Lula e o mundo dos pobres
Apesar de alguns leitores
não gostarem de filosofia e ter um péssimo costume de avaliar o artigo pelo título,
não posso generalizar, quero falar de política, mas para isto, tenho que
embasar minhas teorias e ponto de vista. Assim, foram estes motivos que me
levaram a escrever esse artigo e fazer uma reflexão sobre o poder hoje no
Brasil, este assunto é de fundamental importância para entendermos a correlações
de forças e qual o nosso papel diante dos acontecimentos recentes. Falar e fazer
política não é um assunto novo, seis séculos antes de Cristo os Gregos já
estavam se perguntando sobre o poder. Sócrates depois Aristóteles, na idade
moderna Maquiavel, Hobbes, Hegel, Marx, Max Weber, ou seja, o poder é uma
interrogação no ser humano. É a partir da minha experiência como militante que
eu quero refletir sobre este assunto, por isso este artigo é muito mais amplo
do que a conjuntura atual que nós estamos vivendo no Brasil. Ele trata dos
limites da democracia em tempos de Neofascismo e também com perspectivas de
esperança, para que possamos sair disso.
Ao meu ver o caminho viável
agora é fortalecer a sociedade civil através dos movimentos populares, porque
todo poder tende a abusar de si mesmo e ele só reconhece os seus limites se
encontra pela frente um outro poder. A divisão tripartite da república,
executivo, legislativo, e judiciário, pretendia fazer isso. Não conseguiu
porque os três se cumpliciaram e como vemos ai no golpe que levou o afastamento
de Dilma Rousseff da
Presidência da República, foi necessário a cumplicidade destes agentes. Este foi
sem dúvida o capítulo mais vergonhoso da história política brasileira. E o que
dizer da prisão de Lula para tira-lo da corrida presidencial. Eles se
comportaram durante este período como se estivessem pouco se lixando para a
sociedade civil. Então a única maneira da gente colocar limites ao poder
do estado, ao poder político, é através do poder da sociedade civil e dos
movimentos populares. Aí sim, quanto maior for esse empoderamento mais
densidade e participação terá a nossa democracia.
Não é por acaso, que o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP),
entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a
prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base na Lei de
Segurança Nacional. O argumento do senador é que o petista, livre da prisão
desde a última sexta-feira, 8, incitou a violência contra a ordem pública ao
pedir para a militância "atacar" como manifestantes no Chile. No
sábado, 9, em São Bernardo do Campo, Lula chamou militantes para uma reação ao
governo do presidente Jair Bolsonaro, declarando ser necessário
"atacar" e não apenas se defender. "É uma questão de honra a
gente recuperar esse País.
Os fascistas tem medo quando falamos a linguagem
e fazemos política vinculado ao mundo dos
pobres! Porque a cabeça pensa onde os pés pisam e quando a gente não pisa no
mundo dos pobres é difícil, temos que entender a lógica, as razões deles, o
mundo deles.
Na verdade, o que está em
jogo é justamente o que o ser humano mais busca: o poder. E quando eu falo não é só do poder do
político, é o poder da diretora de escola, do gerente de banco, do agente de
trânsito etc. Ou seja, a pessoa se despersonaliza e passa a considerar a função
que ocupa mais importante do que a sua própria individualidade. Por isto,
a mobilização da sociedade é fundamental para voltar a botar o país nos trilhos.
Este povo que assaltou o poder, olha o governo como se fosse uma grande vaca
com uma teta pra cada boca. A gente tem que pensar o seguinte: os políticos são
nossos empregados, nós pagamos os salários deles, nós temos o direito de cobrar
e exigir e eles tem o dever de prestar contas.
Por isso que eu acho que o ano vem vai ser
importante para o acumulo de forças. Temos que eleger melhor vereadores e prefeitos.
Buscar entre o elenco de candidatos aqueles que comprovadamente já estão
vinculados a movimentos populares, que tenham uma experiência de apoio às
grandes causas de mudança social do Brasil. Fora disso nós de novo teremos
decepções, sofrimentos, tristezas, por ver uma classe política onde muitos
estão envolvidos com o golpe e o projeto de tirar todas as conquistas sociais,
e outros sendo cooptados pelo sistema, sem nenhum amor à causa pública, ao bem
comum, nenhuma dedicação a um projeto de nação. Eles estão sempre pensando num
projeto de eleição e não num projeto de nação.
Padre Carlos
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