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quinta-feira, 28 de novembro de 2019
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
ARTIGO - O governo da Bahia é de esquerda? (Padre Carlos)
O governo da Bahia é de esquerda?
Como poderíamos analisar os treze anos de
governo progressista do PT na Bahia, será que poderíamos
de fato
definir estas gestões como governos genuinamente de esquerda? Podemos
afirmar, que a falta de referência do que seria uma política de esquerda para
os governos petistas e grande parte da sua militância, levaram todo o conjunto das
forças progressistas que sempre gravitaram em torno do partido, a refundar novos
paradigma e buscar novos caminhos.
Não podemos negar, que os governos Lula e
Dilma, tiveram influência nos programas e ações no governo petista e sua falta
deixa um vazio no que diz respeito às políticas sociais na Bahia. A crise da
esquerda, não é a mesma coisa que a oposição ao neoliberalismo, pode ser
compreendida justamente pela falta de um “embasamento ideológico e clareza
política de que projeto de esquerda seria aplicado.
Não estou fazendo uma crítica, aos
governadores petista, mas apenas afirmando que faltou ao governo de Wagner e Rui,
um embasamento ideológico e clareza política de que projeto queriam. Assim, com a falta de políticas clara de esquerda, chegamos à
Era do Administrador. Desta forma, gostaria de lembrar que administração é uma
ciência neutra, como a engenharia e a medicina são frias e não leva em conta se
o governo é de esquerda ou de direita, seu objetivo é manter as contas em dia.
Por isto, a missão do administrador moderno é ser um político e um político
moderno, ser um administrador, ele tem de saber dosar e manter unido este grupo
de interesses conflitantes. Mas, e o partido e o seu programa? Sabemos que o PT
não é um partido revolucionário, mas temos certeza que o partido hegemônico da
esquerda brasileira tem que ser de esquerda, então onde estão as políticas de
esquerda na Bahia? O Programa e Estatuto do partido, defendem uma política de
esquerda e por omissão ou inabilidade política, seus dirigentes deixaram tudo
isto acontecer.
Qual a política para educação
de esquerda? Defendemos grandes transformações radicais para a educação aqui no
nosso estado? Valorizamos o conhecimento popular, integrando-o à pedagogia? Temos
o dever de acreditar, que a educação é a maior das armas contra a opressão e
que a autonomia dos educandos deve ser a principal conquista do fazer
educativo.
Com relação a saúde, a
política pública deve ser construída a partir da participação direta ou
indireta da sociedade civil, visando assegurar um direto a determinado serviço,
ação ou programa. No Brasil, o direto à saúde é viabilizado por meio do Sistema
Único de Saúde (SUS) que deverá ser universal, integral e gratuito. Esta política tem como base o Estado de bem-estar social. O que seria política de esquerda na área da
saúde?
Sabemos
que a esquerda entrou no século XXI como todas as perdas acumuladas nas duas
ultimam décadas. Os anos noventa representaram uma derrota para a esquerda mundial.
Políticas sociais dos estados de bem-estar social retrocederam, a integração
das economias socialistas ao mundo capitalista e a regressão dos movimentos de
emancipação do terceiro mundo parecem sinalizar que o tempo da emancipação
política radical chegou ao fim. Ser de
esquerda hoje é um desafio. Acredito que requer muita “dureza”, mas, também,
muito jogo de cintura. O diabo é descobrir como ter princípios sem ser ingênuo,
como ser pragmático sem ser oportunista. Não tenho a receita, para os programas
de esquerda, não tenho os algoritmos para solucionar este problema.
Mais uma coisa eu tenho certeza, eu ainda acredito que podemos fazer um governo de esquerda na Bahia.
Mais uma coisa eu tenho certeza, eu ainda acredito que podemos fazer um governo de esquerda na Bahia.
Padre Carlos.
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terça-feira, 26 de novembro de 2019
ARTIGO - A narrativa dos pobres (Padre Carlos)
A narrativa dos pobres
Escrever pra mim é antes de tudo, um
testemunho e um gesto solidário, para que possa dar notoriedade a vidas a
personagens que são excluídos pelo sistema. Estas pessoas e suas histórias, são
como o ouro misturado ao barro, ainda que não
seja notado, nem apanhado ou devidamente reconhecido, nunca perde o seu valor.
Dá uma existência àqueles que foram esquecidos pelo tempo, trazê-los de volta à
vida com seus desejos, suas fraquezas... e sua coragem, sempre será nosso objetivo.
A filosofia e a teologia, me deram acesso a
toda complexidade da alma humana, eu busco descobrir a bondade e o mal que
existe no homem. O covarde e o herói. É com esse paradoxo que busco nutri minha
escrita, os meus artigos e as minhas observações. Não se trata só de conjuntura
política, a abordagem quando leva em conta o ser humano, tem que transcender o mundo da militância. Mesmo que não seja minha
intenção, não posso evitar que meus artigos não sejam escritos dentro de uma visão mística, apesar de não está exercendo o ministério sacerdotal, esta formação que
recebi, sempre me lançará para um certo olhar sobre o mundo buscando uma
dimensão humana e cristã da realidade.
O papel do articulista é dar voz e
visibilidade a todas aquelas pessoas que foram esquecidas e abandonadas pelo
poder público e pela iniciativa privada do nosso país ao longo dos anos, os
excluídos da sociedade de alguma maneira, é o nosso único e exclusivo objetivo.
Sejam eles (as) vítimas da violência urbana e policial ou das desigualdades
desse sistema político e econômico que concentra renda e riqueza, promovendo assim, o desemprego e a miséria.
Sei que um dia, todos nós seremos esquecidos, esta é a lei natural, mas o que dói mais neste mundo, não é ser esquecido, mas ser ignorada, é como se estivessem apagando a existência destas pessoas em vida. De fato, ser humano significa ser racional, mas, no meu entender, a humanidade está cada vez mais irracional. A violência, a intolerância, a maldade, a mesquinhes cresce a cada dia. A inversão de valores é gritante a cultura de morte ganha cada vez mais adeptos e o mundo fica cada vez mais excludente para os pobres.
Sei que um dia, todos nós seremos esquecidos, esta é a lei natural, mas o que dói mais neste mundo, não é ser esquecido, mas ser ignorada, é como se estivessem apagando a existência destas pessoas em vida. De fato, ser humano significa ser racional, mas, no meu entender, a humanidade está cada vez mais irracional. A violência, a intolerância, a maldade, a mesquinhes cresce a cada dia. A inversão de valores é gritante a cultura de morte ganha cada vez mais adeptos e o mundo fica cada vez mais excludente para os pobres.
Nos últimos dias venho pensando como é gratificante escrever,
como fico feliz e grato ao bom Deus, por poder reescrever aquilo que muitos tentaram
apagar! Nossos netos vão perguntar um dia, onde estão as narrativas das lutas das mulheres, negros e indígenas que não
aparecem nos nossos livros de história?
Padre Carlos
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segunda-feira, 25 de novembro de 2019
ARTIGO - A Igreja e o projeto de lei excludente de ilicitude (Padre Carlos)
A Igreja e o projeto de lei
excludente de ilicitude
Enquanto o
presidente Jair Bolsonaro defende o projeto de lei excludente de ilicitude para forças de
repressão durante operações da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), o Papa Francisco e a Igreja corrigem a sua posição
em relação à pena de morte. Até agora, como se podia ler no Catecismo da Igreja
Católica, em "casos de extrema gravidade" admitia-se que se pudesse
aplicar essa pena. Por que estamos fazendo esta analogia? O projeto que o presidente está preparando para
encaminhar ao Congresso, dar a liberdade para todas as polícias e bombeiros
reprimirem, torturarem e assassinarem todos aqueles que considerarem ameaça
contra a "Lei e a Ordem".
Essa tentativa de Bolsonaro de criação desse projeto
vem com a intenção de torná-lo a face repressiva do Estado contra qualquer tipo
de manifestação que vá contrária aos interesses do seu projeto de governo.
O Papa Francisco
obrigou a Igreja a corrigir a sua posição em relação à pena de morte. Até
agora, como se podia ler no Catecismo da Igreja Católica, em "casos de
extrema gravidade" admitia-se que se pudesse aplicar essa pena. O Papa
Francisco mandou corrigir o artigo 2667 para que fique claro que o discurso
oficial da Igreja não aprova, em nenhuma circunstância, que se tire uma vida. Jamais a Igreja poderia aprovar esta política de
legalizar o genocídio contra o povo pobre e em especial o povo negro; e a mão
repressiva que irá calar e destruir qualquer tipo de manifestação de luta
contra a precarização da vida da juventude e da classe trabalhadora.
O Papa lembra os
católicos, que "a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que "a pena de
morte ou a autorização para matar é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade
e dignidade da pessoa" e empenha-se com determinação a favor da sua
abolição em todo o Mundo". Esta formulação integra uma citação de um
discurso do Papa Francisco em 2017.
Este é, na verdade, um
passo que leva a Igreja a ser mais fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo no
Evangelho e a estar mais de acordo com a sua práxis, a qual preferia vincar a
imagem de um Deus misericordioso, em vez de um Deus justiceiro e castigador. Se os Bispos não se levantarem contra este
crime e justificarem a lei
excludente de ilicitude, estarão cometendo o mesmo pecado quando a Igreja foi infiel ao Evangelho," quando
defendeu a pena de morte. Só agora, ao considerá-la "inadmissível", a
Igreja fez a passagem do Antigo para o Novo Testamento.
Ao
rever a sua posição, ainda que muitos anos depois do desejável, por fim a
Igreja Católica atreve-se, neste campo, a ser cristã. Por fim, tem a ousadia de
acreditar no Evangelho, com o que implica de fé na vida e de superação de um
tipo de lei punitiva marcada pela lei do talião do olho por olho e dente por
dente.
De
fato, quem aceita e prega a cultura da morte não acredita no Evangelho, nem no
Deus misericordioso. A questão é que
esta não é uma forma cristã de encarar a vida e a condição humana. Pelo
contrário, esvazia completamente e retira qualquer sentido à entrega de Jesus
na cruz, que veio para salvar o que andava perdido e demonstrar que há
"mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa
e nove justos que não necessitam de conversão" (Lc. 15, 7).
Padre Carlos
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domingo, 24 de novembro de 2019
ARTIGO - O papel fiscalizador dos nossos Vereadores (Padre Carlos)
O papel fiscalizador dos nossos
Vereadores.
Diante de tantos problemas que a cidade vem
enfrentando, nunca é tarde demais, para lembrar aos representantes do povo, que
o papel principal do vereador é fiscalizar. Quando exerce seu mandato, o
vereador está de alguma forma ajudando o prefeito administrar o município;
desta forma, o ato de a fiscalizar não significa necessariamente uma denúncia e
pode ser exercido também pela bancada de vereadores que apoiam esta gestão.
Seria uma
injustiça da nossa parte se generalizasse aqui todos os vereadores, sabemos que
existe no nosso parlamento pessoas sério e preocupado com a nossa cidade.
Quando o legislativo, passa
a não cumprir suas funções, deixa um vazio na esfera do poder e abre espaço
para o Ministério Público assuma este trabalho tornando-se assim, protagonista
do processo e isso pode gerar um desgaste muito grande entre o MP e as
autoridades que não é salutar para a democracia. O parlamento precisa se adequar
aos novos tempos e diante disto, é necessário entender o novo posicionamento do
Ministério Público, que vai exigir uma atuação mais fiscalizadora dos
parlamentares e o vereador que não fiscalizar poderá ser cassado por ato de
improbidade administrativa por omissão. Além disso, a ineficiência
traz prejuízo para a cidade pelo volume de recursos que se perde e a voz das
ruas pede um poder público mais eficiente
Por que estamos levantando estes
questionamentos em relação aos nossos representantes? Na verdade, já faz algum
tempo que estamos constatando que o nosso Legislativo vem passando por um
processo de acomodação e diante de tantos problemas que a cidade vem
enfrentando, não podemos mais nos calar. A quantidade de denúncias que os órgãos
de impressa da nossa cidade vem levantando precisa ser analisada de forma que o
Ministério Público possa tomar conhecimento e fazer um levantamento mais sério
destas matérias. Temos a obrigação de resgatar a
verdadeira função desta casa, para cumprirem o seu papel fiscalizador, sob pena de responderem por omissão, caso não fiscalizem
as ações do prefeito
Para o menos avisado, a
principal arma do parlamentar é o requerimento, onde pode solicitar qualquer
informação ao Prefeito sobre a Administração Municipal. Ela vai mais longe e
enfatiza que os vereadores que votarem contra qualquer requerimento poderão
responder por isso, caso não tenha um motivo justificável. Simplesmente por não
aprovar, esses vereadores poderão ser processados e questionados porque estão
impedindo o trabalho dos seus colegas.
O Ministério Público é a última
fronteira entre a barbárie administrativa e a civilização. Por isto não entendemos
porque vários casos alvos de denúncias no Ministério Público ainda não deram
resultado: “caos da saúde, caos do transporte público, caos da Educação e
diversas áreas”. “Doutora Ediene ficou de propor à Doutora Guiomar que se
realize aqui um mutirão para que essas denúncias tenham mais celeridade.
Precisamos voltar acreditar nas Instituições e para isto, é preciso que seja
apuradas todas as denúncias de improbidade administrativa e nepotismo contra o
prefeito Herzem Gusmão e que sejam verdadeiramente investigadas.
Padre Carlos
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quinta-feira, 21 de novembro de 2019
ARTIGO - Aristides, o Justo e Lula (Padre Carlos)
Aristides, o Justo
e Lula
Aristides
foi um funcionário público ateniense conhecido por sua honestidade, justeza e
bondade. Em Atena, assim como no Brasil, não é fácil ser Aristides na vida
pública. Entre dezenas de dirigentes da democracia ateniense, no séc. V a.C. era
o único homem público que jamais alguém colocou em dúvida suas ações. Era de
forma reconhecida, um homem honesto, íntegro, sério, digno de uma conduta
ilibada em toda sua
gestão pública. Conhecido pelos atenienses como: prostatai tou
demou, “Protetor do povo”. Sempre condenou fazer do cargo público uma fonte de
renda. Plutarco registra em sua obra Vida de Aristides, que ele morreu pobre,
enterrado à custa do erário público.
O
que está aqui em questão não é se ex-presidente do Brasil é honesto, bravo,
justo e bondoso como foi o Aristides de Atenas, apesar dos seus algozes até o momento não conseguiram provar
nada que comprometa sua liderança junto ao seu
eleitorado. Mas todos, dizem que "nunca antes neste país" houve um
presidente como Lula. Acredito que boa parte da população que queria que Lula
não saísse da cadeia, defendia o ostracismo dele apenas porque não suportava
mais ouvir tantos elogios e reconhecimento mundial no que diz respeito ao
combate da fome e a pobreza.
No
mundo em que vivemos hoje, globalizado e vigiado, é cada vez mais difícil
esconder alguma coisa do grande público. A vida privada se tornou bastante
pública. Temos vigilância no nosso trabalho, nas ruas, nas repartições públicas
e privadas. Assim como fala o Livro Santo, foi revelado esta semana, que o juiz Mouro se encontrava
com o representante do atual presidente antes das eleições. Já os membros do Ministério Público, negociava suas palestras
com empresas envolvidas na Operação Lava-Jato.
Um
presidente que governou por dois mandatos este país, ao termino da sua gestão,
retorna para o mesmo apartamento de classe média que adquiriu há vinte anos atrás,
não poderia ser tratado de outra forma como o nosso Aristides o Justo.
Padre Carlos
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Zezéu Ribeiro
Zezéu Ribeiro
Shakespeare
(O mestre maior das paixões humanas) escreveu que “quando alguém morre, a sua
bondade é também enterrada com ele”, o que não ocorreu com meu amigo Zezéu pois
a sua bondade permaneceu desinteressadamente, sua bondade através de sua
humildade, sua capacidade de agregar os amigos, sua coragem como militante e
político, ajudou o PT da Bahia a se tornar um partido viável eleitoralmente.
A sua risada
muito característica durante as conversas era um espelho de sua bondade, de sua ausência de maldade. A sua morte
faz lembrar que quando morre um companheiro de luta como este, o PT também
morre um pouco e como disse o poeta inglês: “a morte de alguém sempre me
diminui pois faço parte da humanidade.
Tive oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles meninos. Coordenei sua campanha em 1990. Meu amigo partiu em 2015, se estivesse vivo estaria fazendo hoje 70 anos.
Tive oportunidade de conhecer Zéu, Doia e Pola e criar uma amizade com aqueles meninos. Coordenei sua campanha em 1990. Meu amigo partiu em 2015, se estivesse vivo estaria fazendo hoje 70 anos.
José Eduardo Zezéu Vieira Ribeiro (Salvador, 21 de novembro de 1949 — São Paulo, 25 de fevereiro de 2015)
Padre Carlos
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