terça-feira, 12 de novembro de 2019

ARTIGO - Lula e o mundo dos pobres (Padre Carlos)




Lula e o mundo dos pobres


Apesar de alguns leitores não gostarem de filosofia e ter um péssimo costume de avaliar o artigo pelo título, não posso generalizar, quero falar de política, mas para isto, tenho que embasar minhas teorias e ponto de vista. Assim, foram estes motivos que me levaram a escrever esse artigo e fazer uma reflexão sobre o poder hoje no Brasil, este assunto é de fundamental importância para entendermos a correlações de forças e qual o nosso papel diante dos acontecimentos recentes. Falar e fazer política não é um assunto novo, seis séculos antes de Cristo os Gregos já estavam se perguntando sobre o poder. Sócrates depois Aristóteles, na idade moderna Maquiavel, Hobbes, Hegel, Marx, Max Weber, ou seja, o poder é uma interrogação no ser humano. É a partir da minha experiência como militante que eu quero refletir sobre este assunto, por isso este artigo é muito mais amplo do que a conjuntura atual que nós estamos vivendo no Brasil. Ele trata dos limites da democracia em tempos de Neofascismo e também com perspectivas de esperança, para que possamos sair disso.
Ao meu ver o caminho viável agora é fortalecer a sociedade civil através dos movimentos populares, porque todo poder tende a abusar de si mesmo e ele só reconhece os seus limites se encontra pela frente um outro poder. A divisão tripartite da república, executivo, legislativo, e judiciário, pretendia fazer isso. Não conseguiu porque os três se cumpliciaram e como vemos ai no golpe que levou o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, foi necessário a cumplicidade destes agentes. Este foi sem dúvida o capítulo mais vergonhoso da história política brasileira. E o que dizer da prisão de Lula para tira-lo da corrida presidencial. Eles se comportaram durante este período como se estivessem pouco se lixando para a sociedade civil. Então a única maneira da gente colocar limites ao poder do estado, ao poder político, é através do poder da sociedade civil e dos movimentos populares. Aí sim, quanto maior for esse empoderamento mais densidade e participação terá a nossa democracia.
Não é por acaso, que o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base na Lei de Segurança Nacional. O argumento do senador é que o petista, livre da prisão desde a última sexta-feira, 8, incitou a violência contra a ordem pública ao pedir para a militância "atacar" como manifestantes no Chile. No sábado, 9, em São Bernardo do Campo, Lula chamou militantes para uma reação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, declarando ser necessário "atacar" e não apenas se defender. "É uma questão de honra a gente recuperar esse País.
Os fascistas tem medo quando falamos a linguagem e fazemos política vinculado ao mundo dos pobres! Porque a cabeça pensa onde os pés pisam e quando a gente não pisa no mundo dos pobres é difícil, temos que entender a lógica, as razões deles, o mundo deles.
Na verdade, o que está em jogo é justamente o que o ser humano mais busca: o  poder. E quando eu falo não é só do poder do político, é o poder da diretora de escola, do gerente de banco, do agente de trânsito etc. Ou seja, a pessoa se despersonaliza e passa a considerar a função que ocupa mais importante do que a sua própria individualidade. Por isto, a mobilização da sociedade é fundamental para voltar a botar o país nos trilhos. Este povo que assaltou o poder, olha o governo como se fosse uma grande vaca com uma teta pra cada boca. A gente tem que pensar o seguinte: os políticos são nossos empregados, nós pagamos os salários deles, nós temos o direito de cobrar e exigir e eles tem o dever de prestar contas.
 Por isso que eu acho que o ano vem vai ser importante para o acumulo de forças. Temos que eleger melhor vereadores e prefeitos. Buscar entre o elenco de candidatos aqueles que comprovadamente já estão vinculados a movimentos populares, que tenham uma experiência de apoio às grandes causas de mudança social do Brasil. Fora disso nós de novo teremos decepções, sofrimentos, tristezas, por ver uma classe política onde muitos estão envolvidos com o golpe e o projeto de tirar todas as conquistas sociais, e outros sendo cooptados pelo sistema, sem nenhum amor à causa pública, ao bem comum, nenhuma dedicação a um projeto de nação. Eles estão sempre pensando num projeto de eleição e não num projeto de nação.

Padre Carlos



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