Estado
de emergência e o jogo da fraude e da corrupção
Não há nada melhor para um corrupto do que uma boa oportunidade!
Já diz o velho e conhecido ditado
popular: “a ocasião faz o ladrão”. Afirmando que, de algum modo, a vítima do
roubo ou furto facilitou a ação criminosa. O que queremos chamar a atenção do
leitor é que a fraude e a corrupção “nascem” dentro de um contexto e diante da
atual situação em que se encontra o pais, podemos afirmar que a conjuntura que
se formou com a pandemia, termina criando dois fatores que podem proporcionar
este crime. Um de natureza
objetiva, a Oportunidade, e outro de natureza subjetiva, o Índice de
Integridade e de Motivação do agente – o corrupto – para alcançar esse
propósito.
Do ponto de vista do fraudador,
a fraude e a corrupção são uma espécie de jogos em que participa com um único
propósito. Ganhar sempre e o mais possível!
É como um jogo qualquer, se
busca uma estratégia em função do contexto próprio de cada jogada, analisando e
explorando com muito cuidado e friamente as oportunidades de êxito que elas lhe
oferecem. Não há nada melhor para um corrupto do que uma boa oportunidade!
O contexto de pandemia gerado
pela Covid-19, sobretudo as medidas preventivas que tem sido adotadas para lhe
fazer frente, tem sido também uma grande oportunidade para o aparecimento dos
fenómenos da fraude e da corrupção.
Todos nós recordamos como nas
primeiras semanas se verificou uma falta generalizada de máscaras, de produtos
de desinfecção e de ventiladores nos prestadores de serviço do SUS, e também nas
lojas, e nos fornecedores destes produtos, criando uma busca desesperada e se apropriando
de uma situação em resultado do desequilíbrio repentino entre a oferta e a
procura desses bens, como esse contexto foi de imediato explorado por alguns
operadores de mercado como uma oportunidade para incrementarem de forma rápida
e fraudulenta os lucros com a venda de tais produtos.
Por outro lado, os Estados se
viram confrontados com a necessidade de adotar medidas restritivas dos contatos
sociais, a fim de reduzir o risco de contágio, o processo de confinamento e os
efeitos que ele tem provocado tornaram-se também objeto de fortes e necessários
apoios financeiros. Estes apoios têm procurado assegurar fundamentalmente:
-
A garantia e o reforço da prestação de cuidados de saúde, através do (1)
internamento e tratamento dos doentes infetados, e; (2) do controlo e prevenção
da propagação do surto infeccioso;
-
A existência de campanhas sociais para os desempregados, às famílias e às
empresas, devido sobretudo às situações das medidas que levaram ao confinamento,
e;
-
A necessidade de apoiar a retomada da economia, com particular incidência nos
setores que ficaram mais afetados com a crise.
Não se questiona, nem se pode
questionar, a necessidade e utilidade destas ações! São momentos como este que
nos mostram a importância de um Estado forte e a necessidade da existência destas
estruturas em função dos nossos interesses coletivos! Se existissem alguma
dúvida sobre a importância do Estado, estes contexto em que nos encontramos é suficientemente
fortes para desfazer qualquer discurso liberal.
Mas, claro, todas estas
medidas tem custos financeiros que tem de ser pagos! Nosso objetivo é chamar a
atenção para os órgãos fiscalizador para acompanhar de perto estas despesas.
Não podemos esquecer, que a
pandemia de Covid-19 pressiona prefeitos e governadores a agir de forma rápida
para assegurar a aquisição de insumos necessários ao enfrentamento da doença.
Respiradores, máscaras e demais equipamentos de proteção individual entraram
para a lista prioritária de compras realizadas sem licitação em função do novo
coronavírus. É uma guerra comercial, mas que revela implicações diante dos
valores que são cobrados. Desde abril, investigações por mau uso do dinheiro
público se espalharam por todo o país e por se tratar de verba federal a
polícia federal deverá ser acionada.
Não podemos esquecer, que mesmo diante de tantas perdas fatais
por covid-19, ainda há quem tenha coragem de aplicar golpes contra a
administração pública.
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