Muita gente gostaria que eu escrevesse hoje sobre a saída do ministro da Saúde ou o da Justiça, não falarei de Mouro nem de Mandetta, prefiro falar do conjunto da obra. Há ditados que fazem parte do cotidiano da população. Quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a deixar o navio. Essas são frases famosas que ouvimos em nosso dia a dia. São frases antigas, que devem ser levadas em consideração em nosso cotidiano. Haja visto que o ser humano já errou tanto, que precisa aprender com seus erros.
Desde o processo eleitoral, em virtude da disseminação de novas tecnologias da informação como fake news, disseminando todo tipo de mentira contra seus opositores além é claro de certa falência do modelo político brasileiro, o debate sobre o futuro do país vem se dando sobre trilhas tortas, no qual ideias e propostas altruístas e legítimas convivem com mitos, mentiras, todo tipo de manipulação e enganos. E em uma escala monumental, envolvendo em tempo real milhões de brasileiros.
O próprio resultado das eleições é questionável e pode ser analisado pelo STE por esse prisma. Em um movimento de repúdio devido a campanha que a mídia criou sobre as administrações petistas e apoiada em amplos segmentos do conservadorismo e da direita, a maioria dos eleitores que foram às urnas optou por um conjunto de ideias soltas, meramente ideológicas, e não por um projeto de desenvolvimento com rosto, linha, com um porto a ser alcançado.
Passado o processo eleitoral, veio a política real. Um governo à deriva, um presidente que diz não entender nada de economia e que nasceu para ser militar e não para ser líder maior do País, um ministro da Justiça que condenou o candidato com maior intenção de voto em troca de uma vaga no STF, um ministro da Fazenda que acredita ser o presidente, um chanceler que busca revisar a história de maneira tosca e abusiva, um guru ao estilo Rasputin com um imaginário séquito de alunos convertidos a uma religião do atraso, um ministro do meio ambiente avesso e cético em relação às mudanças climáticas, um vice que que quer o lugar do presidente, um governo com base parlamentar em crise e pela primeira vez, um presidente sem partido.
É impressionante como tudo na República está desalinhado e desmoronando. Se não fosse a esquerda que tem denunciado todo tipo de desmando, acredito que não teria restado muita coisa. A base do presidente não tem liderança e quem controla hoje o centrão é o mercado, os partidos de sustentação do governo, cada um tenta se salvar em seu quadrado político, ou de interesse pessoal. O outrora partido de oposição, que teve tudo para chegar ao poder, não deixou uma boa herança além dos escândalo de corrupção, se dividiu entre a direita e a utra-direita e não vem a público trazer nada de novo.
Outrora grandes partidos de centro e social democrata também caíram na inação em virtude de a Justiça ter lançado redes sobre seus principais expoentes políticos. Partidos fisiológicos, principalmente ao centro e à direita, continuam esperando pela fisiologia. A contra-política, ou melhor, a “nova política de Bolsonaro” imperando e a economia afundando.
Uma democracia que convive com a injustiça de ter condenado sem provas o ex-presidente da República e líder do maior partido de oposição, enquanto os políticos ligado as élites e os empresários, se tornam intocáveis e jamais foram recolhidos a celas, com o rigor da Justiça –que sempre deve ser rigorosa, amparada na Constituição e no arcabouço legal. Todavia, pode fenecer, se conviver com movimentos que visam desacreditar a política, os políticos e, principal e especialmente, as instituições democráticas e republicanas.
Duas questões chamaram minha atenção nas últimas semanas, além da troca de ministros em razão da luta do poder dentro do governo, uma escalada perigosa para desmoralizar o o Parlamento brasileiro e o Judiciário, com foco maior no Presidente do Congresso e no STF (Supremo Tribunal Federal). As decisões e posicionamentos do STF e de alguns dos seus ministros, passaram a ser questionadas e combatidas pelos defensores do governo, ressaltando-se a recente e imposição a censura contra as ações do presidente em relação as tomadas de decisões em respeito a pandemia e o enfrentamento ao coronavírus.
A história passada e recente nos oferece exemplos de que tal escalada resulta em colapso democrático nos países que a experimentaram.
Hoje vivemos uma corrida dentro do governo para ver quem consegue atingir mais rapidamente os clássicos 15 minutos de fama e qual o momento certo para deixar este governo.
Tudo sendo replicado nas redes sociais por milhões de mensagens, avivando não o espírito democrático dos cidadãos críticos, mas a sanha autoritária e golpista que sempre esteve presente em movimentos de direita, em alguns partidos antidemocráticos e, claramente, em grupos da campanha e que agora formam alas dentro do governo Bolsonaro.
Na democracia e dentro da lei a crítica deve ser livre e destemida. Nenhum Poder da República e suas instituições estão livres do crivo da cidadania, mas a liberdade corre risco se houver a desmoralização de qualquer uma delas. Se há de fato denúncia de crime de responsabilidade contra o presidente ou ministro do Judiciário então se façam articulações políticas sólidas no Congresso e se decidam em relação ao caso, porém sem o fogo-fátuo e as luzes da ribalta que se apagam.
Levar um ministro ao impeachment por um processo maduro não agride a democracia, porém abrir a caixa de pandora é loucura e irresponsabilidade, além disso é crime.
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