O Poder e a Humildade:
Nas entranhas da Igreja, um dilema assombra seus corredores e ecoa nos corações dos fiéis: a verdadeira essência do papel do ministro ordenado. A reflexão profunda sobre esta missão como representantes de Cristo é fundamental para compreendermos a crise que assola a fé. Não somos meros porta-vozes de um poder divino; somos, acima de tudo, servos do Cristo servidor. A crise eclesiástica que vivenciamos não se limita a esta ou àquela Igreja. Ela transcende fronteiras, mergulhando na essência do poder e da responsabilidade que recaem sobre nós, padres e pastores. Em nossa jornada espiritual, o povo não deveria depender da presença e do clericalismo, mas sim do nosso amor compassivo, da nossa capacidade de lavar os pés, de recuperar almas e de estar verdadeiramente junto, de coração e alma, com aqueles que sofrem. O cerne da questão reside na compreensão da vocação, um chamado que não discrimina gênero, estado civil ou qualquer outra condição mundana. A teologia do batismo deve se sobrepor à ênfase na hierarquia, guiando-nos para uma compreensão mais profunda da nossa missão. Devemos ser ordenados não pela nossa posição social ou pela nossa aparência, mas sim pela eminência da nossa fé, pela caridade que transborda em atos generosos de amor ao próximo. Em um um artigo recente, enfatizei que a ordenação deve abraçar aqueles que, em sua fé sólida, oferecem consistência ao povo e demonstram amor generoso, transformando a comunidade em uma presença solidária junto aos que sofrem. O verdadeiro chamado não está na diferenciação de gênero ou estado civil, mas na vocação para o compromisso genuíno e na disposição de ser uma presença significativa junto àqueles que enfrentam adversidades. Portanto, a solução para a crise da Igreja não está apenas em reformas estruturais, mas na transformação de corações e mentes. Devemos redescobrir a humildade, reconhecendo que nosso poder deve ser usado para elevar, servir e amar. Somente quando abraçarmos a verdadeira essência do Cristo servidor poderemos, como igreja, oferecer a dignidade e a competência que cada pessoa merece. Padre Carlos
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