terça-feira, 26 de novembro de 2019

ARTIGO - A narrativa dos pobres (Padre Carlos)



A narrativa dos pobres



Escrever pra mim é antes de tudo, um testemunho e um gesto solidário, para que possa dar notoriedade a vidas a personagens que são excluídos pelo sistema. Estas pessoas e suas histórias, são como o ouro misturado ao barro, ainda que não seja notado, nem apanhado ou devidamente reconhecido, nunca perde o seu valor. Dá uma existência àqueles que foram esquecidos pelo tempo, trazê-los de volta à vida com seus desejos, suas fraquezas... e sua coragem, sempre será nosso objetivo.
A filosofia e a teologia, me deram acesso a toda complexidade da alma humana, eu busco descobrir a bondade e o mal que existe no homem. O covarde e o herói. É com esse paradoxo que busco nutri minha escrita, os meus artigos e as minhas observações. Não se trata só de conjuntura política, a abordagem quando leva em conta o ser humano, tem que  transcender o  mundo da militância. Mesmo que não seja minha intenção, não posso evitar que meus artigos não sejam escritos dentro de uma visão mística, apesar de não está exercendo o ministério sacerdotal, esta formação que recebi, sempre me lançará para um certo olhar sobre o mundo buscando uma dimensão humana e cristã da realidade.
O papel do articulista é dar voz e visibilidade a todas aquelas pessoas que foram esquecidas e abandonadas pelo poder público e pela iniciativa privada do nosso país ao longo dos anos, os excluídos da sociedade de alguma maneira, é o nosso único e exclusivo objetivo. Sejam eles (as) vítimas da violência urbana e policial ou das desigualdades desse sistema político e econômico que concentra renda e riqueza,  promovendo assim, o desemprego e a miséria.
 Sei que um dia, todos nós seremos esquecidos, esta é a lei natural, mas o que dói mais neste mundo, não é ser esquecido, mas ser ignorada, é como se estivessem apagando a existência destas pessoas em vida.  De fato, ser humano significa ser racional, mas, no meu entender, a humanidade está cada vez mais irracional. A violência, a intolerância, a maldade, a mesquinhes cresce a cada dia. A inversão de valores é gritante a cultura de morte ganha cada vez mais adeptos e o mundo fica cada vez mais excludente para os pobres.
Nos últimos dias venho pensando como é gratificante escrever, como fico feliz e grato ao bom Deus, por poder reescrever aquilo que muitos tentaram apagar! Nossos netos vão perguntar um dia, onde estão as narrativas das lutas   das mulheres, negros e indígenas que não aparecem nos nossos livros de história?  


Padre Carlos

Visite e ajude a divulgar nosso trabalho, partilhando em suas redes.



Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...