quinta-feira, 5 de setembro de 2019

ARTIGO - Personalidade do Ano de 2020 ( Padre Carlos )



Personalidade do Ano de 2020




         Antes de descobrimos o conluio que existia na república de Curitiba, achávamos que era justo as Pessoas do Ano serem escolhidas entre juízes e policiais que tem como função corrigir nossos erros do passado. Se parássemos na época para avaliar as nossas escolhas, teríamos diagnosticado a neurose coletiva que se abateu sobre o nosso país, só assim, poderíamos justificar as escolhas no lugar de pessoas que constroem nossas riquezas, políticos, empresários, intelectuais.
  
       Durante toda a nossa história, as elites mantiveram relações promíscuas enriquecendo empresários, políticos e partidos sem que a nossa imprensa se preocupasse em denunciar estes fatos, já que elas sempre fizeram parte deste métier. Mas, em 2015, um fato novo chama atenção dos cientistas políticos, as mesmas famílias que se beneficiaram com todo tipo de mazelas, descobriram em um raro momento de lucidez que o Brasil foi tomado pela corrupção medida em bilhões.
         Descobrimos que aquele fato era inédito e um partido que não era os seus aprendeu a jogar muito bem dominando melhor que seus representantes as regras dos seus jogos.
         Este partido não só aprendeu as regras do jogo, como também descobriu ainda que além desta “corrupção no comportamento dos políticos” há uma “corrupção nas prioridades da política” quando mesmo sem roubo de dinheiro para bolsos privados, há desvio de dinheiro de obras do interesse da população e da nação para obras de interesse de minorias privilegiadas e passou a inverter estas prioridades.
         O Estado e o Governo passaram a entender, que um prédio estatal de luxo ao lado de favelas sem água e esgoto é corrupção, mesmo que não haja superfaturamento, nem propina é considerado um crime contra os mais pobres deste país.
         Descobrimos que a crise econômica que vinha sendo anunciada por muitos analistas era fruto de um grande esquema “estava bem, mas não ia bem”, porque o sintoma da crise não chegava às camadas mais baixa que eram os mantenedores deste projeto e precisava tornar visíveis, assim os observadores das elites partiram para criar uma conjuntura desfavorável.
         Depois de apear Dilma do poder, como Lacerda tentou fazer com Vargas em 1954, temos a noção do que aconteceu. Agora, além de não termos um projeto de desenvolvimento, temos recordes negativos de desemprego, desvalorização cambial, recessão, déficits nas contas públicas, mas descobrimos que nossa crise dá sinais não de uma decadência estrutural, mas, por falta de um projeto que possa tirar o nosso país da crise que as elites colocaram com o golpe parlamentar.
     
    Este foi um ano de descobertas graças a Vasa Jato, descobrimos que procuradores, policiais e juízes, não serão as personalidades do ano e por isso, os Moros, os Deltan e os policiais da PF não serão os brasileiros do ano 2020.
         Esperemos que no ano que vem, possa ser um ano de início de construção, e os brasileiros do ano sejam cientistas, empresários, políticos, artistas, atletas, filósofos fazendo o certo e o novo. Para isso, é preciso que, daqui para frente, os brasileiros de cada ano sejam os eleitores que escolhem os construtores do futuro.


Padre Carlos



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