Pequenas
Igrejas, grandes negócios.
As crenças e a fé dos brasileiros
sempre deram origem a uma proliferação de empresas religiosas, fruto, talvez,
do empreendedorismo e da criatividade da nossa gente em contextos de miséria
humana e de desesperança. Hoje vemos que estas empresas da fé estão
concentradas nas periferias das grandes cidades. Ou seja, espaços dominados por
milícias e tráficos com fraca ou inexistente presença do Estado.
De facto, as empresas da fé precisam
tanto de fiéis como os governos autoritários ou populares precisam de
seguidores que não questionem nem se interessa por política. Demonstrando,
assim, que a fé dos brasileiros tem servido, sobretudo, para encontrar um
caminho para a salvação eterna individual, sem provocar qualquer ato de
transformação política, remetendo muitos brasileiros para a condição de súdito
de uma fé cega, ou de não sujeitos.
Os súditos da fé entregam-se a uma doutrina religiosa cristã que defende que a
bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios
cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Desta
forma, determinam que a única mudança deve ocorrer através da realização de
milagres. Assim, quando um dos membros dessas comunidades consegue ser
bem-sucedido o resultado acaba por ser apresentado como uma obra divina, não
sendo dado qualquer crédito às suas capacidades humanas.
A realização humana de um súdito da
fé é apresentada e celebrada como o fruto do seu investimento nos caminhos da
fé. Tal dedicação religiosa acaba por conduzir a uma forma de aprisionamento e
colocar os membros numa situação de incapacidade, afastando-os das lutas
políticas e sociais com vista à construção de um bem-estar social coletivo.
Portanto, este comportamento da
população em geral, e da juventude em particular, pode ser explicado pelo
impacto da fé que motiva uma paralisia mental e inércia social impedindo assim rupturas
políticas. Ou seja, a proliferação da fé é um produto incentivado pelos regimes
que, deste jeito, controlam os líderes empresariais da fé para evitar qualquer
tipo de insubordinação política e social.
Padre
Carlos
Nenhum comentário:
Postar um comentário