segunda-feira, 24 de junho de 2019

ARTIGO - Gisa e o MFraC ( Padre Carlos )





Gisa e o MFraC



          Embora muita gente não saiba, temos no conjunto da Igreja, irmãos e irmãs religiosas que tem uma vida assumida ao amor e dedicação aos votos de obediência, pobreza e castidade. Temos também no seio da nossa Igreja, leigos que não fizeram tais votos, mas se consagram pela sua entrega, pelo zelo na causa de Deus e dos homens, pela entrega gratuita dos carismas ao serviço de todos. Sem hábitos nem distintivos.

         Foi assim que sempre conheci Gisa Maia, na paróquia de Nossa Senhora da Luz, em Salvador. Se D. Celso José foi um pai espiritual para mim, esta serva de Deus tem um papel maternal na minha conversão.  A irmãzinha sempre trabalhou ao lado do mais pobre. Oferecendo tudo, inclusive a sua inteligência deslumbrante. Nada tem guardado dos dons que recebeu.

  
       Na percepção da Igreja e do mundo, na espiritualidade profunda que alimentou na entrega discreta e simples de toda a sua existência, no discernimento dos sinais, no respeito pelas dinâmicas, no sentido estético que vem imprimindo ao longo de todos estes ano ao religioso na fé que discretamente revela, no respeito e competência com que acompanha a evolução Conciliar, na forma como renunciou a hábitos adquiridos desde a infância, na tolerância e paixão com que admitiu as transformações que o Vaticano II gerou na forma paciente e dialogante como tem lido os sinais dos tempos.·.
         A paróquia ficava cada vez menor pra tanto amor e seu envolvimento com a defesa dos mais pobres levava a uma tomada de posição e ruptura com sua classe e a família. Foi neste momento que toma consciência da necessidade de tornar público aquele compromisso e desta decisão nasce o MFraC, O Movimento de Fraternidade Cristã. Sua ação evangelizadora chamou a atenção de parte da Igreja que via com bons olhos o trabalho desenvolvido por aquela mulher. Desta forma, o bispo da cidade de Ilhéus, D. Tape, passa a oferecer uma orientação espiritual a ela e aos jovens que a seguia.    Venho ao longo da minha vida, testemunhando o seu respeito, a lisura das suas observações, a inteligência invulgar da sua reflexão, aliado a uma cultura humanística profunda que sempre discretamente tem revelado, tanto no campo religioso como no profano.

         Tudo isso me deixou um indizível sentido de respeito e ternura por uma mulher inteiramente consagrada a Deus e aos outros.

         A consagração é um privilégio também de muitos leigos que se entregaram totalmente.

         O começo foi igual ao de todos os consagrados: o Batismo.


Padre Carlos

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