Caros leitores, Nosso blog enfrenta dificuldades financeiras e risco de encerramento. Faça uma doação pelo pix 77988585850 ou compartilhe este conteúdo.
quarta-feira, 3 de junho de 2020
ARTIGO - A filosofia e a pós pandemia (Padre Carlos)
A filosofia e a pós
pandemia
Outro dia
um jovem me perguntou com filosofar dentro de um contexto de mundo infectado
pelo covid-19? Pensei bastante e mesmo sabendo que iria fugir do tema que tinha
proposto a falar, respondi aquela pergunta e acrescentei nova temática para
minha fala.
Filosofar
é ser aliado da paz, amigo da virtude e companheiro fiel da justiça. Desta
forma, acredito que a filosofia é uma das disciplinas que podem ajudar a
entender a atual situação do mundo
globalizado e terrivelmente ameaçado pelo coronavírus. Sabemos que a
globalização tem sido sobretudo tecnológica e econômico-financeira no quadro do
neoliberalismo, é urgência maior pensar numa governança global (não digo um
governo mundial, mas um comando global), para que o império da força da lei
ponha limites ao império da lei da força do mais forte. Na presente situação de crise global, vários polos
do planeta se aliam já com intenções de domínio imperial global, a pandemia
acabou por agudizar a tensão e a rivalidade entre a China e os Estados Unidos -
e, neste contexto, pensar no diálogo multicultural e inter-religioso, em ordem
à paz, à justiça, a uma atitude nova de respeito e cuidado da natureza, a nossa
casa comum, a uma vida menos centrada no consumo imoderado, no ter, e mais no
ser, nesse milagre que é ser, existir e conviver, também faz parte da
filosofia.
Nestes tempos de pandemias, cada vez mais tomamos
consciência disso -, quando percebe-se que o que tem de unir os seres humanos é
a justiça, o amor, a solidariedade, a fraternidade, o respeito pela igualdade
na diferença e pela diferença na igualdade, os seres humanos, todos, voltaram a
encontrar-se e entenderam-se.
O mito da hegemonia americana do pós guerra tem perdido nos
últimos tempos seu papel de mediador. Não podemos esquecer que o poderio
militar nem sempre está ligado a liderança econômica que este símbolo traz, mas
o mito transporta consigo uma verdade fundamental, "dá que pensar",
como escreveu o grande filósofo do século XX, Paul Ricoeur.
O mundo do
pós-guerra mudou, e aquela realidade bipolar que emergiu da guerra fria não
existe mais. A nossa vida mudou muito com os avanços tecnológico,
principalmente nas áreas das comunicações e da robótica, por isto é impossível
não aceitar essa nova realidade. Mudanças que o mundo levaria décadas para
passar, que a gente levaria muito tempo para implementar voluntariamente, a
gente está tendo que implementar no susto, em questão de meses. É aí que o
filósofo termina encontrando seu objeto de estudo, para que possa interpretar e
buscar entender que mundo novo é esse. Este é o papel da filosofia neste
momento tão difícil para a humanidade. São estes pensadores que ao teorizar
esta realidade pós-coronavírus, ajudará outros profissionais para nos prepararmos
para o que vem por aí. Porque uma coisa é certa: o mundo não será como antes.
.
.
terça-feira, 2 de junho de 2020
ARTIGO - Pequena análise de conjuntura (Padre Carlos)
Pequena análise de conjuntura
Sempre alguém me pergunta se estamos vivendo em um Estado
Fascista e se existe a possibilidade de isto vir acontecer. Assim, resolvi
escrever sobre o assunto e como avalio a atual conjuntura. No Brasil de hoje é improvável um Estado
fascista, mesmo que generais de extrema-direita estejam ao redor do presidente,
porque a formação ideológica restrita da maioria da sociedade civil, não
respalda essa possibilidade. Os contextos externos e internos também não são desfavoráveis
a aventuras como esta. Podemos dizer que estamos caminhando a passos largos, para
um Estado fora da lei, ou poderia ser, um Estado policialesco, ou quem sabe, um
Estado miliciano. Mas, uma coisa eu tenho certeza, qualquer que seja o Estado,
será sempre aquele que sirva aos interesses de uma família, de um grupo, de uma
ideia de “limpeza” social que se concilie com a ocultação dos malfeitos do
governo.
Temos cada vez mais a
certeza, que este projeto tem a pretensão de criar um Estado que atropele a
Constituição, algeme as instituições e tente silenciar a oposição. Por isto,
presenciamos a direita “democrática” querendo formar uma frente para tirar
Bolsonaro e não uma aliança em cima de um projeto de Nação. Este Governo de
extrema-direita já destruiu mais direitos do povo do que a ditadura nos vinte
anos que esteve no poder. Mesmo assim, acredito que antes de sair, este grupo
vai promover estrago tanto financeiro como político, que levaremos muitos anos
para recuperar estas perdas.
Bolsonaro entregou de mão beijada a maior QUADRILHA
DE BANDIDOS CORRUPTOS a estrutura financeira do governo. Foi para as “crianças”
inocente DO CENTRÃO que ele entregou o nosso orçamento que ultrapassa a casa
dos 80 bilhões de reais. Sexta-feira, Bolsonaro entregou o Banco do Nordeste a
um discípulo do réu confesso, preso mais de uma vez por corrupção, Valdemar da
Costa Neto, um dos arquitetos do Centrão. Sim meus senhores, a raposa vai
cuidar do cofre do BNB. Falar dos demais bandidos como Roberto Jefferson, Artur
Lira, Ciro Nogueira, até o padrinho de Herzem, Geddel, o das malas
de R$ 51 milhões, emplacou um ex-assessor no Iphan.
O receio que existe de
enfrentar estas pessoas por parte das forças democráticas não tem sentido e as
esquerdas e os movimentos populares, tem que sair da quarentena política e não
se amedrontar com as frequentes ameaças destes extremistas. Atacar a imprensa e
jornalistas, macular adversários e apontar conspiração inimiga nas instituições
que limitam as ações ilegais parecem parte da estratégia de poder. Ameaçar
descumprir ordens do STF seria, porém, o gesto mais irracional de Bolsonaro.
Não seriam as milícias digitais ou as armadas que dariam segurança a um Estado
fora da lei. Muito menos os generais leais iriam querer ser confundidos. O jogo
de Bolsonaro e seus radicais correria o risco de não suportar uma aposta alta.
Desta forma, sem que
o Brasil se dê conta disso, a noite que cai sobre Brasília está em vias de
obscurecer todo o país. Se não fizermos nada e se, passado o sinal de alerta,
voltarmos às nossas vidas como se saíssemos de uma quarentena, então seremos
todos vencidos. Se vocês que se dizem democráticos não fizerem nada nesse momento
e cruzarem os braços como fizeram na eleição passada, então seremos todos derrotados.
Se não pretendem fazer nada pelo povo, ao menos façam alguma coisa por vocês
mesmo e pelo futuro dos seus filhos.
segunda-feira, 1 de junho de 2020
ARTIGO - Nossa obrigação deveria ser salvar vidas! (Padre Carlos)
Nossa obrigação deveria ser salvar vidas!
Nesta segunda-feira
1º de junho, fica autorizado o atendimento ao público nos
estabelecimentos comerciais da nossa cidade. Vitória da Conquista tomou no início da pandemia,
todas as medidas necessárias para combater o vírus no momento certo e é por
isso que a nossa cidade, ao contrário de outras localidades, não entrou em
colapso e ninguém deixou de ser atendido ou veio a óbito por falta de estrutura
hospitalar até hoje. Por isto, não justifica a o
Decreto 20.323, publicado no Diário Oficial do Município, que estabelece novas
medidas considerando a situação atual em que se encontra Vitória da Conquista.
Segundo
as autoridades da OMS (Organização Mundial da Saúde), O pior da pandemia ainda
não chegou para o Brasil. Por isto, não entendemos o comportamento das nossas
lideranças.
No momento em que o Brasil passa a se encontrar entre os países que
têm registrado os maiores aumentos diários de casos da doença, com transmissão
ainda fora de controle, não justifica tal medida. É por estas razões, que o Conselho de Saúde
da nossa cidade é contra esta medida, eles sabem que o pico do contágio ainda
não chegou, e no momento não é possível prever quando chegará. Até domingo
(31), o Brasil tinha 514.849 casos confirmados de coronavírus e 29.314 mortes,
com 480 novos mortos nas 24 horas anteriores.
Nós deveríamos ter
tomado as medidas corretas com base em dados científicos e motivados pelo crescimento
vertiginoso da propagação do vírus em toda a região do sudoeste baiano. E não
em posicionamentos políticos, ideológicos, mercadológicos ou eleitoreiros. Tem
gente que tem interesses próprios de mercado ou já armou o palanque para
disputas de prefeitos e vereadores e professavam a abertura irresponsável – em
um momento que a doença está em uma curva ascendente – sem preocupar-se com
vidas humanas e com o colapso no sistema de saúde pública e privada que isso
poderá causar neste momento.
Por isto, não justifica o Decreto 20.323, publicado no Diário Oficial do Município, que estabelece novas medidas considerando a situação
atual em que se encontra Vitória da Conquista. Não podemos criar um Protocolo tendo só como ponto
principal à capacidade do sistema de saúde pública para atender a população.
Todo o trabalho conjunto entre poderes público e a comunidade conquistense, controlado
a disseminação do coronavírus no município e minimizado a taxa de progressão da
doença, poderá se perder com esta flexibilização.
sábado, 30 de maio de 2020
ARTIGO - Francisco e o Pentecostes (Padre Carlos)
Francisco e o Pentecostes
Domingo, dia 30 de
maio, neste dia a Igreja lembra e celebra o início da missão da Igreja no
mundo, após os apóstolos terem recebido o dom do Espírito Santo. A Comemoração
de Pentecostes acontece 50 dias após o Domingo da Ressurreição. O Espírito
Santo desceu sobre a comunidade cristã de Jerusalém na forma de línguas de
fogo. Aí todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras
línguas.
Nestes
dias de quarentena minhas orações estiveram voltadas a uma unidade entre a
natureza e o divino. Assim, não pude deixar de reconhecer a profundidade que a
espiritualidade franciscana ensina-nos: obediência a Deus
e à Igreja. Com o passar dos anos e os cabelos brancos como testemunho desta
caminhada, vou descobrindo a necessidade desta ao Senhor. Esta tomada de consciência
traz uma maturidade sobre a necessidade de carregar a cruz e a certeza desconcertante
que ela é pesada.
A vida cristã tem que
passar pela cruz, senão não é cristã. Jesus cumpriu sua missão de obediência ao
Pai carregando a cruz dos nossos pecados e no calvário ofereceu-se pela
humanidade. Um cristão, não deve fugir da cruz. São Francisco de Assis, o
Arauto da Paz, encontrou a razão da sua vida e a força da sua vocação
missionária diante do Crucificado. Portanto, a teologia da cruz está presente
nas minhas orações diária. É nela, na cruz, que a vida dá-se e dela é que a
vida prepara-se para renascer na ressurreição. Esse tempo pascal, que terminou
no Domingo de Pentecostes, ajudou-nos a viver este mistério da vitória do
Cristo.
Francisco,
falando com o Crucificado, ouviu dele um pedido: “Vai, reconstrói a minha
Igreja”. Ele obedeceu! Saiu dali e foi cumprir o pedido do Crucificado,
começando sua atividade evangelizadora e foi atraindo irmãos, com os quais
formou uma fraternidade missionária e ajudou a Igreja a se renovar. Acredito
que foi este o contexto que Jorge Mário Bergólio
vivenciou: “que queres que eu faça?”. O Senhor disse: “ide aos meus
irmãos” aos pequeninos aos que sofrem aos pobres para anunciar o Evangelho da esperança,
apascentar o meu povo com o coração do Bom Pastor, santificar os fieis com os
sacramentos da vida.
O
apóstolo Paulo transmitiu “as decisões que os apóstolos e anciãos de Jerusalém
haviam tomado. E recomendavam que fossem observadas. As Igrejas fortaleciam-se
na fé e, de dia para dia, cresciam em número” (At 16, 4). Eles eram conduzidos
pelo Espírito Santo e iam onde o Espírito levava-os. Por isso foram à
Macedônia. E fizeram muito bem àquela Igreja.
Um jesuíta argentino chegou em Roma porque o Espírito Santo, que governa a Igreja, levou-o para fazer o bem aos seus irmãos. Não fui ele que escolheu a Cúria. Foi o Espírito Santo que convocou-o em nome de Cristo e ele de bom grado veio como Companheiro de Jesus e a responsabilidade de Francisco, com a força do Espírito Santo para reconstruir a Igreja, que o Senhor lhe confiou.
Um jesuíta argentino chegou em Roma porque o Espírito Santo, que governa a Igreja, levou-o para fazer o bem aos seus irmãos. Não fui ele que escolheu a Cúria. Foi o Espírito Santo que convocou-o em nome de Cristo e ele de bom grado veio como Companheiro de Jesus e a responsabilidade de Francisco, com a força do Espírito Santo para reconstruir a Igreja, que o Senhor lhe confiou.
ARTIGO - Quem não é visto não é lembrado (Padre Carlos)
Quem não
é visto não é lembrado
Tem uma
frase que sintetiza muito bem a experiências vividas por algumas pessoas que se sentem
esquecidas: “quem não é visto não é lembrado,”
com esta frase gostaria de começar este nosso texto.
Eventualmente,
alguns padres terminam deixando de exercer o sacramento da Ordem para viverem novas
experiências na sua vida e por afastar-se e deixar de fazer parte do clero,
seja por falta de vocação ou não, terminam aceitando um certo tipo de exílio. Eles
acabam abdicando de um lugar que era inerente a eles. Quando sai, um vazio toma
conta do seu lugar.
Com isso, eles acaba sendo esquecidos aos
poucos pelos outros sacerdotes, mesmo que estes ainda se importem com eles. Sim,
como diz a frase: Quem não
é visto não é lembrado significa literalmente que alguém termina perdendo a
atenção quando se ausenta.
De início
é comum que os companheiros de seminários e a irmandade do presbitério, faça
com que alguns lhe procurem nos primeiros anos, tentando repor a sua ausência.
Contudo, quando um indivíduo se afasta, é bem mais fácil deixá-lo ir do que
tentar mantê-lo. Aos poucos, os companheiros acabam abrindo mão de sua
companhia. Se antes a ausência era um incômodo, hoje ela passa a ser
tolerável.
Da mesma
forma que acontece com a partida, o retorno a igreja também é feito de modo
estranho. As pessoas já se acostumaram com o vazio que a saída destes deixaram
e recebem de forma estranha o seu retorno. Não que vocês não sejam mais
bem-vindo, nada disso. Entretanto, a comunidade de fé termina
tendo que reaprender a ter vocês de volta, o que é desconfortável
para ambos.
Como quem
não é visto não é lembrado, é preciso fazer valer a sua presença e mostrar que a sua história
de vida está ligada aquele grupo. Claro, isso não pode ser feito de qualquer
forma, já que existe um linha que divide narcisismo de companheirismo. Em falar em
companheirismo, a palavra companheiro remete ao latim cum – pane; o seu
significado é comunhão, isto é "o que come do mesmo pão, na mesma mesa.
Sim, comemos do mesmo pão e fomos ungidos no mesmo altar, fomos investidos de
autoridade por meio da mesma unção,
sexta-feira, 29 de maio de 2020
ARTIGO - Estado de emergência e o jogo da fraude e da corrupção (Padre Carlos)
Estado
de emergência e o jogo da fraude e da corrupção
Não há nada melhor para um corrupto do que uma boa oportunidade!
Já diz o velho e conhecido ditado
popular: “a ocasião faz o ladrão”. Afirmando que, de algum modo, a vítima do
roubo ou furto facilitou a ação criminosa. O que queremos chamar a atenção do
leitor é que a fraude e a corrupção “nascem” dentro de um contexto e diante da
atual situação em que se encontra o pais, podemos afirmar que a conjuntura que
se formou com a pandemia, termina criando dois fatores que podem proporcionar
este crime. Um de natureza
objetiva, a Oportunidade, e outro de natureza subjetiva, o Índice de
Integridade e de Motivação do agente – o corrupto – para alcançar esse
propósito.
Do ponto de vista do fraudador,
a fraude e a corrupção são uma espécie de jogos em que participa com um único
propósito. Ganhar sempre e o mais possível!
É como um jogo qualquer, se
busca uma estratégia em função do contexto próprio de cada jogada, analisando e
explorando com muito cuidado e friamente as oportunidades de êxito que elas lhe
oferecem. Não há nada melhor para um corrupto do que uma boa oportunidade!
O contexto de pandemia gerado
pela Covid-19, sobretudo as medidas preventivas que tem sido adotadas para lhe
fazer frente, tem sido também uma grande oportunidade para o aparecimento dos
fenómenos da fraude e da corrupção.
Todos nós recordamos como nas
primeiras semanas se verificou uma falta generalizada de máscaras, de produtos
de desinfecção e de ventiladores nos prestadores de serviço do SUS, e também nas
lojas, e nos fornecedores destes produtos, criando uma busca desesperada e se apropriando
de uma situação em resultado do desequilíbrio repentino entre a oferta e a
procura desses bens, como esse contexto foi de imediato explorado por alguns
operadores de mercado como uma oportunidade para incrementarem de forma rápida
e fraudulenta os lucros com a venda de tais produtos.
Por outro lado, os Estados se
viram confrontados com a necessidade de adotar medidas restritivas dos contatos
sociais, a fim de reduzir o risco de contágio, o processo de confinamento e os
efeitos que ele tem provocado tornaram-se também objeto de fortes e necessários
apoios financeiros. Estes apoios têm procurado assegurar fundamentalmente:
-
A garantia e o reforço da prestação de cuidados de saúde, através do (1)
internamento e tratamento dos doentes infetados, e; (2) do controlo e prevenção
da propagação do surto infeccioso;
-
A existência de campanhas sociais para os desempregados, às famílias e às
empresas, devido sobretudo às situações das medidas que levaram ao confinamento,
e;
-
A necessidade de apoiar a retomada da economia, com particular incidência nos
setores que ficaram mais afetados com a crise.
Não se questiona, nem se pode
questionar, a necessidade e utilidade destas ações! São momentos como este que
nos mostram a importância de um Estado forte e a necessidade da existência destas
estruturas em função dos nossos interesses coletivos! Se existissem alguma
dúvida sobre a importância do Estado, estes contexto em que nos encontramos é suficientemente
fortes para desfazer qualquer discurso liberal.
Mas, claro, todas estas
medidas tem custos financeiros que tem de ser pagos! Nosso objetivo é chamar a
atenção para os órgãos fiscalizador para acompanhar de perto estas despesas.
Não podemos esquecer, que a
pandemia de Covid-19 pressiona prefeitos e governadores a agir de forma rápida
para assegurar a aquisição de insumos necessários ao enfrentamento da doença.
Respiradores, máscaras e demais equipamentos de proteção individual entraram
para a lista prioritária de compras realizadas sem licitação em função do novo
coronavírus. É uma guerra comercial, mas que revela implicações diante dos
valores que são cobrados. Desde abril, investigações por mau uso do dinheiro
público se espalharam por todo o país e por se tratar de verba federal a
polícia federal deverá ser acionada.
Não podemos esquecer, que mesmo diante de tantas perdas fatais
por covid-19, ainda há quem tenha coragem de aplicar golpes contra a
administração pública.
quinta-feira, 28 de maio de 2020
ARTIGO - O espírito de comunidade e o covid-19 (Padre Carlos)
O espírito de comunidade e o covid-19
Quando foi decretada a obrigatoriedade do uso da
máscara facial de proteção para prevenir o avanço da covid-19 no interior dos
estabelecimentos comerciais e nos transportes públicos, passamos entender a
importância destas medidas e o que é mais importante, passamos a ciar uma nova
cultura.
Diante da gravidade do problema e com a intenção do
prefeito de flexibilizar o decreto municipal é necessário determinar que todos os
habitantes do município sejam obrigados a usar máscaras faciais quando saírem
de casa e sempre que frequentar locais públicos.
A decisão de massificar a utilização das máscaras
faciais tem que partir das autoridades, mas está sendo quase um consenso a adesão a este tipo de proteção, que
antecede esta decisão política, que teve por base as pressões que os
empresários desta cidade vem fazendo junto aos poderes público. Estes atos,
colocarão com certeza em risco a ´população de Vitória da Conquista. Não
podemos fechar os olhos para o que vem acontecendo em Feira de Santana, a
segunda maior cidade da Bahia.
O que na verdade precisamos é criar na nossa cidade o espírito de
comunidade inerente ao slogan que promove a ideia do uso massivo de máscaras:
My mask protects you. Your mask protects me (A minha máscara protege-te. A tua
máscara protege-me).
Num tempo em que, muitas vezes, o individualismo se
sobrepõe, em que enfrentamos uma doença para a qual não existe tratamento ou
vacina, mas que nos pode levar a temer e a rejeitar o próximo, esta ideia de
que uma ação individual tem por fim proteger o outro e subjacente a ela tem a
confiança de que o outro me protegerá a mim é uma afirmação cultural.
Esta nova realidade, em que usar máscara e manter o distanciamento, termina sendo para toda comunidade, um tempo de aceitação e de
afirmação de cultura cívica.
O cumprimento das regras de confinamento e de
distanciamento social, a utilização da máscara facial e o cuidado nas rotinas
de higienização são sacrifícios que cada um faz, não apenas por si, mas pela
comunidade, confiando que cada um dos membros desta zelará pela nossa segurança.
Além de colocar à prova a forma como a comunidade
enfrenta e encontra formas de superar esta crise global de saúde pública, esta
pandemia é um teste à natureza da própria comunidade, ou seja, de como os
indivíduos interpretam a sua participação no que é comum.
Para vencer o alto grau de exposição ao vírus que o
prefeito e o seu comitê estará impondo a nossa comunidade a partir de
primeiro de junho, temos como sociedade civil
de educar a população de tal forma que o
uso de máscara precisa passar a ser entendido como um comportamento socialmente
responsável, enquanto, pelo contrário, sair à rua ou usufruir do espaço público
sem qualquer proteção tem que ser entendido como um comportamento antissocial,
um desrespeito para com o outro que constitui um risco para a comunidade.
Este é o teste que a flexibilização do decreto nos
traz e, para superá-lo, é necessário, primeiro, reconhecê-lo como tal e saber,
depois, se estamos dispostos ao salto cívico que temos de dar para sermos uma
comunidade e não, apenas, um conjunto de indivíduos.
Aceitar os imperativos desta realidade de proteção
mútua num contexto de sociedades individualizadas e de baixa densidade social,
é compreender que é preciso preocuparmo-nos com o outro, para que faça sentido
ao outro preocupar-se conosco. Só há uma forma de superarmos uma crise desta
natureza: juntos.
Assinar:
Postagens (Atom)
ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)
A geração que fez a diferença! Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...
-
A Resistência e a Poesia de Chico Buarque Minha geração viveu sob a tirania da ditadura militar no Brasil, mas não se calou diante d...
-
Ciro e a sede de poder Protagonista é a personagem principal de uma narrativa, assim, podemos definir que PT como força hegemonizad...
-
Padre João Cardoso assume a Arquidiocese de Natal Hoje, trago uma notícia que me enche de alegria e esperança. Tomei conhe...