sábado, 21 de dezembro de 2019

ARTIGO - O Natal e o Cristo de Mario Cravo (Padre Carlos)



O Natal e o Cristo de Mario Cravo




O Natal é o grande acontecimento na história da humanidade. Na nossa jornada, ele deve ser um evento diário na nossa vida. É uma pena que não mantemos este espírito natalino no nosso dia-a-dia e desta forma, os natais vão passando despercebidos. Irmão Pascoal, um monge santo que tive o privilégio de conhecer, quando trabalhei no Mosteiro de São Bento, me dizia que temos que apreciar as pequenas coisas, não olhando através de uma tela, mas ao seu redor. Hoje, entendo o que aquele sábio monge queria dizer: os natais acontecem nas nossas vidas, todos os dias, apesar de não percebermos, este grande acontecimento da história.
         Neste período que o calendário litúrgico, comemora o nascimento do Messias, temos que ter clareza que o Natal é fruto de um caminho preparativo, caminho objetivo nas nossas celebrações no tempo do advento, são semanas que antecedem a grande festa do nascimento do Menino Jesus.
         Desta forma, ao constatar a falta de amor, a falta de misericórdias na nossa vida, vivenciamos uma overdose destes sentimentos, como de alguma forma quiséssemos mudar o nosso passado. Se não vivenciarmos o Natal no nosso cotidiano, nada disso terá sentido. É no dia-a-dia, no partir do pão, que o Menino se faz presente, que o milagre acontece e que o Messias se revela. Apesar do esvaziamento do sentido do Natal, o cristão deve fazer este caminho da mistagogia do encontro com Jesus Cristo.
         O Natal não é só o encontro dos meus familiares e as pessoas amigas, mas também com o servo sofredor é através dos que sofrem, é através dos que são perseguidos por causa da justiça, por todos aqueles que passam fome é que eu encontro aquele que é capaz de proporcionar vida plena para os que nele creem.
         Todo este clima natalino, deve ser oportunidade privilegiada, do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Apesar do Prefeito da nossa cidade, preferir a arvore de natal, que o próprio Cristo. Acredito que esta preferência se deva ao fato de Mario Cravo ter homenageado os pobres operários através do Salvador, que passavam por nossa cidade, rumo a São Paulo. Este povo tem horror a pobre, por isto tentou esconder o rosto sofrido do Cristo operário.
         Sei da importância do comercio na nossa região, mas um símbolo sagrado não pode ser substituído pela mera cultura do consumismo. O verdadeiro presente deve ser o Senhor da história, aquele que dá sentido autentico para a vida das pessoas, mesmo sabendo da importância que as celebrações de final de ano representam para as famílias.
      
   No mundo em que vivemos, cheio de violência e de desrespeito aos direitos humanos de grave desmando dos poderes públicos, de falta de testemunho dos próprios cristãos, devemos criar no Natal, este espaço de esperança e demostrar que um Brasil diferente é possível. Para isto é preciso transformar a cultura da violência, transformando as armas em instrumento de trabalho, colocando o projeto de vida, como a meta a seguir.

         Um Feliz Natal e um Próximo Ano Novo!



         Padre Carlos


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

ARTIGO - Memorial ao Coral da Juventude do Mosteiro de São Bento (Padre Carlos)


 

 Memorial ao Coral da Juventude do Mosteiro de São Bento


Muito já se falou da abertura da Ação Católica brasileira e como este movimento foi importante não só para uma geração, mas para mudar através de seus quadros a própria história do país.  O trabalho com a juventude, agrária ou urbana de classe média e operária, teve como base, o trabalho do padre, Cardjin e a JOC belga. Foi através de experiências bem-sucedidas como esta, que os movimentos e pastorais aqui no Brasil, foram criados.

Gostaríamos de ressaltar neste pequeno artigo, o trabalho com a juventude, realizado pelos monges beneditinos do Mosteiro de São Bento da Bahia.

Quem não viveu os anos de chumbo, não tem ideia como este perigo esteve presente não só no imaginário dos nossos jovens, mas como era de fato, uma ameaça constante. Diante disto, o Mosteiro criou entre suas atividades sociais desenvolvidas em 1964, o coro de jovens, como uma forma de contribuir com a formação da nossa juventude.

Assim, chamamos à atenção para o fato da ligação entre a vida espiritual e o canto. Quando alguém busca sua espiritualidade através da música, transforma a melodia em oração e quando mais de uma pessoa está em sintonia com Deus, torna-se o canto coral - envolve tudo que se refere a um coro ou a uma capela, ou seja, a um conjunto de músicos vinculados ao recinto religioso da Igreja. Pode-se afirmar que vários destes textos antigos estabelecem uma ligação entre cerimônias de natureza espiritual, danças religiosas e o canto coral.

Memorial é resgatar a memória é lembrar um determinado dia é fazer com que nós não esqueçamos jamais deste acontecimento e a criação do Coral da Juventude do Mosteiro e São Bento precisa ser resgatado. Este trabalho desenvolvido pelos monges beneditinos, teve um papel fundamental na formação ética, moral e acadêmica de seus membros. O trabalho desenvolvido pelos monges e em especial, Dom Bernardo, criou naquela geração  um senso crítico e proporcionou a criação de uma arte como busca e instrumento de luta por justiça social.

        Entre os componentes do coral, podemos constatar várias gerações de profissionais liberais comprometidos com a transformação da sociedade: professores, enfermeiros, psicólogos, advogados, médicos, atrizes, donas de casa, jovens estudantes e adultos que ingressaram na faculdade muitas vezes com ajuda da instituição.

   
    O agente que traz a esperança e traduz os sonhos as emoções, dores e nostalgias da nossa juventude é sem dúvida o canto e a música. Só através das vozes e das partituras destes anjos, poderemos entender e traduzir todos estes sentimentos. 

Padre Carlos
 

 

 

 




terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Natal, uma teologia literária! (Padre Carlos)




Natal, uma teologia literária!

 

 

Como dizia meu professor de exegese, Padre Wolfgang Gruen, SDB, não se deve procurar, nos contos da chamada infância de Jesus, uma história segundo os moldes atuais, nem ver neles uma estranha biologia divina ou um tratado de astronomia. São muito mais do que um álbum da família de Nazaré, fixado como quadro exemplar de família.

Foi na vida adulta que o Nazareno testemunhou a sua missão. As mais belas representações do Natal servem para mostrar que ele não é um meteorito caído do céu. Nasce e vive segundo o Espírito de Deus, mas como todos os seres humanos. As narrativas sobre o curral em que nasceu, sobre as visitas entusiasmadas dos pastores que não eram frequentadores do Templo, dos Magos estrangeiros, do susto de Herodes, da matança das crianças, da fuga para o Egito e do bom comportamento das estrelas, significam que nasceu na história humana, em data aproximadamente conhecida, à margem dos poderes de dominação, mas aberto ao mundo e aos marginalizados da sociedade e da religião oficial.
Quando se procurou ler esses contos em registo histórico, foi que demos conta da vontade de verificar se foi mesmo assim que as coisas aconteceram. Quem acreditava que eram narrativas literalmente ditadas por Deus infalível tinha de confessar que lhe era exigida uma fé irracional, pois as narrativas não coincidem. Se metermos por esse caminho, acabamos em escandalosos becos sem saída.Talvez seja mais adequado reconhecer esses textos magníficos, que os cristãos vão ler na época natalícia, como obras de literatura religiosa. Merecem ser abordadas como teologia literária e não como teologia escolástica.Neste sentido, tenho uma devoção especial pela imaginação poética de Kahlil Gibran no seu Jesus, o Filho do Homem . Coloca no século XX todas as figuras que tiveram a ver com o mundo de Jesus, para nos dizerem o que as comoveu e que nos continuam a interrogar. Gibran escreveu um novo e antigo evangelho sobre o momento, sem limites de tempo, em que humanidade tomou a mais alta forma humana.
        
Um dos melhores presentes deste Natal, seria entender o significado desta data para uma fé adulta. com certeza seria uma revisão de vida. No entanto, S. João propôs ao velho Nicodemos a sabedoria que nos falta: nascer de novo. Por isso, o nosso batismo, o nosso radical renascimento, é o Natal que nos esquecemos sempre de celebrar, mesmo no Natal.
BoasFestas
Padre Carlos



segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

ARTIGO - O PT baiano pode voar mais alto! (Padre Carlos)


O PT baiano pode voar mais alto!


Parafraseando um grande empresário conquistense, o PT do Nordeste Pode Voar Mais Alto!
Desta forma, a principal base eleitoral do PT, o Nordeste está reivindicando não só,  mais protagonismo na direção nacional do Partido dos Trabalhadores, como a cabeça de chapa se o candidato não for Lula.
       
  A região não apresentou nenhum candidato à presidência da sigla,  já que Gleisi Hoffmann (PR) foi reconduzida ao cargo no mês passado, com o apoio do ex-presidente Lula. As lideranças nordestinas, tem cada vez mais tomado consciência, que precisa de uma organização partidária que transcenda a caatinga e possa compor com os pampas e outras correntes independentes do Sul e Sudeste, uma aliança que possa fazer frente a influência do PT paulistano em relação ao partido nas outras regiões do país. Assim, não restou outra alternativa ao governador e a sua corrente interna chamada Reencantar, do PT baiano, buscar se nacionalizar, este foi o verdadeiro motivo para o evento de Lauro de Freitas, só fortalecendo uma estrutura partidária a nível nacional, o Nordeste será ouvido.
 Mas além da presidência, o rolo compressor foi usado para ficar com a tesouraria para São Paulo e a secretaria de organizações para o estado de Minas Gerais.
A reivindicação do PT do Nordeste e principalmente da Bahia foi  um dos assuntos de pé de ouvido no 7º Congresso Nacional do PT, que reuniu os principais caciques do partido em São Paulo no mês passado.
A entrevista de Rui Costa, ao jornal Folha de São Paulo, colocou na linha direta de sucessão o governador baiano como um forte pré-candidato.
Depois daquela entrevista onde levantava como um erro o PT não ter apoiado Ciro Gomes, no último pleito, vemos agora um novo Rui, com um discurso mais a esquerda e com posições mais definidas. Ao expor seu ponto de vista, exalta a forma conciliadora do presidente Lula e ao divergir de alguma posição do partido, valoriza o legado que os mandatos presidenciais trouxeram para o Brasil.
         Não podemos negar a importância do PT da Bahia, principalmente do Senador Jacques Wagner e da sua relação de amizade com Lula e as lideranças do partido. Por outro lado, não podemos negar, que houve um desgaste das lideranças baiana, em relação as declarações prestadas a imprensa por parte de seus membros. Acredito que com esta entrevista, possamos ver um posicionamento mais eficaz do PT baiano em relação a um protagonismo maior destas lideranças.
         Rui passou a entender, que para reencantar o país, precisa primeiro, reencantar o PT e isto não se dará, se o partido abrir mão do protagonismo do projeto e deixar de ser a força hegemónica da esquerda.
Havendo impedimento da candidatura de Lula, tínhamos três nomes como prováveis candidatos: Flávio Dino, Haddad e Wagner. Com esta entrevista a Folha no dia 14 deste mês, o grupo baiano se fortalece e pode contar com a força do governador do Maranhão favorecendo assim, o Nordeste neste tabuleiro político.
      
   O grande problema nesta engenharia política é saber se o PT paulista vai abrir mão da cabeça de chapa. A máquina partidária dos paulistanos é infalível, só Lula poderia parar.
         Diante desta briga de titãs, vamos torcer para o PT do Nordeste possa voar verdadeiramente, mais alto!


          PadreCarlos


sábado, 14 de dezembro de 2019

ARTIGO - Nostalgia de um padre sem ministério (Padre Carlos)


Nostalgia de um padre sem ministério



Não. Não vou falar da falta que faz o Ministério Sacerdotal na minha vida. Não vou falar das amizades que eu achava que eram minhas e não do pároco. Não vou falar da dificuldade que é reconstruir a vida aqui fora depois de dedicar boa parte da sua vida a instituição. Também não vou falar do preconceito que os próprios leigos têm com os padres que deixaram o ministério. Não vou falar em nada disto porque as crônicas estão cheias destas constatações, os comentários a respeito destes assuntos proliferam, as análises sobrepõem-se e resta aguardar que as mudanças propostas por Francisco se confirmem e esperar que a realidade das coisas nos surpreenda.
Hoje vou falar do sentimento da perda que registei com particular evidência. A exclusão do clero é evidente agora, você depois de alguns anos percebe que aqueles camaradas lhe esqueceram e você não faz mais parte nem do passado delas. Quantos anos morei com aquelas pessoas, dividir o espaço do quarto, da sala, do refeitório e hoje você constata que tudo aquilo não representa mais nada. O carinho que você sente por estes, suas lembranças da filosofia e da teologia, são na verdade seus fantasmas que ficam povoando suas memórias.
A irmandade, a amizades de décadas e as histórias de vida se perderam no tempo, só você é que não percebeu. Mesmo sentindo a indiferença, confesso a vocês que não posso negar que me alegra ao ver aqueles companheiros. É uma geração que vai dando sinal que está envelhecendo e, com ela, um certo jeito de ser Igreja, de se relacionar, de celebrar, de cantar.
No fundo, acho que sublimei o conceito de clero e de presbitério , esse conceito de irmandade, transcende aquele outro mais comum: a de que irmão é alguém com quem temos afinidade, alguma forma de amor não sexual, alguém com quem podemos contar no infortúnio, na tristeza, pobreza, doença ou desconsolo. Claro que isso é também irmandade, mas o sentido profundo desse sentimento desafiador chamado amizade é proveniente de pessoas, conhecidas e que você partilhou boa parte da sua vida, elas podem estar distantes ou próximas, mas com seu carinho, nos levam ao melhor de nós. Precisamos ter a capacidade, de refazer percursos e vidas – privilégio de alguns, poucos, abençoados – hoje fui tocado pela orfandade, fiquei mais frágil e desamparado nesta época estranha em que a imagem dos que partiram realmente destoava.
Dei por mim a ouvir obsessivamente Cohen. Como se eu quisesse reencontrar um mundo que parece ter acabado. Como se conseguisse rebobinar a vida e reencontrar-me com uma certa forma de ser e de estar que estes últimos 30 anos de tanta voracidade consumiram. E ressuscitar tempos, valores, sentimentos, modelos de sociedade que sucumbiram a esta loucura cujo destino ignoramos, mas tememos!

Padre Carlos


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

ARTIGO - A eclesiologia do Pe. Alberto Antoniazzi (Padre Carlos)


A eclesiologia do Pe. Alberto Antoniazzi



Uma das  Frases emblemáticas do início do século XX,  que  mais animaram o debate teológico, foi sem dúvida nenhuma : "Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio foi a Igreja."
Hoje me deu saudade de Belo Horizonte e dos meus formadores, tive oportunidade de conhecer a eclesiologia pelas mãos do Pe. Alberto Antoniazzi e confesso aos senhores que aprendi muito com aquele milanês sobre a Igreja e como este projeto foi se afastando da proposta dos Apóstolos e do Salvador. Sempre mostrando o caminho e afirmando que a Igreja não era lugar de pompas, privilégios nem toque de majestade, ensinava a seus alunos que deveríamos retornar à simplicidade límpida e transparente da fonte evangélica, onde a água é mais cristalina. Abria as nossas mentes para as páginas contundentes dos relatos bíblicos, notadamente os livros proféticos, onde o Deus de Israel, no Antigo Testamento, privilegia com clareza “o pobre, a viúva e o estrangeiro”. E o Pai de Jesus Cristo, no Novo Testamento, mostra predileção particular pelos “pobres, oprimidos, prisioneiros, indefesos, prostitutas, excluídos, pecadores” – como o Bom Pastor que deixa as noventa e nove ovelhas para ir ao encontro daquela que se perdeu.
Desta forma, aprendemos com este grande teólogo, que  Jesus queria a Igreja enquanto povo de Deus, não uma Igreja instituição de poder e clerical como presenciamos não só no período da cristandade, mas até hoje com esta estrutura, com duas classes: de um lado, a hierarquia, o clero, que ensina e que manda em nome de Deus, e, do outro, os leigos, os que obedecem. Veja-se o significado da palavra leigo no Aurélio: sou um "leigo", com o sentido de incompetente, ignorante. Ou a expressão referida aos padres, quando lhes é retirado o ministério: "foi reduzido ao estado laical", com o sentido implícito de ter perdido o privilégio de clérigo. Na Igreja, segundo Jesus, há ou deveria haver uma igualdade radical e, consequentemente, nela deve reinar a fraternidade, a igualdade e a liberdade. Evidentemente, uma vez que há muitos cristãos e católicos, terá de haver alguma organização, algo institucional, mas a instituição tem de estar ao serviço da Igreja povo de Deus, e não, sacralizar-se, dando a si mesma atributos divinos. Aliás, Jesus disse: "Eu vim não para ser servido, mas para servir." Na Igreja, há serviços, ministérios.
O que se passou e passa é que a hierarquia, padres e bispos, sacralizaram-se, atribuindo-se a si mesmos privilégios sacros ao serviço dos quais estaria o próprio celibato. Eles trazem Cristo à terra na Eucaristia, só eles perdoam os pecados, e formam uma espécie de casta à parte, como diz a própria palavra clero, são ministros, mas ministros sagrados... O padre é alter Christus (outro Cristo). Isso foi de tal modo interiorizado pelo comum dos católicos que há constantemente o perigo da deriva para o clericalismo. Me lembro que minha geração achava, e os jovens padre até hoje pensam assim, se foi ordenado, tem direito a uma forma de reverência, isto é um erro, de que alguns padres não hesitam em abusar.
O mundo está cheio de heróis sem capa, pessoas que dedicaram sua vida a criar uma Igreja mais humana, teólogos, professores e padres que todos os dias fazem a diferença ao deixarem seu país sua cultura e jogar-se nas mãos de Deus. Os padres que Pe. Alberto Antoniazzi  ajudou formar o olham com admiração, mesmo os que se perderam no caminho acabam por reconhecer o seu valor em algum momento. Só uma grande alma poderia se despedi no dia de Natal. Este ano completa quinze natais sem o padre Alberto Antoniazzi  e nosso objetivo é resgatar a memória deste grande teólogo. Receba meu amigo e professor, esta simples    homenagem.

Padre Carlos


domingo, 8 de dezembro de 2019

ARTIGO - A Guarda Municipal e o seu caráter eleitoreiro (Padre Carlos)


A Guarda Municipal e o seu caráter eleitoreiro






O Prefeito da nossa cidade, enviou para a Câmara Municipal o projeto de lei complementar 07, de 2019, que institui a Guarda Municipal de Vitória da Conquista. A criação desta força foi um dos compromissos de campanha da atual gestão e prevê o aproveitamento dos 350 agentes de segurança patrimonial.
A proposta do prefeito Herzem Gusmão, é casuística e visa apenas o pleito de 2020. A matéria tem apenas caráter eleitoreiro, e por isso veio à tona com tanta rapidez, atropelando a soberania da casa legislativa e colocando uma faca no pescoço dos vereadores para aprovar o projeto. O objetivo do prefeito com a propaganda antes mesmo da aprovação desta matéria é criar um fato político para dar início a sua campanha de reeleição e enganar a população com o ilusionismo da segurança pública.
Esta proposta de criação da Guarda Municipal não pode ser aprovada a toque de caixa porque interessa ao prefeito para se reeleger, não é desta forma que se resolve a questão da segurança na nossa cidade. Gostaria de perguntar aos vereadores que estão pensando em votar nesta proposta irresponsável e sem estrutura alguma se, em uma troca de tiros com óbito do bandido, o guarda será preso na cadeia comum. Para servir, no mínimo, de saco de pancadas? Há convênio com o estado para prisão especial? Desta forma chamo atenção da população como estão tratando uma questão tão complexa como esta.
Os Agentes Patrimoniais municipais têm como função a proteção do patrimônio público e, para tanto, não necessitam de armamento de fogo. As alterações que o projeto quer implantar no âmbito destes profissionais, têm como finalidade ampliar a área de atuação desta classe, justificando assim, o aumento do efetivo e uma nova função pela qual estes profissionais não fizeram o concurso. Além disso, gostaríamos de saber quem fez o levantamento de custos para implantação da Guarda Municipal na cidade, quanto custará aos cofres públicos este projeto?
A Câmara de Vereadores deveria realizar, uma Audiência Pública para discutir a criação da Guarda Municipal armada de Vitória da Conquista. Só com uma discursão de forma exaustiva junto à população, poderemos levantar os pontos a favor e contrários à criação desta Guarda e poderemos conhecer outras alternativas que não exonere as finanças municipais, que não aguenta mais a farra com o dinheiro público. Precisamos de fato proteger a população em relação à segurança pública, mas não podemos comprometer nossa arrecadação com serviços que poderiam ser exercidos pelo governo do estado.
Num momento de crise que o país atravessa e diante da queda de receita, temos que chamar atenção dos poderes públicos sobre esta questão. É realmente necessário uma guarda municipal, já que temos a PM, para nossa segurança? Para proteger nossos patrimônios públicos, basta o trabalho que os valorosos agentes patrimoniais vêm exercendo e as rondas como vem sendo realizadas.


Padre Carlos


ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...