domingo, 13 de outubro de 2019

ARTIGO - Há uma longa estrada para 2020 (Padre Carlos)






Há uma longa estrada para 2020




A um ano da eleição que vai definir os rumos do nosso município pelos próximos quatro anos – com a escolha do próximo prefeito e vereadores –, é natural que haja um clima de ansiedade e até preocupação em relação ao futuro.
De todo modo, a esta altura do período pré-eleitoral, é preciso ter calma para não se deixar levar por resultados de pesquisas ou atitudes voluntaristas que em nada contribuem para o bom andamento do processo democrático.
Tenho reiterado que o nosso principal compromisso é trabalhar pela construção da unidade das esquerda, sobretudo em uma conjuntura polarizada entre as forças democráticas e as forças conservadoras.
De um lado, a Frente Conquista Popular, que representa todos os avanços que esta cidade alcançou nestes últimos vintes anos; de outro, um governo populista autoritário e reacionário, personificado por um radialista que achava que poderia governar a terceira maior cidade da Bahia com um microfone nas mãos.
Em uma quadra tão tumultuada da vida municipal e nacional e diante da possibilidade concreta de que se configure tal disjuntiva, é importante ter a consciência de que lançar candidaturas à Prefeito sem que haja maior preocupação a respeito de sua viabilidade eleitoral ou do acolhimento que teriam junto às outras forças políticas e à sociedade é, sim, um equívoco.
     Até porque, depois de apresentado um candidato com essas condicionantes em uma disputa municipal, retirá-lo posteriormente do páreo nunca é uma tarefa simples. Isso pode gerar graves consequências e, via de regra, deixa um profundo impacto até no relacionamento entre os militantes dos próprios partidos. É preciso ter cuidado e evitar atropelos. Nesse sentido, é evidente que as pesquisas de intenção de voto divulgadas a um ano das eleições pouco ou nada dizem de significativo a não ser a polarização da sociedade. Tais sondagens revelam pura e simplesmente a fotografia de um momento ainda incipiente do cenário político e eleitoral, que muito provavelmente terá uma visão da conjuntura nacional e desta forma, apresentará nas pesquisas. Esses levantamentos, hoje, trazem apenas o chamado “recall” de eleições anteriores e representam muito mais o nível de conhecimento dos candidatos.
Já se sabe ao certo qual é o mote que presidirá a próxima eleição – não será a busca pelo “novo” ou a reafirmação das estruturas partidárias mais tradicionais – e, nesse aspecto, é evidente que as pesquisas tem apontado uma polarização e desta forma, elas se tornam um bom indicativo a orientar os agentes políticos e a sociedade. Mas este é um dado pontual, isolado, que não reúne todos os elementos necessários para que corresponda fidedignamente ao quadro global mais abrangente.
Se observarmos com atenção o que ocorreu na última eleição em nossos municipais, será possível encontrar inúmeros exemplos de pesquisas que não decifraram com precisão o cenário que se desenhava. O fato de alguns candidatos aparecerem nos primeiros lugares na mais recente pesquisa, para o prefeito de Vitória da Conquista, apenas corrobora que cenário algum para 2020 está definido neste momento.
Em meio a tantas indefinições, é forçoso reconhecer que 2020 está próximo e, ao mesmo tempo, muito longe. Há inúmeras variáveis em jogo que ainda não se manifestaram. As obras os asfaltos tanto criticados pelo atual prefeito e a disposição da oposição avaliar sem medo a capacidade de endividamento do município para não dá um tiro no próprio pé. A máquina pública segue firme no seu processo de retomada das obras na véspera da eleição, o que indica que o governo exercerá certo protagonismo no pleito, ao contrário do que alguns previam.
Independentemente do que venha a acontecer, o mais importante é unirmos todas as forças democráticas em torno de uma candidatura competitiva, representativa de um projeto para nossa cidade e de um programa de governo, e que também impeça uma disjuntiva entre o campo democrático, que tanto bem faz a Vitória da Conquista. E para isto, temos que ter responsabilidade nas escolhas da chapa majoritária. Não podemos cometer erros primário como fizemos na eleição passa, o vice tem que ter densidade eleitoral e representar uma força política que traduza verdadeiramente em votos.
Não podemos negar que os políticos são ansiosos por natureza. Pois, agora, todos nós devemos ter tranquilidade e trabalhar pensando mais em Vitória da Conquista do que em nossos próprios interesses. Sábio, o povo fará suas escolhas no momento oportuno. Essa hora ainda não chegou.
Há uma longa estrada para 2020. Tanto melhor se caminharmos nela com calma, prudência e responsabilidade. 


Padre Carlos


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

ARTIGO - Nossa Santa Dulce dos Pobres (Padre Carlos)





Nossa Santa Dulce dos Pobres


          Quando Celebramos a simplicidade e passamos a viver com o que realmente importa, os amigos e a sociedade passam olhar para a gente de outra forma. Viver a simplicidade como voluntário para assumir nossa pobreza, tem um significa profundo e existencial, uma verdadeira opção. Hoje, vou apresentar para você um pouco da menina Rita, sua vida, seus sonhos, seus medos e acima de tudo, sua   simplicidade. Nossa menina se tornou um exemplo de amor aos pobres e a sua importância, está no exemplo que deixou cuja face misericórdia de Deus encontra-se na sua obra.  Como esse jeito de ser e viver nossa menina foi revelando esta face do Deus Mãe.
      
    Rita era pequenina de olhos negros e firmes, assustados, aparentava fraqueza mas se mantinha sempre corajosa, agora confirmado pelo Vaticano, que neste domingo 13 de outubro se prepara  para a canonização da Santa brasileira.

          Estou falando de Irmã Dulce da Bahia, agora Santa Dulce dos Pobres, como chamou o Papa Francisco. Mas, para quem conheceu aquela vocação, era apenas Rita, Nome de batismo, depois Dulce ao receber as ordens no Convento, homenageou a santa com o nome.

          Hoje na minha oração pela manhã, meditava sobre a canonização da Santa Dulce dos Pobres que conheci na década de sessenta em Salvador. Para quem teve a honra de ter sido contemporâneo da Irmã Dulce, não foi surpresa, sobretudo porque vivenciou a sua bondade e santidade no amor aos pobres. Nosso Deus é misericordioso e nos manda através da Santa um recado neste momento de intenso materialismo, num culto exagerado ao corpo e onde a presença da Divina Providência é cada vez esquecida! Ou terá apenas acontecido devido à presença de um papa latino americano no Vaticano ou a ação  de outro Santo que ainda não canonizamos?


          Quem conheceu esta santa andando pelas ladeiras da antiga Salvador da metade do século passado, sabe que seus votos transcenderam  à pobreza e, mais que pobreza, foram votos dedicados  aos miseráveis, com uma determinação que preocupava  suas irmãs de ordem devido sua saúde frágil. Mesmo assim não conhecia força capaz de afastá-la dos objetivos cristãos.
          Tive oportunidade de conhecer algumas freiras da sua congregação em Taizé e foi através destas irmãzinhas que fiquei sabendo que a Santa começou sua missão invadindo um galinheiro para ajudar idosos famintos. Fez canjas e, naquela noite, os miseráveis de Deus tiveram, enfim, o alimento que lhes faltava todos os dias. Foi repreendida pelas autoridades, mas voltou a agir em outras ocasiões, sempre considerada a mãe daqueles pobres que dormiam nas calçadas, sem ter sequer um lençol.

          Num dos seus milagres mais recente, conta-se que um rapaz perdeu a visão durante um tratamento e passou 14 anos cegos. Há pouco tempo deitou-se para dormir e pediu antes a cura a santa Dulce. Acordou curado.

   
       Embora contrariadas, as autoridades atendiam aos seus chamados de solidariedade, de amor, nas campanhas por agasalhos, remédios, comidas. Não era incomum, ainda, invadir casas e prédios antigos para instalar enfermarias e hospitais improvisados, onde recebia seus pobres.
            Intercedei por nós Santa Dulce dos Pobres, para que na nossa pobreza possamos olhar e acolher o pobre como nosso irmão.

Padre Carlos


ARTIGO - Sínodo da Amazônia (Padre Carlos)




Sínodo da Amazônia
Francisco pede aos conservadores que se abram à mudança.


Quando nos debruçamos numa leitura mais aprofundada dos temas que estão sendo tratados no Sínodo da Amazônia é que percebermos o modo concreto como se deve ver a realidade em atitude de autêntica escuta do clamor da terra e dos pobres a fim de se propor desafios e esperanças para a Igreja profética na Amazônia. Uma escuta que implica reconhecer a Amazónia como “novo sujeito”, que deve escutar os povos indígenas e o grito dos povos indígenas em favor da “Mãe Terra”, que “tem sangue e está sangrando”, vítima de multinacionais e visões políticas que “cortaram as veias” da região amazónica. 
Desta forma, na abertura do Sínodo da Amazónia, Francisco pede aos conservadores que se abram à mudança. “Se tudo continuar como antes, se passarmos nossos dias dizendo ‘é assim que as coisas sempre foram feitas’, o presente desaparece, sufocado pelas cinzas do medo e da preocupação em defender o status quo”, disse o Papa.

Diante de tantos pedidos e abordagem na rua para explicar o verdadeiro sentido deste sínodo, fui obrigado a escrever mais uma vez sobre este grande e histórico evento.
Mas, o que está discutindo mesmo em Roma nestes dias? Podemos dizer, que este sínodo tem o mesmo peso e importância que qualquer assembleia sinodal. Nosso objetivo como povo de Deus, é a busca de caminhos para a renovação da Igreja na sua missão evangelizadora, para que seja fiel a Jesus Cristo. É bom recordar que o sínodo é um dinamismo permanente na Igreja universal e local. Nesse processo contínuo acontecem assembleias que têm longos tempos de preparação, realização e concretização. Concretamente, esta assembleia sinodal que acontece em Roma sobre a Amazónia é um sínodo da Igreja universal, tem uma dimensão global, como tem afirmado o Papa Francisco. O próprio título do documento de trabalho afirma o que está em questão: na Amazónia e a partir da Amazónia, os membros da assembleia presidida pelo Papa vão procurar encontrar novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral. Por isso, não podemos isolar nenhum ponto do riquíssimo documento de trabalho. Como por exemplo: Ordenação de homens casados na Amazónia: “Temos que extrapolar essa possível orientação para toda a Igreja”.
Basta um relance pelo documento para percebermos o modo muito concreto como se deve ver a realidade em atitude de autêntica escuta do clamor da terra e dos pobres a fim de se propor desafios e esperanças para a Igreja profética na Amazónia.



Padre Carlos

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

ARTIGO - A política tem sons é preciso ouvir (Padre Carlos)



A política tem sons é preciso ouvir


               Paga um alto preço aqueles que desejam aplicar ou comparar os acontecimentos que levaram a atual conjuntura em nosso país a movimentos e fenômenos que se alastraram nas últimas décadas. Assim, comparar estes acontecimentos atuais brasileiros com os assemelhados distantes e distintos – Primavera de Praga, Primavera Árabe ou Turca, Mãos Limpas — é, além de pueril, desastroso. O que aconteceu no Brasil, foi um golpe devidamente planejado e suas consequências ainda não chegaram ao limite.

    
           Mesmo com mais de quarenta anos de militância, acreditava que seria inconcebível algum brasileiro, ou brasileira, querer mal a seu país. Vender nossas riquezas e manter um comportamento subserviente. Não sou ingênuo e conheço bem a natureza humana, mais o que estamos presenciando, é um verdadeiro crime de lesa-pátria.  
               O município de Vitória da Conquista, teve a sorte de gestar políticos que, na maior parte das vezes, primaram pela honestidade do trato público. Por essa razão, apesar da perda de importância nos últimos anos, ainda somos um farto celeiro de estadistas.

               Fala-se, no momento atual, sobre consultas, plebiscitos, referendos, e tantas outras designações argumentum ad nauseam, propagadas pelos quatro cantos e, agora, de forma mais intensa, mediante uma caixa de ressonância maior, ofertada pela internet e pelos jovens da pós-modernidade. Isso é muito bom! Quando bem empregada, a tecnologia ajuda a democracia a ser melhor posta em prática.

               As ruas demandam, e com toda razão, soluções para os diversos problemas enfrentados no nosso município. Como diz o poeta, a política tem sons é preciso ouvir e como é preciso.
Quando o parlamento se furta da obrigação de fazer a reforma política que o país tanto precisa, o povo termina fazendo através da escolha de novos dirigentes.
               Para governar uma cidade como a nossa é necessário mais que desejo, não basta um projeto pessoal, tem que existir um projeto coletivo e contar com setores da nossa sociedade. O que denominamos de político, não diz respeito àqueles que pensam na reeleição, ou no próximo sufrágio (votação). Para mim, representam as pessoas que pensam, e planejam uma melhor/ maior/ mais justo futuro para a nossa cidade.

               Desejo lembrar e enaltecer, nessa hora difícil, que a cidade atravessa duas figuras, que governaram nosso município: Jadiel Matos e Guilherme Menezes.  Sem maiores bairrismos, lembro os nomes destes dois políticos, como um exemplo a ser lembrado de probidade.

               Triste de um povo, que necessita de salvadores da Pátria.


Padre Carlos


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

ARTIGO - Juiz constitucionalista ou legalista (Padre Carlos)




Juiz constitucionalista ou legalista



A decisão proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso que permitiu que a Polícia Federal realizasse buscas e apreensões nos gabinetes do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e do seu filho, o deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE, levanta para nós amantes da filosofia e defensores do estado de direito, um assunto de fundamental importância, o tema da separação de poderes.
Este assunto, tem sido objeto de considerações ao longo da história por grandes pensadores e jurisconsultos, dentre os quais podemos citar Platão, Aristóteles, Locke, Montesquieu, entre outros, que culminaram no modelo tripartite conhecido atualmente, inclusive como princípio constitucional no ordenamento jurídico brasileiro - Artigo 2º da CF, também utilizado na maioria das organizações de governo das democracias ocidentais, consagrado com a inserção do Artigo 16, da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, nos idos de 1789. O modelo tripartite atual consiste em atribuir a três órgãos independentes e harmônicos entre si as funções Legislativa, Executiva e Judiciária.
Como professor de filosofia, não consigo me desprender da lógica e para tanto, gostaria de lembrar aos leitores, que as partes compõem o todo. Sim, o todo é formado pelas partes, assim como o Senado Federal é formado pelos 81 senadores, que através do voto majoritário, foram eleitos e estão exercendo seus cargos para mandatos de oito anos.
Como posso acreditar que a invasão de um gabinete do Senado da República pela Polícia Federal realizando buscas e apreensões nos gabinetes do senador Fernando Bezerra Coelho não implica em franco ataque à toda Câmara Alta? Um petardo contra a prerrogativa de um membro do Legislativo não alcança todo esse Poder?
E no STF? Quando o ex-PGR Rodrigo Janot, revela a um órgão da imprensa que teria ido armado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes, ele agride toda a corte e ameaça este poder, a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares.
Desta forma, gostaria de perguntar ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, coagir um julgador em sua liberdade de decidir não atinge toda Corte?
Autoritarismo sem rebuços tenta engolfar o STF, porem o modelo de Estado implantado pela Constituição de 1988, com certeza, não há mais lugar no nosso país, para o "juiz positivista ou legalista", mas sim para o "juiz constitucionalista" preocupado com as consequências práticas das suas decisões e, sobretudo, com a tutela dos valores que a Lei Maior procurou tutelar. Vade retro ao autoritarismo!


Padre Carlos








terça-feira, 8 de outubro de 2019

ARTIGO - Viva Socialismo português (Padre Carlos)




Viva Socialismo português
Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim


Há duas grandes leituras possíveis do resultado de domingo à noite: uma é que assistimos uma derrota ao projeto da direita e qualquer programa de austeridade e também um desencanto do eleitorado mais à esquerda, principalmente a ala sindicalista do Partido Comunista. Dos quatro principais partidos que dominaram a Assembleia da República entre 1976 e 2019, dois tiveram derrotas históricas: o CDS-PP e o PCP. Portugal vai ter dez partidos no Parlamento. À esquerda entram o Livre, cresce o PAN e o BE mantém, sublinhando o abandono do PCP por parte de um eleitorado de esquerda tendencialmente pós-materialista. À Direita, a Iniciativa Liberal e o Chega mostram que poderá haver mudanças significativas que reorganizem a Direita.
Não quero aqui exagerá mais os resultados deste domingo em Portugal, além de aprovar o governo de esquerda nestes últimos anos,  representar uma nova tendência chegando ao velho continente, poderemos classificar nossos irmãos da Península Ibérica como "o farol da social-democracia europeia", mas a verdade é que com a vitória deste domingo de António Costa e do Partido Socialista, com perto de 37% dos votos, define-se como um dos mais importantes líderes do centro-esquerda da Europa. Desta forma, o primeiro-ministro socialista Antônio Costa saiu reforçado das eleições legislativas deste domingo em Portugal, após ter chegado ao poder em 2015 à frente de uma coalizão de esquerda para virar a página da austeridade.
Podemos afirmar, que Portugal é hoje um outro país, só para vocês terem ideia, depois que os socialistas chegaram ao poder, o país passou a registra índice de crescimento, que não era registrado  desde 2000 (3,5% em 2017 e 2,4% em 2018), enquanto o desemprego caiu para níveis pré-crise (6,4% em julho) e o déficit público será reduzido para 0,2% este ano. "Saímos de um período muito difícil. Certamente respiramos melhor agora", declarou a professora universitária Ana Maria Varela, 65, após votar "pela esquerda" em Lisboa. 
A estratégia do socialista de acelerar o fim de medidas de austeridade aproveitando a situação favorável para continuar reduzindo o déficit foi seu melhor argumento eleitoral. "Comigo, os portugueses sabem que não haverá nem radicalismos, nem volta atrás", declarou Costa na sexta-feira. "Cada voto conta, e é necessário um PS forte para garantir mais quatro anos de estabilidade", afirmou, em seu último dia de campanha.
Diante de tais fatos, gostaria de parabenizar os socialistas portugueses pela vitória e como diz o poeta: Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim

Padre Carlos


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

ARTIGO - Nossos Partidos políticos (Padre Carlos)




Nossos Partidos políticos

Quando estudamos filosofia política, passamos a entender que os partidos políticos têm origem na Grécia e Roma antigas. Conceitualmente eram grupos de pessoas que seguiam uma ideia ou doutrina. No Século XVIII, na Inglaterra, pela primeira vez, os partidos assumem a natureza de instituição como conhecemos nos dias de hoje, congregando partidários de uma mesma ideia política. No Brasil, os partidos políticos surgiram no segundo reinado.  Foram o Partido Conservador e o Partido Liberal, que surgiram primeiro, depois apareceu no cenário político o Partido Republicano Paulista.
Na República Velha cada estado tinha um Partido Republicano, cada um com seus estatutos próprios. Com o regime militar estabeleceu-se o bipartidarismo, com a Aliança Renovadora Nacional e o Movimento Democrático Brasileiro. Atualmente vinga o pluripartidarismo, com 35 partidos políticos registrados e outros 56 aguardam autorização do TSE.
É definido a impossibilidade por lei dos registros de partidos de ideias monarquistas, fascistas e nazistas. Conceituação do analista político José Afonso da Silva diz que o partido político “é uma agremiação de um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo”.
O interessante no Brasil, é que alguns membros dos partidos políticos não têm nenhum respeito pelos programas destes partidos. A história o estatuto e o programa não têm nenhum valor. Um casso clássico é o comportamento do PTB nas matérias trabalhistas. Tudo isto reflete ao comportamento dos seus membros e a falta de princípios dos partidos, ou seja, não se filiam a eles porque comungam com sua ideologia. Filiam-se, sim, por interesses próprios de assegurarem suas eleições ou reeleições. Por isso que é engraçado ver um político de centro ou direita, por exemplo, filiar-se em partido de centro esquerda, pensando com isto que muda sua imagem junto ao eleitorado. Daí, podemos deduzir que alguns partidos não reflete a vontade popular, mas sim, a vontade do próprio político.
A Lei dos Partidos Políticos no Brasil determina que “na Casa Legislativa, o integrante da bancada do partido deve subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto”. E não se vê isso também, quando o Governo compra os votos dos parlamentares para garantir sucesso nos seus projetos de lei, como agora se observa para a aprovação da reforma da Previdência Social. A não credibilidade aos políticos brasileiros não é só oriundo dos esquemas de corrupção que se encontram sendo investigados, mas também por esse descompromisso que compromete a autenticidade do sistema representativo. Como fazer uma reforma política com um parlamento corporativista e mercenário é quase impossível propor e votar uma reforma que possa dá credibilidade ao eleitor quanto aos seus representantes. Infelizmente, o fundo partidário foi o único ponto da proposta que teve aprovação tanto do Senado quanto da Câmara, já que os senadores rejeitaram o restante do projeto que acabou sendo retomado depois pela Câmara. 
Segundo o filósofo político Daniel Inneraty, “Quando a democracia de massas surgiu, os partidos conseguiram estabilizar durante muito tempo as identidades políticas e suas correspondentes opções eleitorais. Esse período era chamado de democracia dos partidos”. Hoje, com segurança, podemos afirmar que esse período se findou.
Já faz alguns anos que enfrentamos uma crise dos partidos políticos, que vem se agravando ampliando seu descrédito, fragmentando-os, fazendo com que percam a relevância junto à sociedade. O parlamento não pode conviver com uma falta de credibilidade dos partidos e sem representação a democracia corre risco
Durante quarenta e três anos de militância, participei de dos partidos: O PCdoB, de 1975 a 1979 e o PT, da sua fundação aos dias de hoje. Portanto, já vivi o suficiente para entender que a maior parte dos partidos políticos nem sempre cumprem seus propósitos, servindo apenas de meio de realização de interesses dos seus membros.

Padre Carlos


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...