O nascedouro das CEBs
As
CEBs nasceram antes de Medellín, mas sua efervescência se dá na década de 70.
Preocupada com a luta social e a dura vida do povo latino-americano, a Igreja
Católica e os cristões, fazem um compromisso social radical em nome da fé,
mostrando que o maior problema da fé na América Latina não estava em questões
dogmáticas, mas em como enfrentar à sua luz a situação de opressão, de
exploração das grandes massas populares.
Jesus,
quando diz bem-aventurado o pobre, o que chorou, o aflito, o que sofre, o que
perdoou..., vem acabar com a nossa inercia e a forma de pensa que as coisas não
podem mudar, de quem deixou de crer no poder transformador de Deus Pai e nos
seus irmãos, especialmente nos seus irmãos mais frágeis, nos seus irmãos
descartados.
Durante
o período de chumbo, a Igreja era vista como uma organização subversiva e
perigosa para os regimes. Quem não viveu esta quadra da história, não entende
porque a Teologia da Libertação não foi aceita pela Santa Sé. Afinal de contas,
essa doutrina lutava pelos pobres, pelo direito de todos e pela igualdade
social. É claro que a defesa dos pobres e o trabalho social que realizaram eram
positivos e importantes à sociedade, mas os leigos e religiosos muitas vezes
esqueciam o verdadeiro sentido da Fé e acabavam em um ativismo, visando apenas
à liberdade social e deixando de lado a espiritualidade, assim, nas ultimas
décadas este tema foi abordado de forma sistemática.
Elas
representam um novo jeito de ser Igreja. Os pobres se identificavam com esse
jeito de ser Igreja e é a maioria nessas comunidades. A leitura da Bíblia, as orações,
os cantos, eram uma forma de alimentar a esperança e lutar por sua libertação.
A partir das CEBs surgiram vários movimentos populares que lutavam por melhores
condições de vida, reforma agrária, liberdade de associação sindical etc.
Possibilitaram que estas se
organizassem através de formas "alternativas" de protestos e
reivindicações, lutando por melhores condições de vida, alterando sutilmente,
as mais duras formas de censura e repressão impostas pela ditadura.
Muitos
religiosos e religiosos iniciaram uma Vida Religiosa inserida em meios
populares antes de Medellín e contribuíram para o nascimento das CEBs e das
lutas populares. Muitos bispos e padres também colocaram em prática o Pacto das
Catacumbas vivendo inteiramente como pobres, com os pobres e para os pobres.
Hoje
olhando pra traz e vendo os caminhos que percorremos nestes mais de meio século,
podemos afirmar que quem procura a paz, tem que trabalhar pela justiça e quem está procurando justiça, tem que ter como primícias a defesa intransigente da vida.
Padre Carlos