segunda-feira, 24 de junho de 2019

O que é ser oposição?




O que é ser oposição?



Pergunto-me quase todos os dias, nos últimos dois anos, o que é ser oposição. E a resposta é triste.
É perder amigos, verdadeiros e falsos.
É não colaborar.
É ser duro e inflexível como um comunista da velha guarda.
É escolher a verdade invés a conivência.
É deixar de cumprimentar quem fala mal da gente nas nossas costas.
É dizer ‘Não’ a muita gente, quase todos os dias. 
É ter coragem física.
É ter olhos como duas balas.
É ser brutal em vez de cínico.
É almoçar sozinho - e gostar. 
Nas democracias e nas ditaduras - sobretudo nesta - sempre houve homens e mulheres que escolheram a resistência. A maioria acomoda-se, aceita, conforma-se. Mas ‘há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não’. 
Ser oposição não é, portanto, uma questão decibéis nos gritos, é um modo de vida. É uma atitude. E antes de ser uma atitude é um modo de ser. É ser radical na defesa de causas e no combate às causas que se lhe opõem. 
O poder corrompe e é tão tentador como a Eva despida no paraíso. Ser oposição é fugir da tentação a sete pés. 

Padre Carlos


ARTIGO - Gisa e o MFraC ( Padre Carlos )





Gisa e o MFraC



          Embora muita gente não saiba, temos no conjunto da Igreja, irmãos e irmãs religiosas que tem uma vida assumida ao amor e dedicação aos votos de obediência, pobreza e castidade. Temos também no seio da nossa Igreja, leigos que não fizeram tais votos, mas se consagram pela sua entrega, pelo zelo na causa de Deus e dos homens, pela entrega gratuita dos carismas ao serviço de todos. Sem hábitos nem distintivos.

         Foi assim que sempre conheci Gisa Maia, na paróquia de Nossa Senhora da Luz, em Salvador. Se D. Celso José foi um pai espiritual para mim, esta serva de Deus tem um papel maternal na minha conversão.  A irmãzinha sempre trabalhou ao lado do mais pobre. Oferecendo tudo, inclusive a sua inteligência deslumbrante. Nada tem guardado dos dons que recebeu.

  
       Na percepção da Igreja e do mundo, na espiritualidade profunda que alimentou na entrega discreta e simples de toda a sua existência, no discernimento dos sinais, no respeito pelas dinâmicas, no sentido estético que vem imprimindo ao longo de todos estes ano ao religioso na fé que discretamente revela, no respeito e competência com que acompanha a evolução Conciliar, na forma como renunciou a hábitos adquiridos desde a infância, na tolerância e paixão com que admitiu as transformações que o Vaticano II gerou na forma paciente e dialogante como tem lido os sinais dos tempos.·.
         A paróquia ficava cada vez menor pra tanto amor e seu envolvimento com a defesa dos mais pobres levava a uma tomada de posição e ruptura com sua classe e a família. Foi neste momento que toma consciência da necessidade de tornar público aquele compromisso e desta decisão nasce o MFraC, O Movimento de Fraternidade Cristã. Sua ação evangelizadora chamou a atenção de parte da Igreja que via com bons olhos o trabalho desenvolvido por aquela mulher. Desta forma, o bispo da cidade de Ilhéus, D. Tape, passa a oferecer uma orientação espiritual a ela e aos jovens que a seguia.    Venho ao longo da minha vida, testemunhando o seu respeito, a lisura das suas observações, a inteligência invulgar da sua reflexão, aliado a uma cultura humanística profunda que sempre discretamente tem revelado, tanto no campo religioso como no profano.

         Tudo isso me deixou um indizível sentido de respeito e ternura por uma mulher inteiramente consagrada a Deus e aos outros.

         A consagração é um privilégio também de muitos leigos que se entregaram totalmente.

         O começo foi igual ao de todos os consagrados: o Batismo.


Padre Carlos

ARTIGO - Nossa falta de memória ( Padre Carlos )




A falta de memória





            Memorial é resgatar a memória é lembrar um determinado dia é fazer com que nós não esqueçamos jamais desta data. Um aniversário de nascimento, de casamento a própria Missa é um memorial ela representa a Paixão Morte e Ressureição do nosso Senhor Jesus Cristo. No mundo, vimos exemplos de memorial para que o homem se lembre dos horrores da guerra. Assim, Auschwitz, no dia 27 de janeiro, chama atenção do mundo para lembrar a barbárie, assim nesta data foi definida como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Uma data criada pelas Nações Unidas para recordar os cerca de seis milhões de judeus assassinados pelo regime nazi.     Estima-se que daqui a dez anos já não haja sobreviventes para contar a história de uma das maiores atrocidades ao próximo. Por isso, mais do que nunca, é nosso dever manter estas memórias vivas. Lendo esta matéria, sobre a realidade na Europa, principalmente na Alemanha, país que foi palco de todos estes acontecimentos, me lembrei como pecamos em não resgatar as nossas, memórias, as nossas conquistas e os momentos difícil que tivemos que atravessar nesta vida.
            Ao constatar a ascensão da extrema-direita como uma ameaça à cultura da memória, passei a entender como estas forças se alimentam da falta de informação. As autoridades daquele país puderam perceber os números alarmantes de uma investigação recente que revela que 40 por cento dos jovens alemães afirmam não saber "quase nada" sobre o Holocausto. Recordar um dos momentos mais triste da história da Humanidade é crucial para que a história nunca se repita. Depois de ler aquele artigo, pude entender porque não ficamos chocados e indignados, quando o presidente faz apologia à tortura e a ditadura, querendo transformar o 31 de março como uma data comemorativa.
     
       À onda de descrença das populações nos partidos e nos políticos, não é só no nosso continente, crescem também por toda a Europa, e em todo o mundo. Este é o grande combustível para que os partidos e movimentos populistas se desenvolvam e se alimentem do sofrimento e da falta de esperança – sejam de esquerda ou de direita – e de perigosa inspiração extremista. Como se sabe, aliás, estas forças já ganharam protagonismo e assento em países como a França, com Marine Le Pen, a Holanda, com o Partido da Liberdade, ou até na Espanha, com a entrada do Vox, de extrema-direita, no Parlamento. Já no nosso caso daria para outro texto…
            À crise da democracia esta relacionada à falta de memória coletiva e o difícil acesso a informação das novas gerações. E uma mentalidade de quem tudo quer menos a Liberdade. Estejamos atentos.
Padre Carlos


ARTIGO - Já posso lhe elogiar ( Padre Carlos )





Já posso lhe elogiar





             A palavra elogio deriva de duas palavras da língua grega e significa “bom” ou “ bem” é o enaltecimento de uma qualidade ou virtude de alguém. Ressaltar as qualidades de uma pessoa em vida é muito difícil, principalmente se você vive e milita no meio político. Tudo o que você disser ponderar ser usado contra você e seu grupo um dia.
            Hoje estava me perguntando por que até dentro do próprio partido, não reconhecemos os valores dos nossos companheiros? Dentro de uma cultura de disputas constantes, reconhecer competências e valores, nos torna menor diante daquele que exaltamos.
            Pensando todas estas coisas, foi que me veio às citações de Machado de Assis, «está morto: podemos elogiá-lo à vontade». Tudo isto é a pura verdade, principalmente para aquelas pessoas, que em vida, suscitou paixões diversas e antagónicas.
             A morte no meio político é assim, tem a capacidade de propiciar a unanimidade no elogio, porque, na verdade, ninguém é absolutamente mau ou inteiramente bom. O defeito e a virtude existem em cada um de nós e traduzem essa circunstância que nos individualiza e humaniza.
    
        Não podemos negar que somos o que somos por diversos fatores externos e internos que nos forjam o carácter e nos definem como pessoa. Como disse o filósofo, somos a soma de todos os sins e nãos que damos em nossas vidas. Por isso, qualquer pessoa esta sujeito a gestos de extrema covardia e ao mesmo tempo pode nos surpreender também com atos heroicos que jamais poderíamos esperar.
             Desta forma, perante esta atmosfera de luto, o consenso e os elogios que estamos habituados a testemunhar, nos questionam sobre os nossos propósitos e sinceridade em relação ao outro.
             O que na verdade gostaria de dizer hoje é que neste contexto de lutas e disputas, tenho cada vez mais a certeza, que uma geração de políticos forjados nas lutas contra o regime militar, que viveu a política com sentido de projeto e de serviço está acabando. E o vazio que se forma no meio político, tem muito haver com a falta de competência e amadorismo que constatamos em alguns quadros.
            Ressaltar as qualidades dos companheiros, talvez seja o remédio que tanto falta a este partido, além de promover a autoestima e reconhecer que somos capazes de assumir não só responsabilidades no partido, mas também nos governos petista.

Padre Carlos

ARTIGO |O The Intercept e a ( pós) verdade (Padre Carlos)



The Intercept e a ( pós) verdade



            Quando me propôs fazer estes artigos, tinha como objetivo trazer temas filosóficos para a reflexão do cidadão que não teve oportunidade de frequentar um curso acadêmico e procura uma abordagem mais técnica dos acontecimentos da vida política.
            O tema que vamos abordar hoje, diz respeito à verdade, ou melhor, a pós-verdade. Assim, podemos definir este fenômeno através do qual a opinião pública reage mais a apelos emocionais do que a fatos objetivos. Desta forma, definimos este conceito de verdade, observando como os fatos são colocados em segundo plano quando uma informação recorre às crenças e emoções das massas, resultando em opiniões públicas manipuláveis. Para isto, vamos resgatar os valores filosóficos e, a aplicação da filosófica no conceito e na aplicação da pós-verdade para abordamos de forma clara como os acusados e a imprensa de massa vão tratar este caso. O que se encontra em jogo é a narrativa entre a forma que foi conseguida a informação e o seu conteúdo que está sendo divulgado pelo site The Intercept. Assim, o filósofo tem o dever de ponderar de forma reflexiva a acerca das questões que estão sobre sua responsabilidade.
       
     “A pós-verdade, é a ideia de que um fato concreto tem menos significância ou influência do que apelos à emoção e as crenças pessoais”. De acordo com o dicionário, o prefixo “pós” transmite a ideia de que a verdade ficou para trás. (Como querem a Rede Globo, Mouro e a Força Tarefa). Sem pretensão de fazer uma abordagem psicológica, podemos afirmar que a tendência do ser humano de julgar fatos com base na sua própria percepção é uma tendência natural. Com isto, podemos afirmar que, a pós-verdade é uma “seleção afetiva de identidade”, através da qual os indivíduos se identificam com as notícias que melhor se adaptam aos seus conceitos.
            Sabendo de todas estas informações, Glenn Greenwald, parte no sentido de fazer parcerias e ampliar através dos órgãos de comunicação que transcende o métier da imprensa alternativa. Foi com o objetivo de disputar a narrativa entre a forma e o conteúdo, que o site The Intercept fechou uma parceria para Reinaldo Azevedo a Rede Bandeirante e com a Folha de S.Paulo e a Revista  Veja.          
            Assim, quando essas certezas são exploradas pelos meios de comunicação para fins midiáticos, econômicos ou políticos, nasce o fenômeno da pós-verdade, no qual as massas “preferem” acreditar em determinadas informações que mesmo não sendo verdade traz a credibilidade do órgão que transmite.
            Os meios de comunicações são concessões do governo. Assim, por se tratar de um bem público, não podemos admitir este tipo de comportamento em relação à veracidade dos fatos, estas empresas tem que ter mais responsabilidade pelas notícias que divulgam, É necessária uma reforma das comunicações para que a democratização das informações seja uma ponte entre o cidadão e a verdade. Desta forma, a responsabilidade de importante ferramenta não deve ficar concentrada nas mãos de poucas famílias, como um feudo controlador da informação no Brasil. São estes, os grandes responsáveis pelas manchetes e matéria, com elementos de pós-verdade, Assim, estas empresas, junto com um judiciário partidário, formavam as manchetes desta imprensa sem compromisso com a veracidade dos fatos, esta aliança, esta sendo quebrada agora com as revelações da Vasa Jato.
            . A pós-verdade é a aceitação de uma informação por um indivíduo ou grupo de indivíduos, que presumem a legitimidade desta informação por razões pessoais, sejam preferências políticas, crenças religiosas, bagagem cultural, etc. Assim, a pós-verdade não implica necessariamente em uma mentira (tendo em vista que a informação não verificada pode ser verdadeira), mas sempre implica em uma negligência com relação à verdade.
            Recentemente foi compartilhada por milhares de pessoas nas redes sociais a informação de que o cantor Pabllo Vitar seria beneficiado pela Lei Rouanet em cerca de R$ 5 milhões de reais para uma produção musical. A notícia trazia o fato paralelo de que o Hospital de Câncer de São Paulo teria sido fechado por ausência de verba, fato este que trouxe imediata indignação coletiva de muitas pessoas que, antes da informação, possuíam algum tipo de preconceito com o cantor e com a representatividade LGBT no meio cultural.
            Surpresa! A informação era falsa e compõe um dos diversos casos de notícias incorretas espalhadas virtualmente ao longo do processo judicial do Presidente Lula.
            O ódio ao PT e ao Presidente Lula, também foi fruto desta prática criminosa dos meios de comunicações e da estrutura da Sec. De Comunicação do Estado de São Paulo, governado pelo PSDB. As técnicas mais sofisticadas e profissionais com capacidade de colocar em pratica a manipulação da verdade dividiram o país em duas vertentes: Os que têm senso críticos e as vitimas da pós-verdade.
        
    Assim, foi comum que informações potencialmente falsas relacionadas ao tema da campanha eleitoral, como por exemplo: o acordo de delação do ex-ministro Antônio Palocci no âmbito da Operação Lava Jato se estabeleceram e se propagaram na sociedade como se fosse verdade, ainda que de forma passageira, tendo em vista que os beneficiados, muitas vezes, só precisavam sustentá-las até o dia da eleição.
            Logo, quando se trata de política, o senso crítico (capacidade de questionar e analisar informações de maneira objetiva) é a grande arma que o cidadão comum, tem em relação às informações que chegam a todo instantes em nossas casas, por isto entendo e concordo com Glenn Greenwald em criar uma rede e se fortalecer para participar desta guerra.

Padre Carlos.



domingo, 23 de junho de 2019

ARTIGO | Procura-se um amigo (Padre Carlos)




Procura-se um amigo



            Tenho tentando colocar no papel este sentimento de amizade para aqueles que conhecem e sabem da sua verdadeira importância. E como é difícil encontrar! Só descobrimos o grau de amizade e a sua verdadeira dimensão, nos momentos mais difíceis da nossa vida.
             Hoje vou partilhar com vocês sobre como uma presença amiga é importante em determinados momentos da nossas  vidas. Acompanhei outro dia um amigo que estava fazendo um check-up no hospital.  O médico chama-o pelo nome e não lhe deu uma boa notícia. Os exames, embora preliminares, tinha constatado um problema e por isto, recomendou que fizesse outros mais específicos. Esta notícia trouxe uma profunda tristeza e sofrimento era visível em seu semblante o que estas palavras do médico tinha causada ao seu estado emocional. Ele ficara perplexo. Não esperava tal diagnóstico. O mais difícil de aceitar é a incerteza sobre o seu futuro.
     
       Com as mãos tremulas e com aquele olhar como se tivesse pedindo ajuda, recebe calado, mas preocupado, a lista de exames que terá de fazer. Não foi apenas um, mas, dois diagnósticos que se comprovado, poderá leva-lo ao óbito. Ao constatar o que realmente está acontecendo, este irmão e companheiro é ferido em outra parte: no mais profundo da sua alma.
             Assim, só consegue pensar na esposa e nos filhos, como iriam reagir e uma dúvida passa na sua cabeça: será que eles estariam preparados para receber aquela notícia? O Mundo parece que está desabando sobre sua cabeça e um pensamento busca traduzir tudo aquilo: por que ele se encontra naquela situação, durante toda a sua vida, procurou ser um bom pai e um companheiro amigo e fiel.
            Saímos daquele hospital e de repente ele olha o céu e diz: que azul lindo está fazendo hoje! Como é possível a partir de agora conviver com esta luz se em minha alma habita uma verdadeira escuridão. Neste momento olha para o céu como se estivesse vendo algo. E um filme passa na sua mente, suas lembranças trazem estas imagens de muita felicidade e alegria. Imagens da sua vida. Imagens dos seus pais e da sua família. Imagens dos seus amigos. Imagens do quanto viveu. Do quanto pode construir. Do que, mal ou bem, conquistou.
      
       E, num momento, escuro de chumbo que lhe marcava a alma aparece uma luz intensa de gratidão e de esperança. Gratidão pelo tanto que recebeu e esperança na vida que se faz em cada dia, no sol que nasce e ilumina, na felicidade dos beijos da mulher e dos filhos, do abraço dos amigos ou, até, daquele jantar específico ou daquela cachaça que quase o ressuscita. Nós somos isto, conclui. Finitos. Mas agradeço por poder desfrutar desse bem maior que é estarmos vivos e viver a vida!
            Meu amigo tá lutando e eu estou do seu lado vibrando com ele cada vitória e conquista que vem obtendo.

Padre Carlos


sábado, 22 de junho de 2019

ARTIGO |O The Intercept e a ( pós) verdade (Padre Carlos)





O The Intercept e a ( pós) verdade



            Quando me propôs fazer estes artigos, tinha como objetivo trazer temas filosóficos para a reflexão do cidadão que não teve oportunidade de frequentar um curso acadêmico e procura uma abordagem mais técnica dos acontecimentos da vida política.
            O tema que vamos abordar hoje, diz respeito à verdade, ou melhor, a pós-verdade. Assim, podemos definir este fenômeno através do qual a opinião pública reage mais a apelos emocionais do que a fatos objetivos. Desta forma, definimos este conceito de verdade, observando como os fatos são colocados em segundo plano quando uma informação recorre às crenças e emoções das massas, resultando em opiniões públicas manipuláveis. Para isto, vamos resgatar os valores filosóficos e, a aplicação da filosófica no conceito e na aplicação da pós-verdade para abordamos de forma clara como os acusados e a imprensa de massa vão tratar este caso. O que se encontra em jogo é a narrativa entre a forma que foi conseguida a informação e o seu conteúdo que está sendo divulgado pelo site The Intercept. Assim, o filósofo tem o dever de ponderar de forma reflexiva a acerca das questões que estão sobre sua responsabilidade.
       
     “A pós-verdade, é a ideia de que um fato concreto tem menos significância ou influência do que apelos à emoção e as crenças pessoais”. De acordo com o dicionário, o prefixo “pós” transmite a ideia de que a verdade ficou para trás. (Como querem a Rede Globo, Mouro e a Força Tarefa). Sem pretensão de fazer uma abordagem psicológica, podemos afirmar que a tendência do ser humano de julgar fatos com base na sua própria percepção é uma tendência natural. Com isto, podemos afirmar que, a pós-verdade é uma “seleção afetiva de identidade”, através da qual os indivíduos se identificam com as notícias que melhor se adaptam aos seus conceitos.
            Sabendo de todas estas informações, Glenn Greenwald, parte no sentido de fazer parcerias e ampliar através dos órgãos de comunicação que transcende o métier da imprensa alternativa. Foi com o objetivo de disputar a narrativa entre a forma e o conteúdo, que o site The Intercept fechou uma parceria para Reinaldo Azevedo a Rede Bandeirante e com a Folha de S.Paulo.            
            Assim, quando essas certezas são exploradas pelos meios de comunicação para fins midiáticos, econômicos ou políticos, nasce o fenômeno da pós-verdade, no qual as massas “preferem” acreditar em determinadas informações que mesmo não sendo verdade traz a credibilidade do órgão que transmite.
            Os meios de comunicações são concessões do governo. Assim, por se tratar de um bem público, não podemos admitir este tipo de comportamento em relação à veracidade dos fatos, estas empresas tem que ter mais responsabilidade pelas notícias que divulgam, É necessária uma reforma das comunicações para que a democratização das informações seja uma ponte entre o cidadão e a verdade. Desta forma, a responsabilidade de importante ferramenta não deve ficar concentrada nas mãos de poucas famílias, como um feudo controlador da informação no Brasil. São estes, os grandes responsáveis pelas manchetes e matéria, com elementos de pós-verdade, Assim, estas empresas, junto com um judiciário partidário, formavam as manchetes desta imprensa sem compromisso com a veracidade dos fatos, esta aliança, esta sendo quebrada agora com as revelações da Vasa Jato.
            . A pós-verdade é a aceitação de uma informação por um indivíduo ou grupo de indivíduos, que presumem a legitimidade desta informação por razões pessoais, sejam preferências políticas, crenças religiosas, bagagem cultural, etc. Assim, a pós-verdade não implica necessariamente em uma mentira (tendo em vista que a informação não verificada pode ser verdadeira), mas sempre implica em uma negligência com relação à verdade.
            Recentemente foi compartilhada por milhares de pessoas nas redes sociais a informação de que o cantor Pabllo Vitar seria beneficiado pela Lei Rouanet em cerca de R$ 5 milhões de reais para uma produção musical. A notícia trazia o fato paralelo de que o Hospital de Câncer de São Paulo teria sido fechado por ausência de verba, fato este que trouxe imediata indignação coletiva de muitas pessoas que, antes da informação, possuíam algum tipo de preconceito com o cantor e com a representatividade LGBT no meio cultural.
            Surpresa! A informação era falsa e compõe um dos diversos casos de notícias incorretas espalhadas virtualmente ao longo do processo judicial do Presidente Lula.
            O ódio ao PT e ao Presidente Lula, também foi fruto desta prática criminosa dos meios de comunicações e da estrutura da Sec. De Comunicação do Estado de São Paulo, governado pelo PSDB. As técnicas mais sofisticadas e profissionais com capacidade de colocar em pratica a manipulação da verdade dividiram o país em duas vertentes: Os que têm senso críticos e as vitimas da pós-verdade.
        
    Assim, foi comum que informações potencialmente falsas relacionadas ao tema da campanha eleitoral, como por exemplo: o acordo de delação do ex-ministro Antônio Palocci no âmbito da Operação Lava Jato se estabeleceram e se propagaram na sociedade como se fosse verdade, ainda que de forma passageira, tendo em vista que os beneficiados, muitas vezes, só precisavam sustentá-las até o dia da eleição.
            Logo, quando se trata de política, o senso crítico (capacidade de questionar e analisar informações de maneira objetiva) é a grande arma que o cidadão comum, tem em relação às informações que chegam a todo instantes em nossas casas, por isto entendo e concordo com Glenn Greenwald em criar uma rede e se fortalecer para participar desta guerra.

Padre Carlos.
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ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...