Há uma longa estrada para 2020
A
um ano da eleição que vai definir os rumos do nosso município pelos próximos
quatro anos – com a escolha do próximo prefeito e vereadores –, é natural que
haja um clima de ansiedade e até preocupação em relação ao futuro.
De todo modo, a esta altura do período pré-eleitoral, é preciso
ter calma para não se deixar levar por resultados de pesquisas ou atitudes
voluntaristas que em nada contribuem para o bom andamento do processo
democrático.
Tenho reiterado que o nosso principal compromisso é trabalhar pela
construção da unidade das esquerda, sobretudo em uma conjuntura polarizada
entre as forças democráticas e as forças conservadoras.
De um lado, a Frente Conquista Popular, que representa todos os
avanços que esta cidade alcançou nestes últimos vintes anos; de outro, um
governo populista autoritário e reacionário, personificado por um radialista
que achava que poderia governar a terceira maior cidade da Bahia com um microfone
nas mãos.
Em
uma quadra tão tumultuada da vida municipal e nacional e diante da
possibilidade concreta de que se configure tal disjuntiva, é importante ter a
consciência de que lançar candidaturas à Prefeito sem que haja maior
preocupação a respeito de sua viabilidade eleitoral ou do acolhimento que
teriam junto às outras forças políticas e à sociedade é, sim, um equívoco.
Até
porque, depois de apresentado um candidato com essas condicionantes em uma
disputa municipal, retirá-lo posteriormente do páreo nunca é uma tarefa
simples. Isso pode gerar graves consequências e, via de regra, deixa um
profundo impacto até no relacionamento entre os militantes dos próprios
partidos. É preciso ter cuidado e evitar atropelos. Nesse sentido, é evidente que as pesquisas de intenção de voto divulgadas
a um ano das eleições pouco ou nada dizem de significativo a não ser a
polarização da sociedade. Tais sondagens revelam pura e simplesmente a fotografia
de um momento ainda incipiente do cenário político e eleitoral, que muito
provavelmente terá uma visão da conjuntura nacional e desta forma, apresentará nas
pesquisas. Esses levantamentos, hoje, trazem apenas o chamado “recall” de
eleições anteriores e representam muito mais o nível de conhecimento dos
candidatos.
Já se sabe ao certo qual é o mote que presidirá a próxima eleição
– não será a busca pelo “novo” ou a reafirmação das estruturas partidárias mais
tradicionais – e, nesse aspecto, é evidente que as pesquisas tem apontado uma
polarização e desta forma, elas se tornam um bom indicativo a orientar os
agentes políticos e a sociedade. Mas este é um dado pontual, isolado, que não
reúne todos os elementos necessários para que corresponda fidedignamente ao
quadro global mais abrangente.
Se observarmos com atenção o que ocorreu na última eleição em nossos
municipais, será possível encontrar inúmeros exemplos de pesquisas que não
decifraram com precisão o cenário que se desenhava. O fato de alguns candidatos aparecerem nos
primeiros lugares na mais recente pesquisa, para o prefeito de Vitória da
Conquista, apenas corrobora que cenário algum para 2020 está definido neste
momento.
Em meio a tantas indefinições, é forçoso reconhecer que 2020 está
próximo e, ao mesmo tempo, muito longe. Há inúmeras variáveis em jogo que ainda
não se manifestaram. As obras os asfaltos tanto criticados pelo atual prefeito
e a disposição da oposição avaliar sem medo a capacidade de endividamento do município
para não dá um tiro no próprio pé. A máquina pública segue firme no seu
processo de retomada das obras na véspera da eleição, o que indica que o
governo exercerá certo protagonismo no pleito, ao contrário do que alguns
previam.
Independentemente do que venha a acontecer, o mais importante é
unirmos todas as forças democráticas em torno de uma candidatura competitiva,
representativa de um projeto para nossa cidade e de um programa de governo, e
que também impeça uma disjuntiva entre o campo democrático, que tanto bem faz a
Vitória da Conquista. E para isto, temos que ter responsabilidade nas
escolhas da chapa majoritária. Não podemos cometer erros primário como fizemos
na eleição passa, o vice tem que ter densidade eleitoral e representar uma
força política que traduza verdadeiramente em votos.
Não podemos negar que os políticos são ansiosos por natureza.
Pois, agora, todos nós devemos ter tranquilidade e trabalhar pensando mais em
Vitória da Conquista do que em nossos próprios interesses. Sábio, o povo fará
suas escolhas no momento oportuno. Essa hora ainda não chegou.
Há uma longa estrada para 2020. Tanto melhor se caminharmos nela
com calma, prudência e responsabilidade.
Padre
Carlos