação aos desvios de conduta.


A história da PRF é marcada por mudanças significativas, e a transição de uma polícia das estradas para uma força repressiva é uma reflexão de como as instituições podem se adaptar e evoluir ao longo do tempo, para o bem ou para o mal. A sociedade brasileira espera que essa transformação seja guiada por princípios que priorizem a segurança, a justiça e o respeito aos direitos humanos.


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...