domingo, 15 de outubro de 2023

.ARTIGO - O Poder e a Humildade: Reflexões sobre a Crise da Igreja

  O Poder e a Humildade:




Nas entranhas da Igreja, um dilema assombra seus corredores e ecoa nos corações dos fiéis: a verdadeira essência do papel do ministro ordenado. A reflexão profunda sobre esta missão como representantes de Cristo é fundamental para compreendermos a crise que assola a fé. Não somos meros porta-vozes de um poder divino; somos, acima de tudo, servos do Cristo servidor. A crise eclesiástica que vivenciamos não se limita a esta ou àquela Igreja. Ela transcende fronteiras, mergulhando na essência do poder e da responsabilidade que recaem sobre nós, padres e pastores. Em nossa jornada espiritual, o povo não deveria depender da presença e do clericalismo, mas sim do nosso amor compassivo, da nossa capacidade de lavar os pés, de recuperar almas e de estar verdadeiramente junto, de coração e alma, com aqueles que sofrem. O cerne da questão reside na compreensão da vocação, um chamado que não discrimina gênero, estado civil ou qualquer outra condição mundana. A teologia do batismo deve se sobrepor à ênfase na hierarquia, guiando-nos para uma compreensão mais profunda da nossa missão. Devemos ser ordenados não pela nossa posição social ou pela nossa aparência, mas sim pela eminência da nossa fé, pela caridade que transborda em atos generosos de amor ao próximo. Em um um artigo recente, enfatizei que a ordenação deve abraçar aqueles que, em sua fé sólida, oferecem consistência ao povo e demonstram amor generoso, transformando a comunidade em uma presença solidária junto aos que sofrem. O verdadeiro chamado não está na diferenciação de gênero ou estado civil, mas na vocação para o compromisso genuíno e na disposição de ser uma presença significativa junto àqueles que enfrentam adversidades. Portanto, a solução para a crise da Igreja não está apenas em reformas estruturais, mas na transformação de corações e mentes. Devemos redescobrir a humildade, reconhecendo que nosso poder deve ser usado para elevar, servir e amar. Somente quando abraçarmos a verdadeira essência do Cristo servidor poderemos, como igreja, oferecer a dignidade e a competência que cada pessoa merece. Padre Carlos

Mãe Aparecida: Olhar para o Alto e Compromisso com a Paz



Vamos rezar pela paz


Vivemos em uma época conturbada, marcada por conflitos e violência que ceifam vidas inocentes. Diante desse cenário, o exemplo e intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, nos orientam a manter o olhar elevado, com esperança e compromisso com a paz.

Como cristãos, precisamos rejeitar toda forma de violência e afirmar que a guerra só traz derrota. Assim como disse o Papa Francisco, devemos rezar incessantemente pela paz, seja em Israel e Palestina ou em qualquer outro lugar. A única vitória que buscamos é a de Cristo sobre o pecado, que nos abre a vida nova em Deus.

O sofrimento e as dificuldades existem, mas os enfrentamos com a força da fé, confiando nossa vida ao Senhor. Maria, Mãe Aparecida, nos ensina a permanecer firmes nessa fé que olha para o alto, com esperança, mesmo diante da dor do mundo.

"Corações ao alto" é o convite da Igreja para que nossa resposta seja: "Nosso coração está em Deus". Quando nos afastamos Dele, fazemos escolhas egoístas e erradas. Mas Jesus, com sua humildade e amor extremos, veio nos atrair para o alto novamente, superando nossa soberba na Cruz.

Portanto, mantenhamos o olhar elevado, iluminado pela vitória pascal de Cristo. Não nos deixemos abater pela desesperança, mas caminhemos com esperança, compromisso com a paz e disposição para servir ao próximo, especialmente os mais fragilizados. Que Nossa Senhora Aparecida console nossos corações vacilantes e os oriente para o alto, para Deus.

Padre Carlos 

 

sábado, 14 de outubro de 2023

ARTIGO - A Arte da Articulação Política: Luciano Gomes e o Partido Solidariedade.

 

 

A Saga Política de Luciano Gomes:

 


Caro leitor,

 

Nos meandros complexos da política, poucos são aqueles que conseguem articular movimento tão habilmente quanto Luciano Gomes. Sua capacidade de formar e estruturar o Partido Solidariedade indicando para presidir a Comissão Provisória, um aliado seu de longas data, Elso Oliveira Rios Filho. Desta forma,   para aqueles que observam com atenção, fica claro que Gomes é um estrategista excepcional, um verdadeiro mestre na arte da política.

Ao deixar para trás o PL e ingressar no PCdoB, muitos analistas, incluindo eu mesmo, ficamos perplexos. No entanto, o tempo revelou que sua trajetória no partido comunista foi um pouco conturbada e acredito que sua permanência está destinada a ser breve. A verdade é que  Luciano Gomes não se encaixa no estereótipo tradicional da esquerda brasileira, ele é um negociador e pacificador por natureza. Sua movimentação política sempre esteve no centro, uma posição que lhe permitiu criar uma base eleitoral invejável em nossa cidade.

A expansão estratégica de Gomes é notável. Desde a região da Limeira até o vácuo político deixado por Mariano no Capinal, sua influência se estendeu até a região do Iguá, criando uma base sólida nas diversas áreas rurais de Vitória da Conquista. Sua habilidade em conquistar lideranças só solidifica sua posição na política local.

O recente impasse com o Presidente do PT é revelador. Ao negar a legenda para Luciano Gomes, o partido dirigente do projeto de esquerda mostrou uma falta de visão surpreendente. Luciano é mais do que um simples pré-candidato a vereador; ele é um jogador político de alto calibre, capaz de moldar o cenário político da nossa cidade de maneira que poucos conseguem.

No entanto, é intrigante como alguns analistas parecem cegos para o que está se desenrolando diante de nossos olhos. A capacidade de Luciano Gomes de criar alianças, conquistar territórios políticos e mobilizar eleitores é digna de admiração. Apesar de ainda ser um membro do PCdoB e não ter demostrado publicamente sua intenção de deixar a sigla, Sua movimentação para a estruturação o Partido Solidariedade não é apenas uma mudança partidária; é uma estratégia cuidadosamente planejada para consolidar seu poder e influência na política local.

Em tempos de instabilidade política, precisamos reconhecer e entender as nuances da arte da articulação política. Luciano Gomes, com sua sagacidade política e habilidade estratégica, está escrevendo um capítulo notável na história política de Vitória da Conquista. O que alguns podem ver como uma articulação partidária comum é, na verdade, a marca de um grande jogador, alguém que compreende os intricados caminhos da política e os navega com maestria.

Em última análise, independentemente das opiniões e análises divergentes, é inegável que Luciano Gomes está moldando ativamente o futuro político de nossa cidade. Resta-nos observar atentamente, aprender com sua maestria política e reconhecer que, na política, assim como na vida, aqueles que conseguem articular movimento com precisão acabam moldando o destino.

Atenciosamente,

 

Padre Carlos

 


ARTIGO - A Dança Política em Salvador: Estratégias, Alianças e Destinos

  

"é dando que se recebe"




A política, essa arte complexa de negociação e decisões cruciais, muitas vezes se assemelha à oração de um santo famoso: "é dando que se recebe". Em nenhum lugar essa verdade é mais evidente do que no cenário político de Salvador, onde as alianças são forjadas, os acordos são selados e os destinos são moldados em reuniões agendadas para o final de semana.

Recentemente, ficamos sabendo pelas nossas fontes confiáveis que o governador já bateu o martelo: o candidato a prefeito de Salvador será o vice-governador, Geraldo Júnior. No entanto, o que permanece nebuloso é o que o MDB, seu partido, dará em troca ao governo por essa decisão estratégica. A política é, afinal, uma via de duas mãos, onde os interesses se entrelaçam e as negociações são uma moeda de troca valiosa.

Salvador, essa cidade pulsante e diversa, tornou-se não apenas uma prioridade, mas uma das maiores prioridades do atual governo. A sua importância vai além das fronteiras da cidade, abraçando os 27 territórios e os 417 municípios da Bahia, refletindo as questões que permeiam todo o estado. É uma discussão que vai muito além das ruas movimentadas e das praias ensolaradas; é uma dança política que influencia a vida de milhões.

Nesses encontros agendados para o final de semana, as estratégias serão discutidas minuciosamente. As alianças serão formadas e os compromissos serão assumidos, tudo em nome de moldar o destino de Salvador e, por extensão, o destino de toda a Bahia. As decisões tomadas nessas reuniões ecoarão nos corredores do poder, reverberando em políticas públicas, economia, educação e saúde. Cada palavra pronunciada e cada acordo fechado terão um impacto tangível na vida dos cidadãos.

Nesse jogo político, é crucial lembrar que os eleitores são os verdadeiros juízes. Eles observam atentamente, avaliam as promessas feitas e as ações realizadas. A transparência e a honestidade são virtudes que não podem ser subestimadas. A confiança do povo é conquistada com a verdade, não com retórica vazia.

À medida que essas negociações se desenrolam, cabe a nós, cidadãos atentos, acompanhar de perto. Devemos questionar, analisar e formar nossas próprias opiniões. A política é uma via de duas mãos, mas a voz do povo é o verdadeiro poder que molda o destino de uma cidade e de uma nação.

Que Salvador, essa cidade vibrante e cheia de história, possa trilhar um caminho guiado pela integridade e pelo compromisso comum de construir um futuro melhor para todos os seus habitantes. E que essa dança política, complexa e muitas vezes intrigante, possa, no final, resultar em benefícios tangíveis para cada cidadão da Bahia.

Padre Carlos

 


ARTIGO – Bolsonaro e o Golpe: Quando a Ambição Ameaça a Ordem Democrática

 


Bolsonaro e a Sombra da Justiça




Prezados leitores,

 

Nos últimos dias, o cenário político brasileiro foi abalado por uma série de revelações que lançaram luz sobre os bastidores do poder e as tramas que permeiam as altas esferas do governo. Enquanto a atenção do público estava voltada para os acontecimentos da guerra, nos corredores do poder, uma trama obscura estava se desenrolando, envolvendo o presidente Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes e uma tentativa de golpe que abalaria as estruturas da nossa democracia.

A condenação de oito réus nos atos golpistas pelo ministro Alexandre de Moraes foi como uma bomba, sacudindo os alicerces do bolsonarismo. A multa de vinte e dois milhões de reais aplicada ao partido de Bolsonaro foi o estopim para uma série de eventos que revelaram um plano maquiavélico para derrubar o ministro e, possivelmente, instaurar um regime autoritário no Brasil.

As informações reveladas indicam que Bolsonaro, enfurecido com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, começou a articular um golpe contra Moraes. Um plano que incluía não apenas a prisão do ministro, mas também de outras autoridades do judiciário. A audácia dessas tentativas é estarrecedora: sequestro, anulação de eleições, imposição de uma ditadura. São ações que não condizem com os princípios democráticos pelos quais nosso país deveria zelar.

É alarmante perceber que o presidente, eleito para proteger e fortalecer nossa democracia, estivesse envolvido em um plano tão sinistro. As forças armadas, em parte, resistiram a essas propostas, mostrando um compromisso implícito com a manutenção da democracia. No entanto, o fato de que Bolsonaro tenha chegado a esse ponto é uma triste indicação da fragilidade de nossas instituições diante de líderes dispostos a desafiá-las.

Agora, mais do que nunca, é crucial que a justiça prevaleça. Bolsonaro não está acima da lei. As evidências apontam para uma tentativa clara de minar nossa democracia, e isso não pode ser ignorado. O Brasil merece líderes que respeitem os valores democráticos, que estejam comprometidos com a verdade e a integridade.

É necessário que as instituições democráticas permaneçam vigilantes e fortes, protegendo-nos contra aqueles que buscam subverter a ordem constitucional. O povo brasileiro merece a verdade, merece transparência e merece líderes que estejam à altura dos ideais democráticos.

Em tempos tão desafiadores, é fundamental que todos nós, como cidadãos, defendamos incansavelmente a democracia e a justiça. Não podemos permitir que interesses individuais se sobreponham aos interesses do nosso país e do nosso povo.

Que a verdade prevaleça e que a justiça seja feita. A democracia brasileira não pode ser comprometida por interesses mesquinhos e planos obscuros. O Brasil merece melhor.

Um forte abraço a todos vocês, na esperança de um futuro mais justo e democrático para nossa amada nação.

Atenciosamente,

Padre Carlos

 


sexta-feira, 13 de outubro de 2023

ARTIGO - Solidariedade de Arrepiar: Torcida do Raja Casablanca, Marrocos, em Apoio ao Povo Palestino

 


 

Palestina Livre: paz sem liberdade é submissão

 




 

 

Caros leitores,

 

Hoje, somos testemunhas de um espetáculo de solidariedade que arrepia a alma e ressoa a esperança em tempos de conflito e desigualdade. A cena que presenciamos no estádio do Raja Casablanca, no Marrocos, vai além do esporte, transcende fronteiras e nos lembra da força que a humanidade possui quando se une por uma causa justa.




            A torcida fervorosa do Raja Casablanca não apenas celebra o jogo em campo, mas também levanta suas vozes e bandeiras em apoio ao povo palestino de Gaza. Em um mundo onde muitos permanecem em silêncio, essa demonstração de solidariedade é um grito alto e claro contra a injustiça e a opressão que assolam a Palestina há anos.

É inegável que a situação na Palestina é um tema carregado de emoções, histórias e tragédias. O povo palestino enfrenta diariamente desafios inimagináveis, suportando o peso da ocupação e lutando pela sua liberdade e dignidade. Nesse contexto, a atitude corajosa dos torcedores do Raja Casablanca ecoa em todo o mundo, inspirando-nos a refletir sobre o significado da verdadeira empatia e humanidade.

No entanto, este gesto solidário não está apenas em oposição aos desafios enfrentados pelos palestinos. Ele também denuncia o poder desmedido e ganancioso dos milionários israelenses que, com o apoio de algumas nações poderosas, continuam a invadir e oprimir um povo que luta pela sua própria terra. A injustiça não pode prosperar quando indivíduos e comunidades se unem em nome da justiça.

A mensagem transmitida pelos rajawis, os torcedores do Raja Casablanca, ressoa profundamente. Eles são a voz dos oprimidos, uma voz que se recusa a ser silenciada. Eles nos lembram da responsabilidade que cada um de nós tem em levantar-se contra a injustiça, independentemente de nossa origem ou crenças.

O apelo do poeta, expresso nas palavras "O rajawi é a voz do povo oprimido", ecoa como um chamado à ação para todos nós. Não podemos nos permitir ser passivos diante da opressão e da tirania. Devemos nos unir, como uma Ummah, como uma comunidade global, para apoiar aqueles que sofrem e lutar por um mundo onde a justiça prevaleça sobre a ganância.

Neste momento, em que testemunhamos a solidariedade apaixonada da torcida do Raja Casablanca, somos lembrados de que a humanidade é mais forte quando nos levantamos juntos. Que este gesto poderoso inspire não apenas os amantes do futebol, mas todas as almas compassivas, a agir em prol de um mundo mais justo e igualitário.

Que a esperança brote das arquibancadas e se espalhe por todos os cantos do mundo. Que a solidariedade demonstrada pelos rajawis nos lembre de nossa responsabilidade compartilhada de criar um futuro onde todos possam viver em paz, liberdade e dignidade.

Que a voz dos oprimidos continue a ser ouvida, ecoando através do tempo e do espaço, até que a justiça floresça e a liberdade reine para sempre.

 esperança e solidariedade,

Padre Carlos

 


quinta-feira, 12 de outubro de 2023

ARTIGO - Amaralina: Entre Fazendas e Resistência (Padre Carlos)

 

A noite emprestou as estrelas
Bordadas de prata
E as águas de Amaralina
Eram gotas de luar

 


Amaralina, um nome que ecoa através dos tempos, traz consigo as memórias de uma terra moldada por proprietários poderosos, especialmente José Álvares do Amaral. No entanto, o que hoje conhecemos como Amaralina não era mais do que uma extensa fazenda, estendendo-se desde o Rio Vermelho até a boca do Rio, uma vasta propriedade que pertenceu a um único homem, um descendente do Conde da Castanheira, o visconde do Rio Vermelho, batizado como Manuel Inácio da Cunha Menezes.


Foi nos registros do inventário e na partilha dos bens do visconde do Rio Vermelho que os diversos bairros e divisões da área começaram a tomar forma, incluindo a Pituba, adquirida no início do século por Joventino Silva e seu cunhado Manuel Dias da Silva. No entanto, nosso foco permanece em Amaralina, onde, em tempos idos, existia uma vibrante colônia de pescadores.

A vida em Amaralina era intricadamente ligada à pesca, especialmente a pesca de xaréu. As águas próximas à costa eram abundantes nessas criaturas majestosas, sustentando comunidades inteiras com seu precioso recurso. O local que agora é ocupado pelo Quartel de Amaralina foi uma vez o lar desses pescadores destemidos. Mas Amaralina não era apenas um cenário idílico de pesca e fazendas; era também um lugar de resistência.

Durante os anos sombrios da ditadura, o Quartel de Amaralina foi transformado em prisão para aqueles que se opunham ao regime. Presos políticos foram detidos ali, enfrentando a dura realidade da repressão. No entanto, mesmo nas sombras da opressão, a comunidade de Amaralina permaneceu resiliente.

A casa que abrigava a sede da colônia foi demolida mas a capela que era parte integrante da vida dos pescadores foi conservada e se localiza na entrada do quartel, durante muitos anos foi para aqueles pescadores  um santuário de esperança.

As décadas passaram, e Amaralina evoluiu. As fazendas deram lugar a bairros, as terras foram divididas e vendidas, mas a essência de Amaralina permanece. Hoje, enquanto caminhamos pelas ruas movimentadas deste bairro, devemos lembrar-nos das histórias entrelaçadas de fazendeiros poderosos, pescadores destemidos e ativistas corajosos. Amaralina, cujo nome é uma homenagem aos seus antigos proprietários, é também um testemunho da resiliência humana, uma narrativa viva de luta e esperança que perdura através dos séculos.

 


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...