quinta-feira, 21 de novembro de 2019

ARTIGO - Aristides, o Justo e Lula (Padre Carlos)


Aristides, o Justo e Lula



Aristides foi um funcionário público ateniense conhecido por sua honestidade, justeza e bondade. Em Atena, assim como no Brasil, não é fácil ser Aristides na vida pública. Entre dezenas de dirigentes da democracia ateniense, no séc. V a.C. era o único homem público que jamais alguém colocou em dúvida suas ações. Era de forma reconhecida, um homem honesto, íntegro, sério, digno de uma conduta ilibada em toda sua gestão pública.  Conhecido pelos atenienses como: prostatai tou demou, “Protetor do povo”. Sempre condenou fazer do cargo público uma fonte de renda. Plutarco registra em sua obra Vida de Aristides, que ele morreu pobre, enterrado à custa do erário público.
    
   Não obstante, foi condenado ao ostracismo, por volta de 483 aC. Consta que, estando como um simples funcionário de forma incógnita na assembléia durante a votação da proposta do seu banimento, dele aproximou-se um cidadão pedindo-lhe o voto contra Aristides, o Justo. Aristides, então, indagou: "Que mal te fez este homem?" Resposta: "Nem sequer o conheço. Todos falam bem dele, todos o chamam de o Justo; mas quero que vá para o ostracismo porque não suporto mais ouvir tanta louvação".
O que está aqui em questão não é se ex-presidente do Brasil é honesto, bravo, justo e bondoso como foi o Aristides de Atenas, apesar dos  seus algozes até o momento não conseguiram provar nada que     comprometa sua liderança junto ao seu eleitorado. Mas todos, dizem que "nunca antes neste país" houve um presidente como Lula. Acredito que boa parte da população que queria que Lula não saísse da cadeia, defendia o ostracismo dele apenas porque não suportava mais ouvir tantos elogios e reconhecimento mundial no que diz respeito ao combate da fome e a pobreza.

            No mundo em que vivemos hoje, globalizado e vigiado, é cada vez mais difícil esconder alguma coisa do grande público. A vida privada se tornou bastante pública. Temos vigilância no nosso trabalho, nas ruas, nas repartições públicas e privadas. Assim como fala o Livro Santo, foi revelado   esta semana, que o juiz Mouro se encontrava com o representante do atual presidente antes das eleições. Já os membros do Ministério Público, negociava suas palestras com empresas envolvidas na Operação Lava-Jato.
      
      Para advogados e juízes ouvidos sobre esta questão, o caso coloca em dúvida a imparcialidade de Moro, agora ministro da justiça do governo liderado por Jair Bolsonaro.  O ministro Marco Aurélio Mello, sublinhou que "a equidistância do órgão julgador tem de ser absoluta". Hoje entendo o que Aristides, o justo queria dizer dos funcionários públicos que fazia do cargo uma fonte de renda.
            Um presidente que governou por dois mandatos este país, ao termino da sua gestão, retorna para o mesmo apartamento de classe média que adquiriu há vinte anos atrás, não poderia ser tratado de outra forma como o nosso Aristides o Justo.

Padre Carlos

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