Francisco
e o diálogo inter-religioso
Quando entrou na Companhia de Jesus, seu sonho era ser missionário no
Japão, este sonho de juventude, nunca escondeu e só não realizou porque os
planos de Deus para Bergoglio
eram outros. A vida não o
permitiu, mas Jorge Mario Bergoglio acabou por realizar em parte, esse sonho, ao
visitar a Tailândia e o Japão, nestes últimos dias. Ao pisar no solo japonês e
visitar as cidades de Hiroshima e
Nagasaki, as duas bombardeadas de forma criminosa, Francisco passa a entender por que a missão é o centro da
sua vocação e diante de tal constatação, envia uma mensagem ao mundo mostrando a
importância fundamental do diálogo inter-religioso. Foi diante destas
constatações, que o Papa condenou como crime imoral não só a guerra nuclear, mas
também a simples posse de armamento atómico.
Desta forma, após retornar da sua visita a Ásia, Francisco, resumiu a
sua estada na Tailândia. "Na Tailândia, prestei homenagem à rica tradição
espiritual e cultural do povo thai, o povo do belo sorriso. As pessoas
estão sempre sorrindo. Busquei incentivar as autoridades na busca de um desenvolvimento
económico que possa beneficiar a todos e que busquem mecanismo para estancar as
feridas da exploração, especialmente de mulheres, de meninas e meninos, expostos
à prostituição e ao tráfico. A religião budista é parte integrante da história
e da vida deste povo, por isso fui visitar o Patriarca Supremo dos budistas,
prosseguindo o caminho da estima recíproca, começada pelos meus predecessores,
para que cresçam no mundo a compaixão e a fraternidade. Neste sentido, foi
muito significativo o encontro ecuménico e inter-religioso, celebrado na maior
universidade do país."
Há muitos anos que o famoso teólogo Hans Küng não se cansa de proclamar
que "não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões" e não
haverá paz entre as religiões sem conhecimento e reconhecimento mútuo e,
consequentemente, diálogo.
Como não podia deixar de ser, Francisco fez do diálogo inter-religioso
uma das marcas essenciais do seu pontificado, e isso ficou bem claro também
nesta visita à Tailândia. Enquanto no sul do país um grave e sangrento conflito
confronta separatistas muçulmanos e forças governamentais, insistiu na
necessidade do diálogo inter-religioso como "serviço a favor da harmonia
social na construção de sociedades justas, compassivas e inclusivas".
Neste contexto de diálogo inter-religioso, Francisco insistiu na sua
mensagem constante: "O missionário não é um mercenário da fé nem um gerador
de prosélitos. A evangelização não consiste em somar o número de membros nem
aparecer como poderosos, mas em abrir portas para viver e partilhar o abraço,
misericordioso e que cura, de Deus Pai, que nos faz família."
Padre Carlos
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