sábado, 9 de novembro de 2019

ARTIGO - 30 anos do Muro de Berlim (Padre Carlos)




30 anos do Muro de Berlim


Este sábado fará 30 anos da queda do muro de Berlim. 9 de novembro de 1989.
Não foi “só” um Muro. Foi um símbolo que marcou a divisão do mundo em duas partes e representava o símbolo da Guerra Fria.
Há três décadas atrás, bastou uma simples frase errada - e assim se vê a força da palavra - e a sociedade viu o início do fim da separação ideológica do mundo.
Foi o dia que marcou o começo do final da Guerra Fria e da União Soviética.
Toda esta divisão começou após a II Guerra Mundial (1939-1945) com a derrota Alemã. As tropas alemãs capitularam a 9 de maio de 1945 e todos os membros do último Governo do Reich, encabeçado pelo então almirante Karl Dönitz, foram presos.
Os quatro países vencedores dividiram o território alemão em quatro zonas de ocupação que representavam claras duas metades. De um lado tínhamos os Estados Unidos, Inglaterra e França e do outro lado estava a União Soviética. É neste contexto que nasce a Alemanha Ocidental, o lado capitalista, e a Alemanha Oriental de base comunista.
Assim, a Alemanha Ocidental fazia parte da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a Alemanha Oriental integrava o Pacto de Varsóvia.
O mundo ficou dividido entre o "centralismo democrático" marxista do Partido Comunista único, o SED (Sozialistische Einheitspartei Deutschlands ou Partido Socialista Unificado da Alemanha), e com a União Democrata Cristã (CDU) de Konrad Adenauer que viria a ser eleito o primeiro Chanceler da República Federal da Alemanha em 1949.
Precisamente em 1949, o Governo Soviético impede o livre-trânsito de pessoas entre as duas metades da Alemanha. Berlim cortava-se ao meio. Nascia ali o muro  que seria levantado de forma efetiva em 1961. Eram 151 quilómetros de extensão de cerca com mais de 300 torres patrulhadas, com cães de guarda, homens fortemente armados e ainda arame farpado e eletrificado. Era impossível fugir de um lado da Alemanha para o outro.
O muro separou a cidade em Berlim Oriental e Berlim Ocidental durante mais de 28 anos, desde sua construção em 1961 até ser derrubado em 1989. A ideologia e a divisão de um pós-Guerra separaram famílias, amigos e vidas. 
Este fato mexeu com a cabeça de muita gente, quando fiquei sabendo do ocorrido, me veio na hora uma sensação de alegria, mas ao lembrar pessoas e não posso deixar aqui de ciar o velho (Carlos Prestes), que deram suas vidas por um ideal comunista, seria trágico ver suas utopias sendo colocadas a baixo junto com aquele muro.
            Naquele mesmo ano, outro episódio dava alento e esperança a esquerda no Brasil, um candidato do campo progressista, Luiz Inácio Lula da Silva foi para o segundo turno das eleições presidências. Foram as primeiras desde 1960 em que os cidadãos brasileiros aptos a votar escolheram seu presidente da república. Da coligação encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, e Fernando Collor de Mello, da coligação encabeçada pelo PRN.
            Apesar da queda do Muro de Berlin, ter desestabilizado algumas certezas na nossa cabeça, com a nova conjuntura que se formava em nosso país, não tive tempo de processar todos aqueles acontecimentos.
         
          Para minha grande surpresa, no comício de Lula na capital Fluminense testemunhei a alegria da multidão ao escutar o “cavaleiro da esperança.” Assim, discursando entre bandeiras vermelhas no comício realizado na Candelária no Rio de Janeiro em 1989 o Velho me dava uma lição de vida e de fé no amanhã.


             Prestes faleceu em março de 1990, O “cavaleiro da esperança” nos legou a certeza de tornar a florescer em cada nova estação.


Padre Carlos.

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