domingo, 26 de abril de 2020

Oh, Minha Senhora!


Oh, Minha Senhora!


Ando à Tua procura.
No silêncio ou nos barulhos da rua.
Onde está a venda do Teu rosto?
Sua juventude passou e no lugar da jovem,
encontra-se uma mulher de avançada idade.
Seus braços não suportam o peso da balança.
Não consegue mais representar equilíbrio, igualdade e justiça.
O Teu rosto anda por toda parte,
mas não procura nem escuta mais o clamor do pobre.
Por onde andas minha amada, porque me abandonaste?
Juraste proteger e não abandonar o teu povo.
Não andas mais com os pedintes e o mal vestidos.
Vejo-Te no olhar carente de um olhar,
nas palavras que procuram desesperadamente não ser esquecida
como uma velha com medo de morrer!
Hoje me encontro como o Filósofo Diógenes, com Lanterna acesa à procura de Você!
A que ponto chegou minha Senhora!

Padre Carlos


ARTIGO | O verdadeiro amor (Padre Carlos)




O verdadeiro amor


            Outro dia alguns amigos me questionaram como eu poderia definir o amor na pós-modernidade. Como eu poderia definir este sentimento e o que pra mim verdadeiramente representa? Confesso a vocês que alguns temas são difíceis de tratar, principalmente os relacionados à nossa subjetividade.
            Embora não definisse naquele momento, tenho o dever de exteriorizar para vocês o que realmente é para mim o amor.
  
          Este sentimento é muito mais do que uma palavra, está carregado de emoções e é a forma mais clara que exteriorizamos o humano que se encontra no nosso ser. Sinto a falta de uma metáfora que possa verdadeiramente definir este amor, expor este sentimento tão sublime à vista de todos, numa tentativa de contagiar aqueles que já se esqueceram do que é viver uma grande paixão. O amor tem sabor. Lembro-me há muito tempo, um amigo que dizia que tinha gosto de comida macrobiótica, comida japonesa, de que ele se esforçava por gostar só para acompanhar a namorada nas incursões gastronómicas que tanto lhe dão prazer.
            Amor é… quando se vai ao shopping passear com a esposa, quando na verdade gostaria mesmo era de ficar em casa lendo um livro ou de ir a uma festa, e dançar como se fosse a melhor coisa do mundo. Não basta ir, tem de se ter prazer em ir e partilhar aquele momento e gostar como se fosse nosso também.
            Eu acredito que as pessoas que não tem esta capacidade de amar, devem viver com um vazio profundo na alma.  Há muitas pessoas que ainda não descobriram o que é amar, outras que ainda não foram amadas e ainda as que nunca conhecerão as virtudes do amor.  Já disse que amor também poderia ser uma dor?  Mais esta dor tem gosto de vida, pois só quem passa pela dor da morte pode ressuscitar; só existirá amor, quando descobrimos em si a generosidade dos afetos que nos permitem entregar-se ao próximo.
            Confesso que tenho consciência que deveria escrever mais sobre os amores desta vida e até mesmo sobre os desamores, com o encanto e orgulho de quem vivenciou tal prazer e conhecimento. Só me resta rendei-me à indiferença com a cumplicidade de todos nós, talvez porque simplesmente estejamos esquecidos dos sabores, dos aromas, dos gestos e dos olhares que o amor nos traz.
    
        Repeti muitas vezes a palavra amor sem dá conta neste texto, acredito que foi de forma conscientemente, porque não quero cometer os erros dos incautos de esquecer que ainda existe que ainda temos uma esperança de amar nesta vida. Não quero pertencer à classe daqueles que passaram nesta existência sem conhecer o amor.
            Assim meus amigos, defino o amor como o conjunto de gestos esses sentimentos que podemos traduzir da seguinte forma: Cuidar é amar, entregarmo-nos é amar, proteger é amar, beijar é amar, contemplar é amar, não desistir e acreditar é amar. Este é o meu conceito de amor.

Padre Carlos.


sábado, 25 de abril de 2020

ARTIGO - O Covid 19 e a Câmara de Vereadores (Padre Carlos)

Covid 19 e a Câmara de Vereadores




A partir da sala da sua residência, os vereadores de Vitória da Conquista, inauguraram neste último mês uma forma diária de trabalhar e tomar conhecimento sobre a evolução da pandemia do covid 19. Este é um dos mais recentes exemplos de como, nos últimos dias, a política tem se reinventado fora dos corredores e paredes da Câmara Municipal. Devido às restrições no funcionamento daquela casa e o cancelamento da agenda política, os vereadores e a Mesa Diretora, passaram a procurar novas formas de chegar até seus eleitores, cada vez mais online. Além da forma de comunicarem com seus pares, os vereadores tem adaptado também o seu funcionamento interno aos desafios de fazer o seu trabalho como representante do povo, em plena crise da saúde provocado pelo coronavírus. 
Diante do decreto municipal que determina o fechamento do comercio e o uso de mascaras em locais públicos, um grupo de empresário da nossa cidade recorreu à Vara da Fazenda Pública para a retomada das atividades que seguem paralisadas por determinação do prefeito Herzem Gusmão (MDB).Os poderes público tem que fazer sua parte. Com muita prudência e sabedoria, a justiça negou qualquer forma de flexibilizar a lei. Sabemos que existe uma parte do empresariado que não tem compromisso nem responsabilidade social com o que a cidade está vivendo, mas o que me surpreendeu, foi a posição destes empresários, sugerindo a abertura gradual do comercio. Gostaria de lembrar, que estamos vivendo um tempo de uma exigência extraordinária. Por todo o mundo, combate-se um vírus que não conhece fronteiras e que a ciência só agora está tomando conhecimento da sua existência. Estamos vivendo em Vitória da Conquista, uma emergência de saúde pública que é também emergência social e económica. E que revela uma cidade preocupada acima de tudo com seus habitantes. 
Na linha de frente, os profissionais de saúde. Todos os dias fazem tudo para salvar vidas. Se alguém precisava de uma prova de que precisávamos mesmo do SUS forte, aqui está. Acredito que a proposta do vereador Professor Cori seja a mais sensata neste momento: “A escolha mais acertada para o enfrentamento à pandemia do Coronavírus busca preservar a vida, com garantias de acesso ao atendimento no sistema de saúde e, a partir daí, busca-se recuperar a economia por meio de investimentos maciços a serem feitos pelo poder público, e sempre que possível, em parceria com a iniciativa privada”. 
A este esforço, junta-se uma população empenhada em seguir as recomendações das autoridades de saúde. 
Perante esta cidade solidária, os poderes públicos têm de fazer a sua parte: proteger quem está na linha de frente e os grupos de risco, parar toda a população da nossa cidade. Apoiar estas pessoas, não significa lutar para a abertura imediata do comercio, falar em flexibilizar é abrir as portas para o vírus e condenar as suas famílias. Vai chegar o momento de sentarmos a mesa para discutir estas questões, mas acredito que ainda não chegou este momento de falar em abertura do comercio.  
Uma cidade que protege seus habitantes: uma cidade que, mantendo a distância física para travar a luta contra o vírus, não desiste da proximidade social para travar as suas consequências. Responderemos pelos nossos atos inconsequentes. 
Quero parabenizar a Câmara de Vereadores pelas novas iniciativas e pelo posicionamento que vem tendo no combate ao covid 19 e lembrar a população que podemos contar na sua maioria com seus representantes.  

sexta-feira, 24 de abril de 2020

ARTIGO - A liberdade corre risco (Padre Carlos)


A liberdade corre risco 



Muita gente gostaria que eu escrevesse hoje sobre a saída do ministro da Saúde ou o da Justiça, não falarei de Mouro nem de Mandetta, prefiro falar do conjunto da obra. Há ditados que fazem parte do cotidiano da população. Quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a deixar o navio. Essas são frases famosas que ouvimos em nosso dia a dia. São frases antigas, que devem ser levadas em consideração em nosso cotidiano. Haja visto que o ser humano já errou tanto, que precisa aprender com seus erros. 
Desde o processo eleitoral, em virtude da disseminação de novas tecnologias da informação como  fake news, disseminando todo tipo de mentira contra seus opositores além é claro de certa falência do modelo político brasileiro, o debate sobre o futuro do país vem se dando sobre trilhas tortas, no qual ideias e propostas altruístas e legítimas convivem com mitos, mentiras, todo tipo de manipulação e enganos. E em uma escala monumental, envolvendo em tempo real milhões de brasileiros. 
O próprio resultado das eleições é questionável e pode ser analisado pelo STE por esse prisma. Em um movimento de repúdio devido a campanha que a mídia criou sobre as administrações petistas e apoiada em amplos segmentos do conservadorismo e da direita, a maioria dos eleitores que foram às urnas optou por um conjunto de ideias soltas, meramente ideológicas, e não por um projeto de desenvolvimento com rosto, linha, com um porto a ser alcançado. 
Passado o processo eleitoral, veio a política real. Um governo à deriva, um presidente que diz não entender nada de economia e que nasceu para ser militar e não para ser líder maior do País, um ministro da Justiça que condenou o candidato com maior intenção de voto em troca de uma vaga no STF, um ministro da Fazenda que acredita ser o presidente, um chanceler que busca revisar a história de maneira tosca e abusiva, um guru ao estilo Rasputin com um imaginário séquito de alunos convertidos a uma religião do atraso, um ministro do meio ambiente avesso e cético em relação às mudanças climáticas, um vice que que quer o lugar do presidente, um governo com base parlamentar em crise e pela primeira vez, um presidente sem partido. 
  É impressionante como tudo na República está desalinhado e desmoronando. Se não fosse a esquerda que tem denunciado todo tipo de desmando, acredito que não teria restado muita coisa. A base do presidente não tem liderança e quem controla hoje o centrão é o mercado, os partidos de sustentação do governo, cada um tenta se salvar em seu quadrado político, ou de interesse pessoal. O outrora partido de oposição, que teve tudo para chegar ao poder, não deixou uma boa herança além dos escândalo de corrupção, se dividiu entre a direita e a utra-direita  e não vem a público trazer nada de novo. 
Outrora grandes partidos de centro e social democrata também caíram na inação em virtude de a Justiça ter lançado redes sobre seus principais expoentes políticos. Partidos fisiológicos, principalmente ao centro e à direita, continuam esperando pela fisiologia. A contra-política, ou melhor, a “nova política de Bolsonaro” imperando e a economia afundando. 
Uma democracia que convive com a injustiça de ter condenado sem provas o ex-presidente da República e líder do maior partido de oposição, enquanto os políticos ligado as élites e os empresários, se tornam intocáveis e jamais foram recolhidos a celas, com o rigor da Justiça –que sempre deve ser rigorosa, amparada na Constituição e no arcabouço legal. Todavia, pode fenecer, se conviver com movimentos que visam desacreditar a política, os políticos e, principal e especialmente, as instituições democráticas e republicanas. 
Duas questões chamaram minha atenção nas últimas semanas, além da troca de ministros em razão da luta do poder dentro do governo, uma escalada perigosa para desmoralizar o  o Parlamento brasileiro e o Judiciário, com foco maior no Presidente do Congresso e no STF (Supremo Tribunal Federal). As decisões e posicionamentos do STF e de alguns dos seus ministros, passaram a ser questionadas e combatidas pelos defensores do governo, ressaltando-se a recente e imposição a censura contra as ações do presidente em relação as tomadas de decisões em respeito a pandemia e o enfrentamento ao coronavírus. 
A história passada e recente nos oferece exemplos de que tal escalada resulta em colapso democrático nos países que a experimentaram.  
Hoje vivemos uma corrida dentro do governo para ver quem consegue atingir mais rapidamente os clássicos 15 minutos de fama e qual o momento certo para deixar este governo. 
Tudo sendo replicado nas redes sociais por milhões de mensagens, avivando não o espírito democrático dos cidadãos críticos, mas a sanha autoritária e golpista que sempre esteve presente em movimentos de direita, em alguns partidos antidemocráticos e, claramente, em grupos da campanha e que agora formam alas dentro do governo Bolsonaro. 
Na democracia e dentro da lei a crítica deve ser livre e destemida. Nenhum Poder da República e suas instituições estão livres do crivo da cidadania, mas a liberdade corre risco se houver a desmoralização de qualquer uma delas. Se há de fato denúncia de crime de responsabilidade contra o presidente ou ministro do Judiciário então se façam articulações políticas sólidas no Congresso e se decidam em relação ao caso, porém sem o fogo-fátuo e as luzes da ribalta que se apagam. 
Levar um ministro ao impeachment por um processo maduro não agride a democracia, porém abrir a caixa de pandora é loucura e irresponsabilidade, além disso é crime. 







  

quinta-feira, 23 de abril de 2020

ARTIGO - As máscaras das nossas tragédias (Padre Carlos)

As máscaras das nossas tragédias 


A máscara individualiza o personagem, mas não o torna um sujeito psicológico, isso mostra a inestimável riqueza que teve a tragédia grega, desde então. Diante desta constatação, procuro entender o que realmente aconteceu nos últimos tempo, foi a máscara de Bolsonaro que cai ou foi a VENDA que estava sobre os olhos dos seus eleitores? Ah, digo isto, porque boa parte do que está acontecendo, se deve a crise política que o país tem atravessado e este fenômeno de alguma forma termina enfraquecendo as instituições criando assim, situações para o aparecimento de falsos profetas.   Por isso, temos que ter em mente que esta crise vai passar. Vamos aprender muito com ela. Mas a maior lição será conhecer as pessoas os partidos e os projetos políticos. Saber quem se preocupa com as pessoas em quem está preocupado com a mesquinhez de suas intenções pobres. Isto vale para observarmos como, as pessoas a nossa volta, empresários e homens públicos tem tentado resolver os graves problemas da crise. E tomara que possamos mudar para melhor depois que a pandemia passar. Se isso acontecer, nós vamos criar resistência não só ao coronavírus, mas também a algumas “doenças” que surgiram nos últimos tempo. Esta patologia estava com a máscara da fascinação ou com uma convicção cega que o impediam de apreciar a verdade autêntica. 
Na verdade, o bolsonarismo se tornou um fenômeno devido a neurose coletiva que vem sendo demostrado através das manifestações de massas. Muitas são as pessoas que, por exemplo, procuram encaixar as suas arestas e vazios particulares com os problemas enfrentados pelo seu “mito” para que tudo tenha a mais perfeita harmonia… Entretanto, muitas dessas convicções patrióticas surgem mascarando ou disfarçando carências próprias. Ou ainda pior, mostrando virtudes que não são reais ou um sentimento de classe. Do outro lado, eles observam Bolsonaro como “completo”, quase idílico, sem perceber máscara alguma. 

  É possível que a direita tucana que apoiou Bolsonaro tivessem a intensão de domesticar a fera ou torna-lo mais sociável. É claro que às vezes as pessoas realmente podem mudar. As circunstâncias poderiam fazê-lo mudar, as experiências na presidência… Contudo, todos nós dispomos de uma essência inconfundível, de um tipo de personalidade, integridade e valores que costumam ser constantes ao longo do tempo e conhecendo os valores do capitão, saberíamos logo, que ele jamais mudaria.  Os ícones do PSDB deveriam saber que ninguém constrói um projeto de nação da noite para o dia. Isso requer tempo, partido e um pacto político. Foi a cumplicidade com o projeto de ultradireita, que favoreceu a Ascensão de Bolsonaro ao poder. Esta atitude dos tucanos no Brasil, lembra muito a social democracia alemã na década de trinta.  A tendência de as massas idealizá-lo ou atribuir-lhe dimensões extraordinária, favorecia o campo da direita que achava que com a saída da esquerda chegaria ao poder. Só quando entenderam que não faziam parte da festa, suas expectativas foram pouco a pouco se acabando e os véus da verdade e da vergonha vão caindo… 
  
Mas aí, o momento chega. Ele sempre chega. Aquele em que a tão colorida máscara cai, causando por vezes, alguns estragos irreparáveis. As pessoas não mudam, elas se revelam. Bolsonaro neste domingo apenas mostrou de forma clara o que realmente ele é: um golpista de araque e amante da ditadura. Ninguém muda pra pior, por mais terrível que seja a criatura! Ela já era terrível desde sempre!  
Algumas pessoas possuem várias personalidades, por mais estranho que pareça, isso acontece em certas patologias com o ser humano, desta forma, ela se mantém do mesmo jeito até que seu calo seja pisado, seu ponto fraco seja cutucado. Nesse instante, a “fera se mostra” e os tolos se perguntam: meu Deus o que eu fiz! 

































ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...