A Revolução de Francisco
Por mais estranha que a palavra possa parecer à primeira vista, a
"eclesiologia" está, na verdade, no centro da vida de todas as
comunidades cristãs. As respostas que as questões eclesiológicas obtêm nas
igrejas influenciam a vida cotidiana dos fiéis e definem o rumo da busca pela
unidade cristã.
Eu não
tinha mais esperança, achava que era uma retórica que o Espirito Santo mandava
em determinado tempo um Francisco para restaurar a sua Igreja. E confesso aos
senhores que eu estava desapontado quando entreguei aquela cata a Dom.
Geraldo. A Igreja dos pobres estava
sumindo, muitos como eu estavam decepcionados: trabalharam, deram o melhor de
si, deram os melhores anos da sua vida, deram toda a sua juventude, mas, por
mil motivos, a CEBs, a Igreja dos pobres estava sendo trocada por outro projeto
de Igreja. Nessa hora, a decepção caiu sobre aquela Igreja que compactou com as
catacumbas. Naquele momento, estava de braços caídos: “Nossos ossos estão secos,
nossa esperança está morta; estamos perdidos” (Ezequiel 37, 11).
Em síntese: para lá do famoso cogito cartesiano -
"penso, logo existo" -, é preciso construir o mundo, assentando num
outro princípio: "Sou amado, logo existo", escreve Francisco. Quando
a revolução de Francisco foi anunciada entendi que se tratava de uma primavera
na Igreja e tive certeza quando ele proclamou que ninguém devia ter vergonha da
ternura, sendo a missão da Igreja levar adiante o projeto de humanização que
Jesus quer: "Vejo com clareza que do que a Igreja precisa é de capacidade
para curar feridas. Devemos encarregar-nos das pessoas, acompanhando-as como o
bom samaritano, que lava e limpa as feridas e consola", "caminhar com
as pessoas na noite, saber dialogar e como dizia Dom Celso: descer à sua noite
e obscuridade sem nos perdermos".
É uma
verdadeira ressurreição para a Igreja. Nós somos o resultado disso. Caímos numa
grande prostração, numa falta de fé. Foi aí que o Senhor veio e nos deu esta
grande graça: O Papa Francisco. O Senhor ressuscitou sua Igreja: física,
psicológica e espiritualmente. Ele ressuscitou nosso espírito, nossa vocação em
defesa dos mais pobres, nossa missão e o nosso compromisso.
Por
isso, quando proclamou o Ano da Misericórdia entendi a mudança de paradigma que
estava se dando. O Deus justo dos antigos papados está dando lugar ao Deus
Misericordioso. Ele tinha consciência que
as reformas estavam em macha. Por tanto, aquele ano não podia ser "um
parêntesis de misericórdia na vida da Igreja, já que ela constitui a sua
própria existência, que manifesta e torna tangível a verdade profunda do
Evangelho. Tudo se revela na misericórdia; tudo se sintetiza e resolve no amor
misericordioso do Pai". Amém!
Padre
Carlos