segunda-feira, 24 de junho de 2019

ARTIGO |O The Intercept e a ( pós) verdade (Padre Carlos)



The Intercept e a ( pós) verdade



            Quando me propôs fazer estes artigos, tinha como objetivo trazer temas filosóficos para a reflexão do cidadão que não teve oportunidade de frequentar um curso acadêmico e procura uma abordagem mais técnica dos acontecimentos da vida política.
            O tema que vamos abordar hoje, diz respeito à verdade, ou melhor, a pós-verdade. Assim, podemos definir este fenômeno através do qual a opinião pública reage mais a apelos emocionais do que a fatos objetivos. Desta forma, definimos este conceito de verdade, observando como os fatos são colocados em segundo plano quando uma informação recorre às crenças e emoções das massas, resultando em opiniões públicas manipuláveis. Para isto, vamos resgatar os valores filosóficos e, a aplicação da filosófica no conceito e na aplicação da pós-verdade para abordamos de forma clara como os acusados e a imprensa de massa vão tratar este caso. O que se encontra em jogo é a narrativa entre a forma que foi conseguida a informação e o seu conteúdo que está sendo divulgado pelo site The Intercept. Assim, o filósofo tem o dever de ponderar de forma reflexiva a acerca das questões que estão sobre sua responsabilidade.
       
     “A pós-verdade, é a ideia de que um fato concreto tem menos significância ou influência do que apelos à emoção e as crenças pessoais”. De acordo com o dicionário, o prefixo “pós” transmite a ideia de que a verdade ficou para trás. (Como querem a Rede Globo, Mouro e a Força Tarefa). Sem pretensão de fazer uma abordagem psicológica, podemos afirmar que a tendência do ser humano de julgar fatos com base na sua própria percepção é uma tendência natural. Com isto, podemos afirmar que, a pós-verdade é uma “seleção afetiva de identidade”, através da qual os indivíduos se identificam com as notícias que melhor se adaptam aos seus conceitos.
            Sabendo de todas estas informações, Glenn Greenwald, parte no sentido de fazer parcerias e ampliar através dos órgãos de comunicação que transcende o métier da imprensa alternativa. Foi com o objetivo de disputar a narrativa entre a forma e o conteúdo, que o site The Intercept fechou uma parceria para Reinaldo Azevedo a Rede Bandeirante e com a Folha de S.Paulo e a Revista  Veja.          
            Assim, quando essas certezas são exploradas pelos meios de comunicação para fins midiáticos, econômicos ou políticos, nasce o fenômeno da pós-verdade, no qual as massas “preferem” acreditar em determinadas informações que mesmo não sendo verdade traz a credibilidade do órgão que transmite.
            Os meios de comunicações são concessões do governo. Assim, por se tratar de um bem público, não podemos admitir este tipo de comportamento em relação à veracidade dos fatos, estas empresas tem que ter mais responsabilidade pelas notícias que divulgam, É necessária uma reforma das comunicações para que a democratização das informações seja uma ponte entre o cidadão e a verdade. Desta forma, a responsabilidade de importante ferramenta não deve ficar concentrada nas mãos de poucas famílias, como um feudo controlador da informação no Brasil. São estes, os grandes responsáveis pelas manchetes e matéria, com elementos de pós-verdade, Assim, estas empresas, junto com um judiciário partidário, formavam as manchetes desta imprensa sem compromisso com a veracidade dos fatos, esta aliança, esta sendo quebrada agora com as revelações da Vasa Jato.
            . A pós-verdade é a aceitação de uma informação por um indivíduo ou grupo de indivíduos, que presumem a legitimidade desta informação por razões pessoais, sejam preferências políticas, crenças religiosas, bagagem cultural, etc. Assim, a pós-verdade não implica necessariamente em uma mentira (tendo em vista que a informação não verificada pode ser verdadeira), mas sempre implica em uma negligência com relação à verdade.
            Recentemente foi compartilhada por milhares de pessoas nas redes sociais a informação de que o cantor Pabllo Vitar seria beneficiado pela Lei Rouanet em cerca de R$ 5 milhões de reais para uma produção musical. A notícia trazia o fato paralelo de que o Hospital de Câncer de São Paulo teria sido fechado por ausência de verba, fato este que trouxe imediata indignação coletiva de muitas pessoas que, antes da informação, possuíam algum tipo de preconceito com o cantor e com a representatividade LGBT no meio cultural.
            Surpresa! A informação era falsa e compõe um dos diversos casos de notícias incorretas espalhadas virtualmente ao longo do processo judicial do Presidente Lula.
            O ódio ao PT e ao Presidente Lula, também foi fruto desta prática criminosa dos meios de comunicações e da estrutura da Sec. De Comunicação do Estado de São Paulo, governado pelo PSDB. As técnicas mais sofisticadas e profissionais com capacidade de colocar em pratica a manipulação da verdade dividiram o país em duas vertentes: Os que têm senso críticos e as vitimas da pós-verdade.
        
    Assim, foi comum que informações potencialmente falsas relacionadas ao tema da campanha eleitoral, como por exemplo: o acordo de delação do ex-ministro Antônio Palocci no âmbito da Operação Lava Jato se estabeleceram e se propagaram na sociedade como se fosse verdade, ainda que de forma passageira, tendo em vista que os beneficiados, muitas vezes, só precisavam sustentá-las até o dia da eleição.
            Logo, quando se trata de política, o senso crítico (capacidade de questionar e analisar informações de maneira objetiva) é a grande arma que o cidadão comum, tem em relação às informações que chegam a todo instantes em nossas casas, por isto entendo e concordo com Glenn Greenwald em criar uma rede e se fortalecer para participar desta guerra.

Padre Carlos.



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