Os
mitos sobre as privatizações nas comunicações
Outro dia um amigo está conversando sobre as
vantagens das privatizações nas comunicações, discursava como se todo o mal que
se abateu a este setor com a reserva de mercado, fosse causado pelas empresas
estatais. Segundo sua linha de raciocínio,
só alcançamos os avanços que hoje desfrutamos, porque houve abertura do mercado
para as multinacionais deste seguimento.
Quando ouvir aquele testemunho vazio e
desprovido de argumentos técnicos e a falta de conhecimento como era as
comunicações, compreendi a pobreza histórica desta juventude. Como éramos
carentes de tecnologia na época em que as empresas estrangeiras exploravam este
setor.
Assim, com o Golpe de 1964, os militares passaram
a pensar em uma política de comunicação. Retirar este setor das mãos das empresas
estrangeiras era uma questão de segurança nacional. Pois até então, o setor de
telecomunicação era controlado pelo setor privado. Diante disto, em 1965 foi criada a Empresa
Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL), para assumir o controle das
concessionárias privadas e os serviços nacionais e internacionais das
multinacionais. Mesmo com toda política de segurança nacional e capital para
empreender este projeto, só no início da década de setenta, o governo consegue
o controle total das comunicações.
Me lembro da empresa americana que prestava
serviços de radiotelefonia interurbana e com o exterior, através da Companhia
Rádio Internacional do Brasil (Radional). Suas torres eram localizadas onde hoje
se encontra o Parque Júlio Cesar, no bairro da Pituba. Para os menos avisados,
quando precisávamos fazer um interurbano para outro estado, tínhamos que
requisitar pela manhã para conseguir na parte da tarde. No horário marcado, a
telefonista ligava para sua casa e completava a ligação. Este era o serviço
prestado pelas empresas estrangeiras.
Já o serviço de
telegrama, pertencia à empresa britânica WESTERN TELEGRAPH, responsável pela
transmissão de telegramas. Era usado pelos brasileiros que não tinha acesso ao
telefone. Levava vinte e quatro horas para chegar ao destino e era considerado
um dos serviços mais rápido do seu seguimento.
Olhando para traz,
podemos constatar que não foi a abertura do mercado para as multinacionais, mas
sim, as novas tecnologias que proporcionaram toda esta revolução.
Padre Carlos