sábado, 26 de outubro de 2019

ARTIGO - A Revolução de Francisco (Padre Carlos)





A Revolução de Francisco


Por mais estranha que a palavra possa parecer à primeira vista, a "eclesiologia" está, na verdade, no centro da vida de todas as comunidades cristãs. As respostas que as questões eclesiológicas obtêm nas igrejas influenciam a vida cotidiana dos fiéis e definem o rumo da busca pela unidade cristã.
Eu não tinha mais esperança, achava que era uma retórica que o Espirito Santo mandava em determinado tempo um Francisco para restaurar a sua Igreja. E confesso aos senhores que eu estava desapontado quando entreguei aquela cata a Dom. Geraldo.  A Igreja dos pobres estava sumindo, muitos como eu estavam decepcionados: trabalharam, deram o melhor de si, deram os melhores anos da sua vida, deram toda a sua juventude, mas, por mil motivos, a CEBs, a Igreja dos pobres estava sendo trocada por outro projeto de Igreja. Nessa hora, a decepção caiu sobre aquela Igreja que compactou com as catacumbas. Naquele momento, estava de braços caídos: “Nossos ossos estão secos, nossa esperança está morta; estamos perdidos” ” (Ezequiel 37, 11).
Em síntese: para lá do famoso cogito cartesiano - "penso, logo existo" -, é preciso construir o mundo, assentando num outro princípio: "Sou amado, logo existo", escreve Francisco. Quando a revolução de Francisco foi anunciada entendi que se tratava de uma primavera na Igreja e tive certeza quando ele proclamou que ninguém devia ter vergonha da ternura, sendo a missão da Igreja levar adiante o projeto de humanização que Jesus quer: "Vejo com clareza que do que a Igreja precisa é de capacidade para curar feridas. Devemos encarregar-nos das pessoas, acompanhando-as como o bom samaritano, que lava e limpa as feridas e consola", "caminhar com as pessoas na noite, saber dialogar e como dizia Dom Celso: descer à sua noite e obscuridade sem nos perdermos".
É uma verdadeira ressurreição para a Igreja. Nós somos o resultado disso. Caímos numa grande prostração, numa falta de fé. Foi aí que o Senhor veio e nos deu esta grande graça: O Papa Francisco. O Senhor ressuscitou sua Igreja: física, psicológica e espiritualmente. Ele ressuscitou nosso espírito, nossa vocação em defesa dos mais pobres, nossa missão e o nosso compromisso.
Por isso, quando proclamou o Ano da Misericórdia entendi a mudança de paradigma que estava se dando. O Deus justo dos antigos papados está dando lugar ao Deus Misericordioso.  Ele tinha consciência que as reformas estavam em macha. Por tanto, aquele ano não podia ser "um parêntesis de misericórdia na vida da Igreja, já que ela constitui a sua própria existência, que manifesta e torna tangível a verdade profunda do Evangelho. Tudo se revela na misericórdia; tudo se sintetiza e resolve no amor misericordioso do Pai".  Amém!

Padre Carlos




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